Associada a uma doença do passado, que vitimou do imperador Dom Pedro I (1834) ao sambista Noel Rosa (1937), a tuberculose, diferentemente do que se pode crer, não ficou para trás. Recentemente, ela tirou dos palcos a cantora sertaneja Simaria, 37 anos, da dupla com Simone, que precisou dar uma pausa na carreira depois de chegar aos 42 kg.
Embora menos pessoas tenham sido vítimas de tuberculose nos últimos anos, “os países ainda não estão fazendo o suficiente para acabar com a doença até 2030”, alerta a OMS (Organização Mundial da Saúde). Ela continua a ser a doença infectocontagiosa mais letal do mundo: em 2017, 10 milhões de pessoas desenvolveram a doença e 1,6 milhão morreram.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, nos últimos três anos, 29% dos casos novos de tuberculose atingiram pessoas maiores de 50 anos de idade. Em 2017, a incidência da doença foi de 42 novos casos de tuberculose a cada 100 mil pessoas nesse grupo etário. Entre a população em geral, foi de 34,8. De 0 a 14 anos, foram 2.212 novos casos; de 15 a 34 anos, 30.576; de 35 a 49 anos, 18.809; e de 50 anos ou mais, 21.590.
Fonte: Ministério da Saúde
“A estimativa é que mais ou menos 30% da população mundial esteja infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, ou bacilo de Koch, mas não quer dizer que todas desenvolverão a doença”, afirma Claudio Gonzalez, infectologista do Hospital Santa Paula (SP) e especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
“É uma doença oportunista e depende de um ‘vacilo’ do sistema imunológico”
“A tuberculose, na maioria das vezes, é uma doença oportunista e depende de um ‘vacilo’ do sistema imunológico para poder se desenvolver”, explica o médico, dizendo que são mais vulneráveis pacientes imunodeprimidos (diabéticos, dependentes de álcool, portadores de câncer ou HIV), desnutridos e extremos de idade (muito jovens ou muito idosos).
Tuberculose progride silenciosamente
“É uma doença infectocontagiosa que progride silenciosamente”, alerta Gonzalez. Quando uma pessoa infectada tosse, elimina gotículas que contêm o bacilo de Koch, “um micro-organismo minúsculo, mas que pode ser visto no microscópio comum”. Aspirado pelas pessoas que estão por perto, ele passa pela traqueia e se distribui pelos pulmões, localizando-se, preferencialmente, no ápice, isto é, na parte de cima deste órgão.
“Se os mecanismos de defesa do organismo estiverem perfeitos, a reação inflamatória provocada pelo bacilo será debelada, muitas vezes sem o paciente dar-se conta do que aconteceu. Caso contrário, num período de tempo que varia e que pode alcançar até um ano, ele desenvolverá um quadro de fraqueza progressiva, febrícula vespertina, perda de peso e de apetite, sudorese noturna e tosse produtiva [com muco ou catarro]. Sem tratamento, a tuberculose pode ser fatal.”
Só quem participa do grupo de Whatsapp do Instituto de Longevidade recebe os melhores conteúdos informativos. Clique aqui e faça parte!
Apesar de atingir todas as classes sociais, algumas condições favorecem o contágio: aglomerados humanos, falta de condições habitacionais adequadas (pouca ventilação e baixa luminosidade solar), desnutrição, alcoolismo e não procura de assistência médica.
Como se diagnostica a tuberculose
No caso da tuberculose pulmonar, que é a mais comum e mais conhecida, os sintomas são:
- tosse por um período maior que 15 dias;
- expectoração, por vezes com sangue;
- febre ou febrícula vespertina (geralmente no final do dia);
- emagrecimento;
- sudorese noturna;
- perda do apetite;
- fraqueza;
- falta de ar.
Crédito: Ministério da Saúde
O infectologista, porém, alerta que a tuberculose também se manifesta sem que se tenha tosse com sangue. “Ela pode aparecer em trauma por tosse excessiva, em tumores das vias aéreas ou mesmo em fases mais avançadas da doença, quando existem extensivas áreas pulmonares comprometidas”, explica.
O diagnóstico é feito através da pesquisa do germe no escarro (nas manifestações pulmonares), cultura de secreção, raio-X e ainda por exames de biologia molecular.
SUS fornece medicamento para tuberculose
O tratamento da tuberculose dura, no mínimo, seis meses, é gratuito e disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). São utilizados quatro fármacos para o tratamento: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Não existe a livre comercialização dos mesmos.
“O agente causador da tuberculose, o micobacterium, é um germe capaz de se ‘esconder’ no interior das células e órgãos, o que dificulta o seu tratamento”, justifica Gonzalez. “Outra característica é o de se tornar resistente aos medicamentos com uma certa facilidade”, por isso a combinação das drogas.”
A principal maneira de prevenir a tuberculose é na infância, com a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), também ofertada gratuitamente no SUS até os 5 anos incompletos. Ela protege das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea.
Crédito: Ministério da Saúde
Quer saber mais sobre tuberculose? Clique aqui e acesse o portal do Ministério da Saúde.