'Ansiedade é um excesso de futuro', resume o psicólogo Roberto Debski, diretor da Clínica Ser Integral. É natural que ela surja em momentos de perigo, instabilidade ou mudança. E é o que nos prepara para passar pelo desconhecido.

Mas há momentos em que a tensão natural frente a uma determinada situação se estende. O medo parece tomar uma proporção muito maior do que deveria. O corpo fica rígido, a ponto de ser difícil permanecer com os ombros relaxados. E, o que era para ser um mecanismo de sobrevivência, se torna algo excessivo e desproporcional, levando ao sofrimento intenso.

“A ansiedade é crescente na modernidade, em um mundo em que as coisas são muito superficiais, muito rápidas e com muita quantidade de informação”, sinaliza o psicólogo. Não há como acompanhar, fazer e resolver tudo. Mas, nesse turbilhão de tarefas a fazer, algumas pessoas perdem a noção do presente e ficam paralisadas diante de expectativas negativas.

Ansiedade inclui sintomas físicos, como taquicardia e sudorese, e emocionais, como medo e inquietação

“Essa preocupação gera um grande desgaste de energia, o que tem impacto na vitalidade e em funções orgânicas”, explica. Por muito tempo, vai de um quadro agudo para um crônico. “Isso pode paralisar a pessoa. Há muitas que não conseguem fazer as coisas sozinhas. Não conseguem viver.”

Os sintomas físicos, além da tensão muscular, passam por taquicardia, tremores, dores de cabeça e sudorese. Há ainda quem relate falta de ar, dificuldade para engolir e desconforto abdominal, bem como tontura, vertigem, sensação de desmaio e dor no peito.

Mas há outras manifestações, como medo, angústia e preocupação – sempre com foco em aspectos negativos. A lista é grande e inclui inquietação, opressão, insônia, insegurança, irritabilidade, desconcentração e desrealização.

Em casos mais graves, explica o psicólogo, a pessoa chega a pensar que está enfartando. Apesar de a condição clínica ser boa e de todos os exames apresentarem resultados satisfatórios, a sensação de que algo ruim está acontecendo parece tão real que há quem duvide dos testes realizados. “Já tive pacientes que foram várias vezes ao pronto socorro, eram encaminhados para o cardiologista, recebiam a informação de que não tinham nada, mas não acreditavam.”

Estudo do Reino Unido mostra que o pico de ansiedade é entre os 45 e 59 anos; pessoas mais velhas apresentam maiores índices de satisfação e felicidade

Debski explica que há casos de ansiedade de crianças a pessoas mais velhas. Uma pesquisa feita pelo Escritório Nacional de Estatística do Reino Unido mostrou que pessoas mais jovens sofrem mais desse mal. Ela aumenta progressivamente conforme o passar dos anos.

Pelo estudo, o pico de ansiedade é entre 45 e 59 anos. Depois dessa idade, ele cai – e aumentam os índices de satisfação com a vida e de felicidade. O levantamento foi realizado entre 2012 e 2015 com mais de 300 mil pessoas no Reino Unido.

Há tratamento: com médico e/ou psicólogo, dependendo do caso. Muitas vezes, a orientação é utilizar antidepressivos, que podem ser combinados a ansiolíticos. Os primeiros, em geral, começam a apresentar resultados em cerca de duas semanas. Os outros têm ação mais imediata.

Debski orienta a buscar uma abordagem integrativa, com atividade física, psicoterapia e meditação, entre outros métodos terapêuticos. “Não adianta só tomar remédio. É preciso ressignificar conteúdos emocionais e entender por que ela está se manifestando.”

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