As oportunidades de investimento no envelhecimento ganham relevância diante do rápido avanço da população idosa no mundo. O aumento consistente da expectativa de vida altera padrões de consumo, pressiona sistemas de saúde e cria demandas previsíveis. Esse cenário vem sendo observado por gestores, analistas e investidores atentos às megatendências demográficas globais.
O envelhecimento populacional, especialmente entre pessoas acima de 65 anos, prevê um crescimento contínuo em saúde e cuidados prolongados. Segundo Ivan Barboza, sócio e gestor da Ártica Capital, em entrevista ao Infomoney, trata-se de uma demanda estrutural. Ele avalia que setores ligados à terceira idade permitem estimativas mais confiáveis de crescimento e rentabilidade.
A previsibilidade é um fator central para investidores em ambientes regulados. Barboza destaca que mesmo mercados altamente regulados mantêm atratividade quando a demanda é recorrente. Esse movimento aparece de forma clara no Japão, considerado referência mundial nesse segmento.
Japão funciona como laboratório das oportunidades de investimento no envelhecimento
O Japão apresenta uma das populações mais envelhecidas do mundo. O país funciona como vanguarda para observar oportunidades de investimento no envelhecimento em escala real. O mercado é estruturado, porém pulverizado, com milhares de unidades de atendimento.
Apesar da pulverização, alguns grupos se destacam. A empresa Charm Care atua exclusivamente no cuidado de idosos. O grupo concentra 104 unidades e apresenta alta taxa de ocupação em seus quartos de cuidado. Esse modelo resulta em retorno sobre o patrimônio em torno de 25% ao ano.
O crescimento ocorre de forma orgânica e por aquisições. Segundo Barboza, a consolidação acelera ganhos de escala. O gestor observa que empresas bem estruturadas conseguem expandir com maior velocidade nesse ambiente.
“Nos próximos cinco anos, a demanda vai crescer cerca de 3,3% ao ano com praticamente certeza absoluta. É um empurrão enorme para empresas estruturadas, que conseguem abrir novas unidades com credibilidade junto aos órgãos reguladores e elevar rapidamente a ocupação de novos estabelecimentos”, afirmou.
Ele acrescentou que aquisições aumentam a rentabilidade quase imediatamente. O modelo reduz riscos e aproveita estruturas já operacionais. Esse tipo de estratégia vem sendo recorrente em mercados maduros.
O tema foi debatido no programa Stock Pickers e a atração foi apresentada por Lucas Collazo. Ivan Barboza participou para analisar investimentos ligados ao envelhecimento populacional no Japão. Durante a conversa, ele também compartilhou experiências em mercados internacionais.
Crescimento da longevidade amplia mercados globais
O envelhecimento não é um fenômeno isolado do Japão. A população mundial alcançou 8 bilhões de habitantes. As projeções indicam que esse número chegará a 9,7 bilhões até 2050. Ou seja, o contingente acima de 65 anos cresce de forma acelerada.
Em regiões como Europa, América do Norte e Ásia-Pacífico, idosos devem representar mais de 25% da população. Esse avanço redefine prioridades econômicas e sociais. Com isso, analistas apontam que a longevidade cria novas frentes de consumo.
Segundo o analista Dr. Damien Ng, da analista da Next Generation Research, a longevidade humana abre espaço para diversos setores. Ele destaca áreas como lazer, bem-estar, planejamento financeiro, beleza, cuidados para idosos e saúde. Esses segmentos tendem a se expandir com o envelhecimento.
O avanço médico contribuiu para esse cenário. Melhores tratamentos, prevenção de doenças e nutrição elevaram a expectativa de vida. A higiene e o acesso à saúde também tiveram papel decisivo nesse processo.
Crédito: LightField Studios/Shutterstock
Saúde e cuidados prolongados concentram demanda crescente
Entre as oportunidades de investimento no envelhecimento, saúde e cuidados prolongados ganham protagonismo. O aumento de doenças crônicas acompanha o avanço da idade média da população. Isso pressiona sistemas públicos e privados.
Serviços médicos voltados a doenças crônicas se tornam mais relevantes. Cresce também a procura por suplementos e programas nutricionais. Equipamentos médicos e produtos farmacêuticos ampliam participação nesse mercado.
A necessidade de assistência prolongada cresce com limitações físicas e cognitivas. Dificuldades de locomoção, audição e memória aumentam com a idade. Esses fatores impulsionam serviços especializados de cuidado.
Dados internacionais ilustram esse movimento. Em Singapura, quase 8% das pessoas acima de 65 anos enfrentam problemas de mobilidade. Cerca de 4% têm dificuldades para cuidar de si mesmas. Esses números reforçam a demanda por serviços assistenciais.
A fragilidade associada à idade frequentemente vem acompanhada de doenças crônicas. Alzheimer, diabetes, problemas cardíacos e osteoartrite são exemplos recorrentes. O envelhecimento impacta diretamente os gastos em saúde.
Planejamento financeiro e consumo ganham novo perfil
O aumento da expectativa de vida afeta o planejamento financeiro. Pessoas precisam sustentar aposentadorias por períodos mais longos. Isso amplia a importância da poupança e dos investimentos de longo prazo.
Produtos financeiros voltados à longevidade ganham espaço. Previdência, seguros e soluções patrimoniais se adaptam a esse novo ciclo já que o envelhecimento altera decisões econômicas desde fases mais jovens da vida.
O consumo também se transforma. Pessoas mais velhas mantêm renda discricionária relevante. Esse grupo passa a priorizar experiências, bem-estar e qualidade de vida.
Pesquisas mostram mudanças claras nesse comportamento. Nos Estados Unidos, 85% das pessoas acima de 50 anos priorizam viagens. Férias lideram as despesas discricionárias desse público. O dado reforça o potencial do setor de lazer.
A indústria global de beleza também permanece resiliente. Avaliada em cerca de 420 bilhões de dólares, segue impulsionada pelo público maduro. Produtos anti-idade mantêm alta demanda em mercados desenvolvidos.
Oportunidades de investimento no envelhecimento estão cada vez mais presentes no lazer e turismo
O envelhecimento não se resume a cuidados médicos. Aspectos mentais e sociais ganham importância crescente. Viagens, atividades recreativas e bem-estar emocional entram no radar dos investidores.
O setor de turismo, por exemplo, mostra sinais de recuperação após a pandemia. A Organização Mundial de Turismo projeta melhora contínua e dados da indústria de cruzeiros indicam retomada gradual dos passageiros.
Embora os números ainda estejam abaixo do período pré-pandemia, o engajamento cresce. Consumidores mais velhos têm papel central nessa retomada. Mais da metade dos passageiros de cruzeiros tem mais de 45 anos.
O público acima de 65 anos representa cerca de um terço dos viajantes. A praticidade e o formato integrado atraem esse perfil. Alimentação, hospedagem e transporte reunidos facilitam a experiência.
Brasil deve seguir tendência global de envelhecimento
O Brasil ainda possui um mercado mais imaturo. Mesmo assim, especialistas apontam convergência com tendências globais. O envelhecimento da população brasileira deve acelerar nos próximos anos.
Segundo Ivan Barboza, o movimento será significativo. “O movimento de envelhecimento da população no Brasil deve crescer cerca de 40% na próxima década. Isso cria oportunidades para setores de saúde, tecnologia e serviços voltados para idosos”, afirmou.
Esse crescimento pressiona políticas públicas e o setor privado. Empresas que anteciparem soluções tendem a ganhar vantagem competitiva. A previsibilidade demográfica favorece planejamentos de longo prazo.
A megatendência do envelhecimento populacional continua moldando mercados. Mudanças nos hábitos de consumo e nas necessidades de cuidado já estão em curso. As oportunidades de investimento no envelhecimento se espalham por múltiplos setores econômicos.
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