A prática conhecida como golpe do reconhecimento facial tem crescido no Brasil, especialmente contra pessoas idosas. Quadrilhas utilizam fotos do rosto e documentos das vítimas para contratar empréstimos sem autorização. A tecnologia de reconhecimento facial, criada para dar mais segurança, tem sido usada de forma criminosa.

Em muitos casos, a vítima nem percebe que foi enganada. A imagem do rosto passa a ser um dado valioso para criminosos. Com ela, golpistas conseguem acessar sistemas bancários e confirmar operações com aparência de legitimidade.

Fotos roubadas e empréstimos indevidos

Célia Moreno, aposentada, passou por essa situação. Ela foi abordada por duas pessoas que pediram para tirar uma foto. Pensando que era apenas uma selfie, aceitou. Retirou os óculos, ficou séria e posou várias vezes.

“Achava que era uma selfie comigo e com ela. Aí ela mandou tirar os óculos e ficar séria, parada. Ela só falava: ‘Não está indo, não está dando, não foi, não foi’. Eu nem... Tirou umas dez fotos, até uma que bateu lá e deve ter valido”, contou Célia ao Jornal Nacional.

Além das fotos do rosto, Célia também entregou cópias de documentos. Foi convencida de que receberia uma cesta básica. Um mês depois, percebeu que havia um desconto de R$ 600 em seu benefício mensal.

“Quando passou um mês, começou a descontar do meu salário R$ 600. Aí eu fiquei louca”, disse.

O golpe do reconhecimento facial ocorre quando os criminosos usam imagens de boa qualidade para enganar sistemas de segurança. A partir disso, contratam produtos bancários como empréstimos ou abrem contas falsas.

Como funciona o golpe do reconhecimento facial

Segundo especialistas, a foto da vítima precisa ter boa resolução. Os sistemas analisam até 80 pontos da face. Itens como a largura da boca, a distância entre as orelhas e a profundidade dos olhos compõem o que é chamado de reconhecimento facial.

Esses dados, quando cruzados com documentos pessoais, criam uma “assinatura biométrica” mais forte do que a tradicional assinatura no papel. O uso dessa tecnologia facilita operações à distância, mas também pode ser manipulado.

“Hoje, o reconhecimento facial é correspondente ao que antigamente era a assinatura. Muitos desses idosos, por exemplo, estão acostumados com relacionamento com banco somente no caixa ou fila, o banco físico, e não sabem que, se apontar para o próprio rosto, abrir sorriso, olhar para os lados, isso é uma garantia de assinatura mais forte ainda do que se estivesse lá assinando”, explica o especialista em dados Luiz Rodrigo Tozzi ao Jornal Nacional.

Tecnologia de reconhecimento facial por celular para identificar indivíduos. Tela do celular, o rosto de uma idosa sorrindo. Ao fundo, rostos desfocados. Imagem para ilustrar a matéria sobre o golpe do reconhecimento facial. Crédito: Prostock-studio/Shutterstock

Como se proteger de fraudes com reconhecimento facial

As imagens utilizadas em portarias, selfies ou vídeos simples podem ser aproveitadas por golpistas. Por isso, os especialistas alertam sobre a necessidade de cuidado com a exposição da face.

Dicas importantes para evitar o golpe do reconhecimento facial incluem:

  • Evitar fotos em ambientes com boa iluminação e foco no rosto;

  • Desconfiar de muitas tentativas para obter a imagem perfeita;

  • Não retirar óculos, bonés ou acessórios em situações suspeitas.

Além disso, é fundamental limitar o uso da própria imagem em cadastros desconhecidos ou pedidos informais de terceiros. O reconhecimento facial exige mais atenção, principalmente por parte do público idoso.

Especialistas pedem regulação e medidas de proteção

A maior parte das vítimas tem mais de 60 anos. Por isso, há apelos para que o setor público e as empresas de tecnologia adotem regras mais rígidas. A ideia é reforçar os sistemas e evitar brechas que favoreçam golpes.

“A gente precisa olhar para instituições do sistema financeiro, para empresas de tecnologia e para o próprio governo para entender, bom, o que esses atores podem fazer em colaboração para tornar esses sistemas mais robustos e seguros, para que isso não aconteça na prática”, afirma o professor de Direito e coordenador do Instituto Tecnologia e Sociedade, João Victor Archegas.

Bancos afirmam investir em cibersegurança

Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que os bancos investem cerca de R$ 5 bilhões por ano em segurança cibernética. Segundo a instituição, há cooperação com a Polícia Federal, a Anatel e o Ministério da Justiça no combate a fraudes.

O golpe do reconhecimento facial é um desafio atual e ainda pouco conhecido por grande parte da população. Entender como ele funciona é o primeiro passo para se proteger e evitar prejuízos financeiros.


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