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“Eu vivo com meu irmão mais velho. Ele possui 23 anos”, diz, em inglês, uma jovem nervosa sentada em um computador de biblioteca no Rio de Janeiro. “Em vez de dizer ‘ele possui 23 anos’, você poderia dizer ‘ele tem 23 anos’”, ensina Susan, uma sorridente americana de 84 anos. Susan também está em um computador, mas nos Estados Unidos, a milhares de quilômetros da brasileira. 

Bem-vindo à economia colaborativa, um sistema econômico de redes e mercados descentralizados. Ela dá acesso a recursos que são subutilizados, como objetos e experiências, combinando quem tem e quem precisa – e frequentemente ignorando intermediários institucionais tradicionais.  

O projeto Speaking Exchange, do qual Susan e sua amiga brasileira participam, é apenas um dos milhares de exemplos disponíveis para qualquer pessoa com acesso à internet, incluindo adultos mais velhos. 

Plataformas de hospedagem, como o Airbnb – expoente da economia compartilhada – estão conectando viajantes que precisam de um lugar para ficar a quem pode oferecer acomodação temporária. Aposentados podem se tornar donos de “bed-and-breakfast” (quartos em que está incluído o café da manhã) quase instantaneamente.  

A pessoa mais velha que aluga seu carro para vizinhos no sistema de compartilhamento Snappcar tem 80 anos de idade. Uma pesquisa feita em Amsterdã, na Holanda, provou que muitos cidadãos mais velhos estão dispostos a se envolver nessa nova economia, mesmo que ainda não façam parte dela. 

“É justo afirmar que os adultos mais velhos já integram a economia compartilhada” 

É justo afirmar que os adultos mais velhos já integram a economia compartilhada. Atualmente, há um número crescente de mercados online orientados especificamente para essa população. Pense em Browncow, que liga executivos aposentados às novas empresas que precisam de seus conhecimentos.  

Localmente, há muitas plataformas que combinam pessoas que estão dispostas a ensinar algo às que querem aprender de maneira individualizada. E há desenvolvimentos em torno de cuidados pessoais e profissionais, conectando quem precisa de ajuda a vizinhos dispostos a colaborar. Um excelente exemplo é a plataforma de compartilhamento de refeições Shareyourmeal, que liga cozinheiros caseiros a pessoas que já não são capazes de cozinhar. 

Mesmo que as pessoas mais velhas não sejam, em geral, as primeiras a adotar inovações, elas são particularmente bem estruturadas para participar do movimento. Há três razões principais para isso: 1) elas tendem a ter muitos ativos, ou seja, diversos bens que raramente usam e que podem ser compartilhados; 2) elas têm uma riqueza subutilizada de conhecimentos e experiência; 3) muitas vezes, já estão familiarizadas com a economia compartilhada.  

“Muitas pessoas com mais de 60 anos cresceram em um tempo e espaço onde uma economia compartilhada era um modo de vida” 

Muitas pessoas com mais de 60 anos cresceram em um tempo e espaço onde uma economia compartilhada era um modo de vida. De fato, em muitos aspectos, as tecnologias baseadas na web estão trazendo de volta comportamentos que eram comuns há séculos, mas que agora ocorrem em uma escala que não era possível anteriormente (TEDx Botsman, 2010). 

O desafio número um é conectar essa faixa etária à economia colaborativa. Às vezes, será melhor usar um intermediário para ligar demandas e ofertas; outras, apenas orientar as pessoas na utilização desses mercados on-line; e, em muitos casos, serão necessários métodos de ensino e conexão. Assim, é essencial não esquecer de educar as pessoas sobre mecanismos de segurança de informação. 

Clique aqui e leia mais: Abrir a casa para hospedar estranhos é fonte de renda e disposição  

Obviamente, muitos dos mercados descritos neste artigo exigem confiança entre estranhos – outra característica da economia colaborativa. Esse é um desafio geral para todos, mas é extremamente relevante para os mais vulneráveis. Por sorte, e em contraste com a economia de compartilhamento offline, as pessoas podem descobrir antecipadamente com quem farão transações. Em vez do fator de anonimato do “carona off-line” do passado, hoje você pode ler o perfil e as avaliações da pessoa com quem compartilhará um carro. Esse tipo de pré-verificação é outro ingrediente-chave do renascimento dessa economia. 

O preceito número um é que o conceito de pessoas mais velhas e o estigma que as acompanha comecem a desaparecer à medida que essa geração se torna habilitada para agregar valor à sociedade. Imagine seu avô se conectando com o bairro em que mora ao emprestar seus equipamentos pelo Peerby.com, ficando na casa de um casal de espanhol quando estiver viajando através do Airbnb, ajudando jovens empresários pelo Browncow, ensinando online seu idioma nativo ou pessoalmente pelo Konnektid – e depois desfrutando de uma refeição entregue por um vizinho pelo Shareyourmeal.  

Esse é apenas um retrato das oportunidades disponíveis. Com o número de pessoas com 60 anos ou mais de idade crescendo a um ritmo acelerado (superando a marca de 2 bilhões até 2050), essas alternativas para conectar nossos adultos mais velhos a experiências comunitárias significativas merecem ser buscadas. 

Sobre o autor 

Pieter van de Glind é cofundador da shareNL, uma organização holandesa de conhecimento e rede para a economia colaborativa. Graduou-se na Universidade de Utrecht, concentrando seus estudos no potencial do consumo colaborativo. Os resultados foram apresentados e aplicados na Holanda e no exterior.  

Clique aqui e leia o artigo original. 

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