O cuidado com a saúde do homem ainda é um desafio no Brasil. Setenta por cento só procuram atendimento médico por influência da família. O dado é do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo. Mais da metade desses pacientes adia consultas médicas. Muitos chegam ao consultório com doenças já em estágio avançado.
Quando o assunto é saúde do coração, os riscos são maiores. Segundo o Ministério da Saúde, homens têm probabilidade de morte até 50% superior às mulheres por doenças crônicas não transmissíveis. Entre elas, as cardiovasculares ocupam posição central.
O cardiologista Carlos Eduardo Suaide, coordenador da cardiologia dos laboratórios Alta, Delboni, Salomão Zoppi e Lavoisier, da Dasa, em entrevista à Carta Capital, alerta para a prevenção.
“É possível identificar sinais precoces de risco com exames não invasivos, tratamentos modernos e mais efetivos para o controle do colesterol e ações personalizadas que consideram, inclusive, a individualização por gênero, já que neste último, os sintomas são diferentes entre os sexos. Nos homens, sinais de alerta como dor no peito, cansaço extremo ou pressão alta; já nas mulheres, os sintomas costumam ser atípicos, como náusea, desconforto abdominal e até dor nas costas, o que dificulta o diagnóstico e agrava os riscos”, afirma.
Pensando nesses riscos, especialistas indicam quatro hábitos essenciais para melhorar a saúde do homem.
Crédito: PeopleImages/Shutterstock
4 hábitos essenciais para a saúde do homem
1. Colesterol deve receber atenção especial
O colesterol é um dos principais fatores de risco cardiovascular. Hoje, exames tradicionais já incluem LDL e não-HDL. Porém, um marcador mais preciso ganhou espaço: a apolipoproteína B (apoB).
Esse indicador mede a quantidade de partículas aterogênicas, responsáveis por entupimentos nas artérias. As médicas Clarisse Ponte, Helane Gurgel e Laura Girão destacam a importância do exame em artigo publicado pela Dasa Educa.
“Apolipoproteína B (apoB) versus colesterol LDL e colesterol não-HDL: Qual o melhor marcador para avaliar o risco cardiovascular?”, escreveram. Para elas, a apoB fornece uma visão mais fiel do risco cardiovascular.
Novas terapias já permitem reduzir de forma significativa o colesterol. Elas são especialmente eficazes em pessoas com alto risco.
2. Atividade física é essencial para o coração
O sedentarismo continua sendo um dos principais vilões. Um estudo sueco acompanhou homens por 45 anos. Os resultados foram claros. Um baixo condicionamento aeróbico aumenta risco de doenças cardiovasculares, diabetes e morte precoce.
A cardiologista Fernanda Erthal, do Bronstein e CDPI, também da Dasa, reforça o papel da atividade física.
“Além de ajudar a controlar a pressão arterial, o colesterol e o açúcar no sangue, o exercício melhora a disposição, o humor e reduz o risco de infarto e AVC”, afirma.
A médica, em entrevista à Carta Capital, recomenda caminhadas, pedaladas, dança ou musculação. Qualquer exercício é melhor do que o sedentarismo. Porém, antes de começar, pessoas com fatores de risco devem realizar avaliação médica. Exames como eletrocardiograma, teste ergométrico e angiotomografia de coronárias são opções seguras. Segundo Erthal, a angiotomografia identifica placas de gordura ou obstruções de forma precoce e não invasiva.
3. Alimentação equilibrada é aliada da saúde do homem
A alimentação interfere diretamente no coração. Diminuir gorduras saturadas, embutidos e frituras ajuda no perfil lipídico. Frutas, vegetais e fibras devem ter espaço maior no prato para garantir mais qualidade de vida. “É preciso ter atenção, porque o peso ideal não diz tudo. O coração pode estar sobrecarregado mesmo em pessoas magras”, explica o Dr. Carlos Eduardo Suaide.
Estudos também mostram que homens ganham peso após a paternidade. Pesquisadores da Universidade de Northwestern acompanharam mais de 10 mil homens por anos. Pais que vivem com os filhos ganharam, em média, dois quilos após a paternidade.
Esse aumento representa de 2% a 2,6% no índice de massa corporal. O ganho está relacionado a mudanças de rotina e hábitos alimentares. O fenômeno preocupa porque o IMC elevado amplia riscos de doenças cardíacas, diabetes e câncer.
4. Saúde mental também protege o coração
O impacto psicológico não pode ser ignorado. Estresse crônico, ansiedade e noites mal dormidas aumentam a pressão arterial. A inflamação causada pelo estresse eleva o risco de doenças cardiovasculares. Um artigo da Journal of Behavioral Medicine relaciona repressão emocional masculina a piores desfechos cardiometabólicos. Além disso, homens têm mais dificuldade em verbalizar emoções, o que amplia riscos silenciosos.
Uma pesquisa das empresas Parents e Verywell Mind mostrou a dimensão do problema. Setenta e cinco por cento dos pais desejam mais apoio em saúde mental. Apesar disso, muitos enfrentam barreiras como estigma e medo de julgamento.
O levantamento ainda revelou que 44% dos homens sentem desconforto ao compartilhar emoções. Apenas 24% conversam sobre saúde mental com amigos. Já 27% nunca abordam o tema. A falta de diálogo também afeta a relação com os filhos. Embora 84% reconheçam a importância do tema, 37% têm dificuldade para iniciar a conversa.
No ambiente de trabalho, 62% citam a renda como principal fator de estresse. Apenas 40% já tiraram um dia voltado à saúde mental. E 30% nunca ouviram falar dessa prática.
A terapia aparece como recurso, mas ainda enfrenta barreiras. Custo e medo de julgamento, mencionados por 25%, dificultam a busca por ajuda. Estratégias como meditação, lazer e convivência familiar também oferecem benefícios ao coração.
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