Os homens podem até ser mais fortes que as mulheres, ganhar mais que elas no mercado de trabalho e ter privilégios sociais em uma sociedade como a nossa, ainda dominada pela ideologia machista. Mas quando o assunto é “viver mais”, as mulheres têm uma grande vantagem sobre os homens.
Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizada em 2016 apontou que a expectativa de vida das mulheres é de 73,8 anos em média, frente aos 69,1 anos de expectativa masculina. Em alguns países, como o Brasil, as mulheres chegam a viver 7 anos a mais que os homens, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Presidente da Associação Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o Dr. José Elias Pinheiro explica que não há um dado concreto do porquê dessa diferença. “Um dado de consenso é que as mulheres se cuidam mais. Outros fatores que contribuem são que as mulheres fumam menos, ingerem menos bebidas alcóolicas, trabalham em atividades de menor impacto e fazem mais atividades físicas que os homens”, avalia o presidente.
Não há um motivo conclusivo para o fato. Segundo o IBGE, a principal explicação para essa diferença no Brasil é que as mortes violentas ainda atingem com mais intensidade a população masculina.
O especialista em gerontologia e gerente institucional do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Antonio Leitão, aponta que as mulheres praticam a medicina preventiva, enquanto que os homens ainda resistem aos cuidados médicos e só procuram um especialista quando o caso já é crítico.
“Elas geralmente fumam menos, bebem menos e se alimentam de forma mais saudável que os homens. Culturalmente, elas já fazem o acompanhamento anual desde a menarca, se acentuando quando chegam à menopausa”. Para Leitão, esses cuidados que se repetem todos os anos são muito importantes para a prevenção de doenças nas mulheres e a antecipação de problemas. “Já os homens relutam até os 40 anos para procurar um médico e realizar um checkup. Um pensamento machista que ainda precisa ser combatido através da conscientização”, alerta o gerente.
Elas geralmente fumam menos, bebem menos e se alimentam de forma mais saudável que os homens.
O IBGE também aponta a violência como um dos fatores que mais causam a morte de pessoas do sexo masculino, não somente por armas de fogo, mas também com acidentes de trânsito causados pelo consumo de álcool e outras drogas.
Leitão acrescenta a questão dos hormônios na longevidade das mulheres frente aos homens. Segundo ele, a progesterona e o estrogênio atuam no fortalecimento do sistema imunológico. “O estrogênio, por exemplo, é um poderoso antioxidante que atua no combate aos radicais livres e na neutralização de substâncias tóxicas que estressam as células do corpo humano”, explica o gerente.
Em consonância, especialistas da University College Londres, no Reino Unido, afirmam que a testosterona, o hormônio sexual masculino, embora bastante benéfica no início da vida do homem por melhorar seu desempenho físico, é uma das principais causas do aumento da próstata, da arteriosclerose e da hipertensão.
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