Para garantir sua longevidade financeira, não é preciso ser muito conservador nos investimentos, tampouco ter medo de assumir um certo risco calculado. É possível fazer seu dinheiro viver mais e melhor mantendo uma postura de proteção dos recursos.
“O segredo é manter o apetite para correr risco sempre de mãos dadas com o tempo de acumulação dos recursos. Ambos são essenciais caso aconteça alguma perda brusca. Se você tem um prazo maior até a aposentadoria, é possível se recuperar. O tempo funciona como um seguro para restabelecer ativos e até ganhar ainda mais”, aponta Patrícia Pereira, especialista da Mongeral Aegon Investimentos (MAI).
Falando em seguros, já é possível contratar um que cubra perdas de capital. “Há diversos planos para acumulação de recursos visando a complementação da aposentadoria, compra de bens, estabilidade financeira e planejamento sucessório”, revela Patrícia Costa, gerente de desenvolvimento de produtos da MAI.
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No dia a dia, ensina Patrícia Pereira, o melhor é cuidar bem do orçamento mensal, zerando o passivo e levando em consideração as despesas pessoais para não cair no cheque especial só para garantir uma parte para investimentos.
“Com certeza, a taxa de juros da dívida é muito maior do que o que renderia qualquer aplicação. Especialmente hoje, quando os ganhos com investimentos conservadores estão em baixa, e os juros de financiamentos continuam muitas vezes impagáveis”, afirma.
“Zerar dívidas é importante, mas existem dívidas e dívidas”, pondera o assessor de investimentos Thiago Ferretti: “Um financiamento imobiliário pode fazer muito sentido. Mas tem gente que troca de carro com frequência e assume novas prestações a cada troca. Será que isso é bom quando se pensa em longevidade? Entendo que não”.
Como seus investimentos podem ter longevidade financeira
Liquidez imediata, ganho baixo
Investimentos de renda fixa com resgate imediato remuneram mal. Isso faz parte do jogo. Para poupar certo, o ideal é colocar neles só parte dos seus recursos, o suficiente para cobrir despesas eventuais e com isso fugir do cheque especial ou dos juros do cartão de crédito.
Considere variar a carteira de investimento
Por conta da Selic em queda, considere variar os investimentos. A dica para investir melhor é olhar para fundos multimercados de baixa volatilidade. “Os gestores têm mais liberdade para calibrar a carteira de acordo com o mercado; não precisam ser todo tempo agressivos”, explica Patrícia Pereira.
Reveja seu perfil de risco
Pensando em acumulação de longo prazo, observa a especialista da MAI, o investidor terá de assumir uma nova postura. Já não basta ter em mente seu perfil de risco. É preciso atentar para a nova realidade do mercado.
“Dado que o período de acumulação até a aposentadoria não é elástico, quem é realmente conservador terá de reestimar as expectativas de renda na aposentadoria ou investir agora muito mais. Se não conseguir ganhos extras, a solução será assumir mais risco”, resume.
Crédito: Lovelyday12/Shutterstock
Mesmo que a Selic suba em 2021, não voltará para a casa de dois dígitos. “Acabou a era de retorno fácil, mas não significa que todo mundo tem que correr para a renda variável”, diz Ferretti, que entende que o investidor precisa estar confortável com o nível de arrojo incorrido. “Não é porque a taxa ‘livre de risco’ caiu que se deve arriscar mais, mas esse investidor tem que entender que suas aplicações vão render cerca de 5% ao ano”, avalia.
Próximo da aposentadoria, não corra muito risco
À medida em que o momento da aposentadoria vai chegando, mais cautelosa a pessoa deve ficar, para preservar o capital acumulado. Mas, em investimentos, o curto prazo quase sempre é passível de intempéries. Se o investidor começa tarde e tem só um ou dois anos até a aposentadoria, por exemplo, é bem capaz de ter problemas. Por isso, para poupar certo, corra pouco risco.
Até porque acertar o “timing” do mercado de capitais é muito difícil. “Expectativas de ganho são... expectativas. E a pergunta que o investidor deve fazer é se ela é compatível com o risco. Muita gente cai em golpes porque só olha a promessa de retorno e ignora o risco”, ensina Ferretti.
Patrícia Pereira complementa: “Quem diria que quem investiu em ações em agosto iria ganhar 10% em outubro, com a Bolsa batendo seu recorde histórico de pontos? Estar fora neste período fez com que pessoas deixassem de ganhar. Mas ninguém poderia saber, e este é um risco que quem está próximo à aposentadoria não pode correr”. Até porque tem o outro lado, como foi o “Joesley Day”, quando o Ibovespa acionou o “circuit breaker” em função da queda que chegou a 10,47% decorrente das gravações do empresário Joesley Batista, da JBS, com o então presidente Michel Temer.
Deixe a gestão para quem entende de longevidade financeira
Você pode fazer tudo sozinho, a custos menores, mas precisa saber avaliar todo dia a sua carteira e, principalmente, como agir num dia de estresse do mercado. “É muito natural se fiar em informações positivas e realizar as perdas pelo desespero de ver as ações desvalorizando rápido”, diz Patrícia Pereira. Por isso, vale entregar a gestão dos seus investimentos a um profissional acostumado com isso.
Evite os fundos de grandes bancos
“Muitos bancos grandes enfiam a faca nos clientes, cobrando altas taxas em fundos com retorno inferior ao CDI”, lamenta Ferretti. De acordo com Patrícia Pereira, essas carteiras não têm sofisticação alguma que justifique cobrar uma taxa de administração tão alta. Para investir melhor, a dica é fugir das súplicas dos gerentes e buscar gestores independentes e “shoppings de investimento”, que oferecem bons produtos com taxas mais justas.