A publicitária V. T., 55 anos, e o economista H. F., 61, estão casados há quase três décadas. Quinze anos atrás, uma cirurgia do marido (de redução da próstata) foi o pontapé para um problema que mexeu com o relacionamento de forma intensa: somado ao quadro de pré-diabete, ele começou a ter dificuldade de ereção. Com isso, há exatos 10 anos, ele não quer mais fazer sexo.
"Foi um golpe na minha autoestima. Até hoje não lido bem com isso. Muitas vezes choro, converso com ele, que diz que vai procurar ajuda. Acho que me alimento da ilusão de que esse problema será resolvido, e assim os anos vão passando", desabafa V.
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Tal situação não é rara – bem ao contrário, é muito mais comum do que se imagina, envolvendo tanto casais héteros como homossexuais. Entretanto, é um tabu tão grande que a maioria dos envolvidos, quando não quer mais fazer sexo, prefere guardar o segredo entre quatro paredes.
Vida (a dois) que segue
"Inúmeras vezes me inconformei – e ainda me inconformo – com o diagnóstico de que não há muito o que fazer. Acho que ele poderia ser mais guerreiro com a doença, tomar Viagra, fazer terapia... Mas sei, também, que não me abri para outras possibilidades, como ele me mastubar, pois não é a mesma coisa", revela a publicitária, que, vez ou outra, diz recorrer à automasturbação. E só!
Para algumas pessoas, o sexo é tão importante quanto o sentimento que sentem pelo outro, a ponto de abrirem mão do relacionamento se um problema do gênero é identificado. Não foi o caso de V. T. que, apesar de reconhecer que a negativa do marido afetou bastante a relação, afirma que não atingiu o ponto de considerar um divórcio.
7 dicas para quando ele(a) não quer mais fazer sexo
A quem se encontra na mesma situação, de ter um parceiro que não quer mais fazer sexo, as especialistas Lelah Monteiro, sexóloga, psicanalista, psicoterapeuta de casais e de família; e Virginia Gaia, sexóloga holística, dão dicas. Confira:
1. Não faça julgamentos precipitados
Não se julgue, nem julgue o par. Tentar descobrir se a "culpa" é sua ou insistir em desvendar o motivo que está fazendo o cônjuge se afastar, à força, só vai estremecer ainda mais a situação. Às vezes, nem a própria pessoa consegue identificar o porquê da mudança.
2. Invista no diálogo
Antes de tudo, converse "internamente", se autoavalie. Depois, dialogue com o(a) parceiro(a), de maneira verdadeira, assertiva e amorosa. Entre um casal, o assunto sexo jamais pode ser tabu. Outro detalhe: só a partir do momento em que a comunicação entre os dois se torna verdadeiramente transparente é que poderão, juntos, encontrar alternativas para resolver a situação.
3. Busque orientação de especialistas em sexualidade
Pode ser um sexólogo, um terapeuta ou “coach” sexual e de relacionamento, por exemplo. O profissional é capaz de dar um melhor direcionamento sobre o tipo de ajuda que cada um dos parceiros precisa buscar – o que pode envolver, inclusive, especialistas como ginecologista, urologista, endocrinologista e psiquiatra.
4. Converse com seu médico
Nunca se automedique ou siga indicações de amigos, sem respaldo médico. Tomar remédios por conta própria pode, na verdade, agravar o quadro, tanto entre os homens como as mulheres. Só mesmo um especialista é capaz de fazer a correta prescrição e indicar produtos eficientes.
5. Dê tempo ao tempo
Deixe que o calendário avance um pouco, sem pressão, e observe as atitudes do outro. Pode ser que as opiniões e os posicionamentos mudem – e que o "não" deixe de ser "não".
6. Não acredite em falsos mitos e convenções
Questione padrões culturais, que levam a sociedade a acreditar no mito de que sexo "é coisa de gente jovem". Esqueça frases do tipo "não tenho mais idade para isso", pois é mais que possível ter uma vida sexual saudável e gostosa em qualquer idade. Também não se conforme com a "convenção" de que toda mulher perde interesse por sexo depois da menopausa e que o vigor sexual do homem despenca com a andropausa. Algumas limitações fisiológicas até podem ser identificadas, mas isso está longe de ser uma regra entre os mais velhos.
7. Considere alternativas para a relação
Junto com o par, avalie as possibilidades criativas na forma de se relacionar. Pode ser que isso altere a convivência adotada até então – e, por consequência, desperte a conexão sexual ou estremeça a própria dinâmica do relacionamento. Porém, qualquer que seja a atitude cogitada, só deve ser adotada se for de comum acordo, com consentimento sincero.