O cheque, que já foi um dos principais meios de pagamento no Brasil, está perdendo relevância no cenário financeiro. Nos últimos 30 anos, o volume de transações caiu expressivos 95%, conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Esse declínio acompanha a ascensão das soluções digitais, como o Pix, que oferecem maior agilidade e segurança. No entanto, apesar de estar cada vez mais raro, o cheque ainda mantém alguma presença em determinados segmentos da economia.

Em 1995, foram compensados 3,3 bilhões de cheques no Brasil. Já em 2024, esse número despencou para 137,6 milhões. A digitalização dos pagamentos acelerou essa tendência, tornando os cheques mais comuns apenas em cidades menores e em transações comerciais específicas, onde ainda há confiança entre emissor e recebedor.

Cheque ainda tem espaço no mercado?

Apesar da expressiva redução, algumas empresas e consumidores continuam utilizando cheques como alternativa financeira. Fabio Takimoto, assessor técnico da Febraban, destaca que essa modalidade ainda oferece benefícios para determinados perfis de usuários.

“Muitos comerciantes inda preferem receber pagamentos assim, para evitar as taxas das maquininhas de cartão. E há consumidores que não possuem um limite de crédito disponível no banco, e veem no cheque uma alternativa de pagamento que não exige um crédito pré-aprovado”, explica Takimoto, em entrevista ao Infomoney.

Para Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o cheque também representa uma ferramenta útil para o planejamento financeiro de pequenos empresários.

Para o especialista, o cheque permite que empresas programem pagamentos sem comprometer o limite do cartão de crédito. Isso é especialmente vantajoso para microempreendedores que precisam manter o fluxo de caixa equilibrado.

Mãos masculinas entregando um cheque. Crédito: C_Production/Shutterstock

Burocracia e fraudes aceleram o desuso

A queda no uso do cheque não se deve apenas ao avanço dos pagamentos digitais, mas também a fatores como burocracia e riscos associados. O processo de compensação não é imediato e exige deslocamento físico para transformar a ordem em dinheiro. Além disso, o histórico de fraudes contribuiu para a perda de confiança nesse meio de pagamento.

Gamboa pontua que afalsificação e a clonagem eram recorrentes. Esses fatores contribuem para a queda da confiança nesse meio de pagamento.

O futuro do cheque

Os bancos tradicionais ainda disponibilizam cheques, mas sem incentivos diretos. O custo de impressão, transporte de malotes e monitoramento não justificam sua manutenção diante de alternativas mais eficientes e sustentáveis. O foco das instituições financeiras está na digitalização e na redução do impacto ambiental.

Segundo Takimoto, o fim do cheque é apenas uma questão de tempo.

“As instituições já não promovem o cheque como faziam no passado. Hoje, a oferta ocorre mais por demanda do cliente do que por iniciativa dos bancos”, conclui.

O cheque, outrora símbolo de status e credibilidade, caminha para a obsolescência. Sua utilização continuará diminuindo conforme os consumidores e empresas aderirem definitivamente às opções digitais.


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