Lidar com o processo de envelhecimento pode ser doloroso para alguns, principalmente na cultura ocidental. E quando existe um medo além do normal relacionado a tudo que envolve a velhice, há até um nome para isso: gerontofobia. Como lidar?

De acordo com Filipe Colombini, psicólogo e CEO da equipe AT, o processo de envelhecimento, assim como a morte, é algo pouco debatido e pouco considerado. “É como se fosse algo que nunca pudesse acontecer. Como se de fato a pessoa só estivesse viva quando tem a fase do desenvolvimento da criança, do adolescente e do adulto”, explica.

Para o especialista, existe um tabu quando se fala em velhice e isso pode levar à gerontofobia. “A gente luta com o envelhecimento pensando em melhorar a aparência física. Os métodos estéticos cada vez mais são investidos para você não mostrar para a sociedade que está envelhecendo e está próximo da morte. E a morte é um tabu assim como o processo de envelhecimento”.

Mulher com gerontofobia

Foto: Aijiro/Shutterstock

Obsessão pela juventude e aparência pode levar à Gerontofobia

A psicóloga e hipnoterapeuta clínica Sabrina Amaral concorda que vivemos em um mundo obcecado pela aparência. A juventude a qualquer preço é enaltecida nesse contexto. Para ela, isso leva as pessoas a associarem o processo de envelhecimento ao declínio da saúde, da capacidade intelectual e produtiva.

“Além disso, criamos inúmeros rótulos. Ser velho é sinônimo de ‘ser frágil’, ‘limitado’, ‘portador de dores e doenças’. Chamar alguém de velho virou quase xingamento. O medo de envelhecer é natural, pois nos lembra sobre a finitude da vida. Este medo passa a ser um problema quando existe algum tipo de prejuízo, em nível psicológico ou social. Ou seja, quando a preocupação por envelhecer atrapalha e prejudica a vida da pessoa”, avalia.

Sabrina afirma que quando a pessoa é acometida pela gerontofobia, existem reflexos no bem-estar físico e emocional. “Os sintomas são similares aos de transtorno de ansiedade e mesclam traços de humor deprimido e isolamento, além de comportamentos compulsivos na busca pelo rejuvenescimento do corpo”.

Algumas situações podem ser gatilhos

Para a psicóloga, algumas situações podem ser gatilhos para a gerontofobia e elas geralmente acontecem na faixa etária dos 30 anos. “Vejamos alguns exemplos: quando uma pessoa não conseguiu atingir um determinado status profissional desejado, quando a pessoa não se casou ou teve filhos, quando não conquistou determinados bens materiais, dentre outras”, cita.

Ela explica que essas situações são reforçadas pelo fato de estarmos vivendo a era da estética, o que distorce completamente a aparência real. Para as mulheres, inclusive, o medo de envelhecer pode ser ainda maior porque os padrões de beleza se tornam inatingíveis. 

“Desde muito cedo as mulheres associam sua autoestima com a sua aparência. Elas sofrem muito quando começam a notar as primeiras rugas. A sociedade costuma ser mais tolerante com o envelhecimento masculino. O homem fica ‘maduro’ e a mulher fica ‘velha e acabada’.”

Quando e como procurar ajuda?

Quando a pressão por ser jovem começa a causar sofrimento e o medo de envelhecer impacta na felicidade, é preciso buscar ajuda. Segundo Sabrina, os primeiros sinais se mostram quando os pensamentos causam ansiedade extrema. 

“Outro aspecto é percebido quando a pessoa começa a ter sentimentos depressivos, já que a perspectiva do futuro é sempre negativa. Isso compromete sua vontade de viver, de fazer planos, de ter experiências agradáveis pois acha que ‘já passou da idade’.”

Para Filipe, é importante ressignificar e entender a vida que se quer seguir. “Como vai ser a vida? Como fazer com que a vida valha a pena ser vivida? Terapia, grupos e redes de suporte são fundamentais para isso”.

Ele afirma que é importante entender como estão as relações afetivas, os familiares, os valores de vida, a rotina, o dia a dia. “O que poderia ajudar é tanto a rede de suporte quanto buscar terapia. Envelhecer e lidar com o envelhecimento e com os processos biológicos que acontecem no dia a dia impactam muito a saúde mental”, diz.

Sabrina reforça que o primeiro passo a ser dado quando a gerontofobia se instalou é ter em mente que envelhecer não é o fim do mundo. Também não é sinônimo de adoecer. “Trata-se de uma fase natural da vida, que pode ser saudável, cheia de descobertas e coisas boas. Todo e qualquer processo que ajude no autoconhecimento e na ressignificação de suas emoções pode ser contributivo”. Ela também sugere a psicoterapia como um caminho mais rápido para ajudar, mas cita outras práticas que podem ser igualmente positivas. Confira.

Práticas para lidar melhor com o medo de envelhecer

  • Encare a velhice como qualquer outra fase da sua vida e rompa com as falsas crenças sobre envelhecer.
  • Pare de idealizar a juventude. Desapegue das lembranças do passado que podem te aprisionar na melancolia.
  • Procure manter sua atenção no aqui e agora. Encare cada dia como uma oportunidade.
  • Evite esconder a idade atrás de procedimentos estéticos e/ou cirurgias. Saiba que seu valor é muito maior que sua aparência ou suas rugas.
  • Crie hábitos de autocuidado para uma vida mais saudável. Cuide da alimentação, faça atividade física, mantenha seus check ups em dia.
  • Conviva com diferentes pessoas e diferentes gerações. Você pode ampliar o círculo de relacionamentos participando de grupos ou clubes.
  • Busque novas atividades que sejam prazerosas e estimulem seus interesses.
  • Desafie-se a aprender algo novo a cada dia. Mantenha um olhar curioso sobre os lugares, as pessoas e as coisas ao seu redor. 

O medo de envelhecer também pode passar por questões financeiras. Afinal, manter o padrão de vida ao longo da vida é importante. Confira dicas de como ganhar Longevidade Financeira com nosso guia!

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