Quem não conhece o famoso tio patinhas, personagem de desenho animado cuja fortuna é guardada em um cofre imenso? Apesar de viver na ficção, tio Patinhas poderia ser muito bem o retrato de alguns idosos que só pensam em acumular  dinheiroEles existem no mundo e são muitos!

Algumas pesquisas relacionadas aos baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964, em meio à forte expansão econômica, mostram que existe uma certa "avareza" presente na geração. Nos Estados Unidos, representam 20% da população e nada menos que 52% da riqueza nacional. Isso significa cerca de US$ 76 trilhões. Porém, gastam muito menos do que poderiam. Pelo contrário, preservar as fortunas ou aumentá-las parece mais importante do que fazer uso delas. No Japão, um artigo dos economistas Yoko Niimi e Charles Horioka mostrou que as pessoas costumam gastar apenas 1% a 3% do seu patrimônio líquido por ano, o que significa que muitos morrem ricos. Como avaliar esse panorama? O que pode haver por trás desse comportamento?

Segundo a educadora financeira Mariliane Chaves Caramão, existem alguns fatores que podem explicar essa necessidade de acumular dinheiro. “A primeira é o aumento na expectativa de vida em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, ela era de 71, anos em 2004, de acordo com dados do IBGE.  Segundo dados mais recentes, está em torno de 76,7 anos. Ou seja, nesse espaço de duas décadas, gradualmente as pessoas estão vivendo mais”, explica.

Outro ponto seria a pandemia, que causou uma série de efeitos, mas cada geração e classe econômica sentiu de uma forma que pode explicar parte do comportamento poupador nos mais idosos. “Além disso, precisamos considerar o custo de vida. Apenas nos últimos 10 anos a inflação acumulou mais de 60%. E o aumento da alimentação e nos planos de saúde afeta diretamente os idosos”, afirma a especialista.

Idoso que só pensa em acumular dinheiroFonte: Michael O´Keue/Shutterstock

Reflexos da avareza em idosos

Quando um idoso só pensa em acumular dinheiro no lugar de aproveitar a vida, pode ser que exista algo errado e que precise de ajuda profissional. “Papa Francisco diz que a avareza é uma doença do coração, não do bolso. Quando reflito a respeito desta frase, me pergunto o que levaria uma pessoa que mesmo tendo dinheiro não sente vontade de aproveitar a vida? É preciso olhar para a vida que ele está levando, os desgastes, as expectativas, as frustrações e todos os sentimentos que fazem com que as pessoas se afastem umas das outras.”, explica Fernando Ribeiro, educador financeiro e sócio fundador da Nortear Educação Financeira.

Ele acredita que a avareza é um estado de apego a bens materiais, sem um propósito em comum. “Acredito que o comportamento de avareza também esteja ligado à sensação de interesse material dos familiares. Pode ser uma forma de o idoso não querer de forma alguma depender dos familiares e parentes financeiramente. E, com este pensamento de escassez, ele acredita que é preciso poupar para não faltar. Infelizmente isto diz muito da relação familiar do idoso”, afirma. 

Só acumular dinheiro pode gerar ambiente hostil

Para Mariliane, a avareza cria um ambiente hostil. “No período em que as pessoas deixam de trabalhar e poderiam se divertir e aproveitar mais a vida, acabam reduzindo a convivência na intenção de evitar gastos financeiros. Entretanto, perdem oportunidades que estimulariam a saúde e a própria longevidade”, diz. 

Ela acredita que para encontrar um limite saudável é preciso adequar uma rotina dinâmica de convivência, saúde e cuidados preventivos, mantendo a segurança financeira. "É uma combinação de presente e futuro, de preferência tendo pessoas de confiança para  orientar", aconselha. 

A educadora financeira ressalta que a saúde financeira acaba influenciando na saúde física e emocional. "Em contraste aos poupadores, que só pensam em acumular dinheiro, há também aqueles que acabam endividados na velhice por conta da manutenção financeira da família. Neste caso, é possível procurar ajuda profissional caso a avareza ou o excesso de gastos passe dos limites". 

Para Fernando, é preciso lembrar que somos seres relacionais, e isso é para a vida toda “Com o passar do tempo, o amadurecimento é formado também por amarguras que terão suas consequências em algum momento da vida. Portanto, viver uma vida alegre e equilibrada faz toda a diferença. Quantos casos de problemas familiares nós conhecemos, e muitas vezes vivenciamos em nossas casas? A verdade é que devemos fazer as pazes com o nosso passado para que nossas ações relacionais no presente melhorem o nosso futuro quando ele chegar”, finaliza. 


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