Enquanto algumas pessoas herdam genes que aumentam a probabilidade de desenvolver algum tipo de demência, muitas têm a oportunidade de reduzir substancialmente seus riscos adotando um estilo de vida saudável, sugere a Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório divulgado neste ano. E, tão importante quanto manter corpo e mente ativos, a alimentação tem papel fundamental na prevenção do Alzheimer.
Em todo o mundo, cerca de 50 milhões de pessoas têm demência e, com um novo caso surgindo a cada três segundos, esse número, com o envelhecimento da população, tende a triplicar até 2050. O Alzheimer, tipo mais comum, representa entre 60% e 70% dos casos. Causa e cura ainda são desconhecidas, e os principais avanços científicos são no sentido de mapear comportamentos e intervenções para retardar ou prevenir o declínio cognitivo.
Se, por um lado, a idade é o fator de risco mais forte, por outro, a demência não é uma consequência natural ou inevitável do envelhecimento. Na verdade, estudos recentes demonstraram, segundo a OMS, uma relação entre o comprometimento cognitivo e hábitos como inatividade física, uso de álcool e tabaco e dietas não saudáveis, assim como certas condições médicas, como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade.
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“Hoje sabemos que o estilo de vida pode proteger ou aumentar o risco de ter demências e que em torno de um terço dos casos podem ser preveníveis”, afirma Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira, geriatra e diretora da Associação Brasileira de Alzheimer - Regional São Paulo (ABRAz-SP). “Nesse quesito, a nutrição tem um papel central”, ressalta.
Nelson Iucif Junior, diretor do Departamento de Geriatria da Associação Brasileira de Nutrologia, não só corrobora com a importância da boa alimentação como mostrou evidências científicas que sugerem uma forte relação entre flora intestinal e saúde do cérebro na palestra "Microbiota e Doença de Alzheimer", apresentada no 23º Congresso Brasileiro de Nutrologia, de 26 a 28 de setembro de 2019, em São Paulo.
Ele explica que, conforme envelhecemos, naturalmente aumenta o grau de inflamação (“inflammaging”) orgânica, que é agravado com doenças como aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias do coração), disbiose (intestino preso) e isquemia (diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea): “Isso aumenta a permeabilidade intestinal de tal forma que substâncias agressivas passam para a corrente sanguínea e vão atingir o cérebro, facilitando o desencadeamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer”.
Qual a melhor dieta para a prevenção do Alzheimer?
Muitos estudos tratam da prevenção do Alzheimer, pontua a geriatra. O mais importante deles, o WW Fingers, conduzido na Finlândia em 2013 e agora com desdobramentos para vários países, mostra que a dieta mediterrânea, a prática de exercícios regulares e o controle rigoroso de diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial reduziram em 31% a manifestação de demências num grupo de 1.200 pessoas de 60 a 77 anos de idade, seguidas por dois anos.
A Dieta Mediterrânea é uma das indicadas na prevenção do Alzheimer. Crédito: Antonina Vlasova/shutterstock.
Há pesquisas que mostram que a dieta dash (para hipertensão) é forte aliada também na prevenção do Alzheimer, assim como a dieta mind, que une as duas (dash e mediterrânea) e incorpora ao cardápio substâncias neuroprotetoras e antioxidantes para combater o declínio cognitivo. “O fato é que não existe um alimento mágico e um alimento matador”, lembra o nutrólogo. “É o conjunto da alimentação que faz toda a diferença.”
Coloque no seu cardápio para prevenir o Alzheimer:
- Vegetais, com ênfase nos folhosos e verdes;
- Fibras e cereais integrais;
- Frutas;
- Gorduras boas, como as presentes no azeite, nos óleos vegetais e nas oleaginosas, mas não abuse, já que são calóricos;
- Peixes, aves e carnes magras (limitada a 2 vezes por semana);
- Azeite de oliva;
- Leite e derivados, para quem não tem intolerância.
Use com moderação:
- Carnes vermelhas gordurosas e embutidos;
- Álcool, “o uso constante em doses altas é extremamente tóxico para o organismo, incluindo o cérebro”; o consumo elevado, segundo a ABRAz (≥38 g/dia ou 23 drinques/semana), aumenta em 10% o risco de desenvolver demência.
Tire do seu cardápio para a prevenção do Alzheimer:
- Açúcar, “que só serve para inflamar e engordar; se não conseguir se abster, consuma como sobremesa, para ter absorção mais lenta”, segundo Iucif Junior;
- Comidas industrializadas;
- Fast foods e frituras;
- Embutidos;
- bolos, bolachas recheadas e produtos que usam gorduras trans.
*Fonte: Nelson Iucif Junior
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