Um sistema imunológico resistente pode ser o principal fator por trás de vidas longas e saudáveis, de acordo com o cardiologista Eric Topol. Em seu novo livro, “Super Agers: An Evidence-Based Approach to Longevity”, ele investiga por que algumas pessoas envelhecem sem doenças crônicas, enquanto outras enfrentam problemas sérios antes dos 70 anos.
Os chamados “super agers”, ou “wellderly”, são pessoas com mais de 80 anos que mantêm a saúde física e mental acima da média. Eles não apresentam grandes diferenças genéticas em relação a seus pares da mesma geração. O que os distingue, segundo Topol, é o estilo de vida e a resiliência do sistema imunológico.
“Na verdade, são pessoas cujo sistema imunológico tem grande resiliência e os protege das doenças”, afirmou o médico durante uma palestra online.
Topol liderou uma equipe que sequenciou o genoma de 1400 idosos saudáveis. Os resultados mostraram que não há um “gene da longevidade”. O que existe, segundo ele, são padrões de comportamento que fortalecem o organismo ao longo da vida.
Crédito: Bricolage/Shutterstock
Estilo de vida influencia diretamente um sistema imunológico resistente
Um sistema imunológico resistente não depende apenas da genética. O estilo de vida é o fator que mais contribui para manter o corpo em equilíbrio e proteger contra doenças. Os super agers estudados tinham características em comum. Eles praticavam atividades físicas, tinham boa rede de apoio social e nível de escolaridade elevado.
Os principais hábitos defendidos pelo especialista para fortalecer um sistema imunológico resistente são:
1. Praticar treinos de força semanalmente
Topol recomenda atividades físicas com carga, como musculação. Uma metanálise citada no livro mostra que uma hora de treino de resistência por semana reduz em 25% o risco de morte.
Ele também sugere exercícios de equilíbrio. Essa prática reduz o risco de quedas e contribui para a manutenção da autonomia na velhice.
2. Priorizar o sono profundo
O sono é essencial para a saúde do cérebro. Durante o descanso noturno, o organismo remove toxinas acumuladas ao longo do dia. Topol destaca a importância de dormir no mesmo horário todos os dias.
3. Adotar uma alimentação natural e balanceada
Segundo o médico, a dieta ideal é baseada em grãos, legumes, frutas, verduras e carnes magras. Ele recomenda evitar alimentos ultraprocessados. “Nem se dê ao trabalho de ler o rótulo, todos fazem mal”, afirmou.
Sobre o jejum intermitente, Topol é cauteloso. Ele recomenda apenas um intervalo maior entre o jantar e o café da manhã seguinte.
4. Cuidar da saúde mental e social
Relações sociais fortalecem a mente e reduzem o estresse, fator que prejudica o sistema imunológico. Topol recomenda cultivar amizades e buscar o contato com a natureza. Atividades ao ar livre ajudam a manter o equilíbrio emocional.
Sistema imunológico resistente exige cuidados contínuos
Para manter um sistema imunológico resistente, é preciso atenção constante, como à alimentação. Topol também desestimula o uso indiscriminado de terapias antienvelhecimento. Embora reconheça os avanços da reprogramação epigenética, critica clínicas que vendem tratamentos caros sem base científica, como câmaras hiperbáricas e uso de células-tronco.
Outro ponto importante é o bem-estar mental. Relações sociais saudáveis e contato com a natureza são aliados importantes no fortalecimento da imunidade. “Cultive amizades e relações sociais prazerosas. Um método eficiente para manter o estresse sob controle é estar em contato com a natureza", recomenda o médico.
Medicina de precisão e prevenção são os próximos passos
Topol acredita que o futuro da longevidade está na medicina preventiva de precisão. Ele destaca o avanço dos chamados “organ clocks”, que são testes capazes de identificar doenças antes que os sintomas apareçam. Esses biomarcadores analisam o funcionamento de órgãos específicos, permitindo intervenções precoces.
Apesar do progresso, ele lamenta a limitação atual para medir a qualidade do sistema imunológico. “Assistimos ao crescimento do número de casos de câncer em pessoas jovens. Certamente seu sistema imunológico falhou em protegê-las”, disse.
Segundo o especialista, políticas públicas devem focar na prevenção das doenças mais comuns na velhice, como câncer, doenças cardiovasculares e condições neurodegenerativas. Fortalecer o sistema imunológico resistente é uma das formas mais eficazes de atingir esse objetivo.
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