A pandemia do novo coronavírus obrigou o mundo todo a acionar o botão de emergência para as mais diferentes situações da vida. E as aplicações financeiras não ficaram de fora. “De uma maneira geral, todas as modalidades de investimentos – renda fixa, variável e fundos – foram afetadas negativamente”, afirma o especialista em finanças pessoais Hirbis Girolli, especialista da MAG Investimentos.
“A aversão ao risco fez a Bolsa cair, pois as empresas foram e serão muito prejudicadas com esta crise. Com isso, os investidores venderam ações, e os índices despencaram. A redução ainda maior da taxa Selic no curto prazo e a incerteza com os juros no médio prazo também fizeram a renda fixa cair. Sim, a renda fixa nem sempre é fixa, e alguns estão aprendendo isso de forma dolorosa”, observa.
Além disso, os fundos de investimento, que são o resultado de uma combinação da renda fixa e da renda variável, também foram impactados negativamente.
Por outro lado, dentro deste cenário de grande volatilidade, com o real se desvalorizando, “ativos como o ouro e o dólar foram impactados positivamente”, pontua Girolli.
Investimentos mais e menos impactados
As ações e os fundos que são compostos integralmente por elas foram os investimentos mais afetados, com quedas que ultrapassaram 60%.
Os menos impactados foram as aplicações que acompanham a variação da taxa Selic, como o Tesouro Selic e os Fundos DI – fundos que aplicam 95% nesse tipo de título público. “Contudo, mesmo as pessoas que optaram por esses investimentos não têm motivos para comemorar. Muito menos as que escolheram a poupança, que rende cerca de 70% do que rende o Tesouro Selic.”
Crédito: Alf Ribeiro/shutterstock
É importante lembrar, observa o economista, que alguns fundos de ações e multimercados tiveram variação positiva, pois estavam “vendidos em Bolsa”, ou seja, apostavam em uma desvalorização da Bolsa brasileira. “Antes da crise, eles vinham mal, mas ganharam com a crise por conta desse posicionamento.”
O que fazer daqui pra frente
Diante desse cenário, o que fazer, agora? “Balancear de novo a carteira de investimentos”, orienta o especialista. “Muita gente tinha muito mais renda variável do que o seu perfil recomendava. É hora de ir vendendo aos poucos, com muita calma, até encontrar um balanceamento mais adequado ao seu perfil.”
Se alguém possuía uma carteira bem balanceada para objetivos acima de cinco anos, mesmo que tenham ocorrido perdas, haverá tempo mais do que suficiente para recuperação, avalia.
“Na última grande crise, a de 2008, a maior parte das perdas havia sido recuperada após dois anos. Mas é sempre bom considerar um tempo maior para os ativos de maior risco, principalmente ações de empresas. Até porque essa crise também é maior.”
Já quem estava corretamente alocado não deve vender. “Pelo contrário, deve ir repondo aos poucos sua carteira, pois a volta da rentabilidade tende a premiar aqueles que são resilientes.”
O mais importante, no entanto, é manter a calma e raciocinar bem antes de tomar uma decisão que pode comprometer sua longevidade financeira. "Sacar de uma aplicação de renda variável [ou arrojada] de forma rápida e não planejada pode eternizar as perdas do investidor com a crise", ressalta Girolli.
A chave para o sucesso de um bom investimento
Três critérios devem andar juntos na hora de escolher o investimento: liquidez, rendimento e segurança. “E a chave para o sucesso é a mesma, a diversificação”, ensina.
“Para quem ainda não conseguiu ultrapassar a reserva de emergência [de três a seis vezes as suas despesas mensais], não há muito o que diversificar. Ou seja: deve manter o dinheiro em aplicações de renda fixa extremamente seguras e líquidas.”
Como opções, ele orienta fundos de investimento de renda fixa que cobrem até 0,3% ao ano de taxa de administração. E o Tesouro Selic. “Mas não é qualquer título do Tesouro, é o Tesouro Selic, um título pós-fixado, que acompanha a variação da Selic”, explica, lembrando que “tem uma taxa de administração de 0,25% ao ano, mas que o governo já paralisou algumas vezes as negociações durante essa crise”.