O fim de ano se aproxima, e com ele, a chegada do décimo terceiro salário. Saber os cuidados com o décimo terceiro é essencial para evitar arrependimentos em janeiro. Mesmo sendo uma renda esperada, muitas pessoas acabam comprometendo esse dinheiro com compras por impulso ou esquecem das despesas do começo do ano. A orientação de especialistas é clara: o melhor uso do valor depende da realidade de cada trabalhador.
Entenda o que é, de fato, o décimo terceiro salário
O décimo terceiro salário é um direito trabalhista criado pela lei nº 4.090, de 1962. De acordo com a educadora financeira Mila Gaudêncio, em entrevista ao G1, o valor compensa o trabalho feito nas semanas extras que sobram quando se divide o ano em meses. “Na verdade, o 13° é essa diferença para os meses que têm cinco semanas, para a pessoa receber pelo que ela trabalhou. Então, ele é visto como um salário a mais, mas se você dividir 52 por 4 vai dar 13. Então, ele é um direito do trabalhador, porque é, de fato, um período que ele trabalhou”, explica.
A educadora reforça que o ideal é enxergar esse dinheiro como uma remuneração justa, não como um bônus. “Quando a gente sabe que demandou um esforço para conquistar esse dinheiro, a gente acaba tendo uma disciplina maior do que se fosse simplesmente um dinheiro ganhado”, completa.
Crédito: Andrzej Rostek/Shutterstock
Pagar dívidas deve ser um dos primeiros cuidados com o décimo terceiro
Um dos cuidados com o décimo terceiro é avaliar se ele pode ajudar a aliviar dívidas. Dados da Confederação Nacional do Comércio mostram que 77,2% das famílias brasileiras estavam endividadas até setembro de 2024. Isso significa que, para muita gente, o 13º pode ser uma oportunidade de reorganizar o orçamento.
Mila, que é educadora financeira e consultora do will bank, orienta que, se a pessoa tem dívidas que comprometem uma parte importante da renda, usar o décimo terceiro para quitá-las pode fazer sentido. A especialista também recomenda negociar descontos com os bancos e procurar formas de reduzir as parcelas restantes, se não for possível pagar tudo.
Planeje as despesas de janeiro antes de gastar também é um dos cuidados com o décimo terceiro
Quem está com as contas em dia deve lembrar que o início do ano também pesa no bolso. IPTU, IPVA, matrículas escolares e férias são despesas comuns que precisam entrar no planejamento. “Depois de dezembro, vem janeiro. E vem janeiro com outras despesas”, alerta Mila. “É importante você ter uma visão do todo. Não usar todo o dinheiro em dezembro e esquecer que tem outros meses e outras coisas que estão por vir”, afirma Mila.
Dá para se presentear, mas com responsabilidade
Depois de avaliar dívidas e despesas, usar parte do décimo terceiro para uma compra pessoal é uma possibilidade. A especialista afirma que é "saudável que a pessoa que não tem dívidas e está com as contas em dia compre um presente para si”.
No entanto, ela reforça a importância de estabelecer limites. É preciso ter um teto de gastos antes de sair às compras, especialmente no fim do ano, que costuma estimular o consumo. “Tem que ter cuidado para que os sonhos não virem pesadelos financeiros”, diz Mila.
Empreendedores também podem se organizar para ter o décimo terceiro
Profissionais autônomos ou empreendedores não recebem o 13º salário por lei. Mesmo assim, com planejamento, é possível criar esse valor. O ideal é definir um pró-labore mensal e reservar uma parte dele ao longo do ano.
Ao compartilhar sua experiência, Mila diz que empreende há quatro anos. "Esse foi o primeiro ano em que eu consegui me pagar um 13°. E é isso também: entender que é um processo.", pontua. Ela lembra que esse processo leva tempo e que, mesmo que o valor guardado seja pequeno, já ajuda no começo do ano. “Não se frustre, não se desespere.”
Reservar mensalmente uma parte da renda, por menor que seja, pode fazer a diferença. Assim, o trabalhador autônomo ou empreendedor também pode contar com esse reforço financeiro em dezembro, com consciência e planejamento.
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