O salário mínimo de 2022 passa a valer R$ 1.212 após ser reajustado com base na inflação de 10,16% em 2021. Isso significa que não houve aumento real, apenas uma reposição relacionada à alta de preços na economia.

Mas o que será que o salário mínimo brasileiro pode comprar? Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ele compra menos de duas cestas básicas. Esses dados são referentes a cidade de São Paulo.

E, de forma geral, nas outras 17 capitais abrangidas pela pesquisa, a projeção do Dieese é que cada cesta represente mais da metade do salário mínimo em vigor. Ou seja, sobra muito pouco para todo o resto.

Salário mínimo de 2022 deveria ser cerca de R$ 6 mil, segundo Dieese

Os 13 itens da cesta básica em questão foram definidos pelo Decreto Lei 399 de 1938 e são considerados alimentos em quantidade suficiente para garantir o sustento e bem-estar de um trabalhador adulto por um mês. Eles variam conforme a região do país.

De acordo com a pesquisa realizada pela Diesse:

"Em janeiro de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 5.997,14".

Considerando os preços atuais de vários itens, desde alimentação a transporte e habitação, para dar conta, segundo o Dieese, o valor do salário mínimo de 2022 não deveria ser de R$ 1.212, mas de cerca de R$ 6.000. O que você pensa sobre isso?

O órgão defende não apenas o reajuste com base na inflação, mas um aumento verdadeiro do valor do salário mínimo.

Uma mão de um homem abrindo uma carteira e tirando dinheiro. Imagem para ilustrar a matéria sobre salário mínimo de 2022.

Crédito: Kalibradov/Unsplash

Impactos do salário mínimo na economia

Atualmente, calcula-se que 56,7 milhões de pessoas têm renda com base no salário mínimo vigente. O reajuste inflacionário deste ano representa, portanto, R$ 81,2 bilhões a mais na economia.

Segundo o Dieese, cada R$ 1,0 de aumento no salário mínimo impacta anualmente em R$ 314,16 milhões na folha de benefícios da Previdência. Desta forma, o custo adicional ao ano com o aumento de R$ 112 será de R$ 35,2 bilhões. 

Ainda assim, este custo extra deve ser plenamente compensado pelo aumento da arrecadação tributária. 

“Nada mais justo e correto, se fossem compensados com algum ganho real de salário (por via de aumento real do SM) para enfrentar o próximo ano, ainda uma incógnita no que se refere ao comportamento dos preços ao consumidor.”, diz o Dieese em nota técnica relacionada.

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