Quem tem um paciente com Alzheimer em casa sabe que são muitos os riscos a que esses pacientes estão expostos. Por isso, todo cuidado é pouco para manter a integridade física dessas pessoas e evitar acidentes. E dependendo do estágio em que estiver o problema, os cuidados diários vão desde um simples monitoramento das ações do paciente até a total intervenção em tarefas do dia a dia, como tomar banho e se vestir.

O neurologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo Alex Baeta explica que, antes de mais nada, é preciso prestar muita atenção nos padrões comportamentais do paciente. De acordo com ele, a pessoa com Alzheimer não gosta de mudanças na rotina. "Se ele escova os dentes, toma banho e depois toma café, essa ordem precisa ser mantida", afirma Baeta.

Na convivência diária, o médico conta que é importante observar todas as tarefas realizadas pelo paciente para identificar onde ele tem mais perda ou mais dificuldade, por exemplo, na sua organização pessoal ou em sua orientação no tempo e no espaço. Dessa forma, torna-se mais fácil traçar estratégias para protegê-lo dos riscos a que ele está exposto nas atividades comuns do dia a dia.


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"Uma pessoa que tem doença de Alzheimer aos poucos perde a capacidade de cuidar de si, de tomar decisões e de avaliar riscos. A situação requer atenção, planejamento por parte dos cuidadores ou familiares, pois há exposição em perigos que devem ser evitas nas atividades de vida diárias", diz.

Situações rotineiras podem se transformar em grandes riscos para quem tem a doença, provocando lesões graves e até mesmo permanentes. Por isso, é importante se prevenir para evitar acidentes domésticos e garantir a segurança de quem tem essa enfermidade.

O especialista aponta que essas necessidades geralmente vão aumentando com a progressão da doença. Por isso, não é confiável que o cuidador ou o familiar se paute exclusivamente no discurso que o paciente faz em relação a suas habilidades de realização. "Porque, primeiro, o paciente já tem um distúrbio de memória. Ele vai dizer a você que é capaz de tomar banho sozinho, mas você precisa ver se ele é realmente capaz", orienta.

"São relatos que, de maneira geral, tranquilizam os familiares e que muitas vezes não correspondem com a realidade. (...) Eles sabem até o que precisam fazer, mas não conseguem executar, por deficiência numa destreza ou porque não se recordam como se faz. Por isso a monitorização das ações é fundamental para a segurança do paciente, evitando-se, assim, os riscos e adaptando o ambiente às necessidades do doente. Com o avançar da doença, você tem que ir mudando todos esses cuidados", adverte.

Na opinião do especialista, o oferecimento de auxílios deve ser gradual para que o paciente realize o máximo de tarefas possíveis. De acordo com Baeta, essa atitude por parte de familiares e cuidadores vai garantir certo conforto à pessoa.

Com a ajuda do especialista, listamos os principais cuidados necessários no trato a pacientes com Alzheimer. Confira abaixo!

Cuidados com pacientes com Alzheimer

Mesmo no seu habitat natural, nas situações mais corriqueiras, o paciente com Alzheimer pode correr riscos, afirma o neurologista. "As pessoas que têm doença de Alzheimer e que moram sozinhas são muito mais propensas a esquecimentos, acidentes domésticos e, às vezes, com consequências desastrosas. É fundamental que a família esteja por perto, que possa passar bons períodos diurnos e noturnos com esse paciente para monitorar sua rotina, principalmente na fase inicial da sua doença".

Higiene pessoal todos os dias

Pacientes com Alzheimer podem se esquecer ou até mesmo se recusar a ter cuidados com a higiene pessoal, como tomar banho, escovar os dentes ou trocar de roupa. Baeta adverte que hábitos saudáveis de higiene precisam ser preservados, inclusive mantendo rotinas, organizadas sempre num horário fixo.

Mas e se naquele momento o paciente se recusar a tomar o banho, diferentemente do que ocorre todos os dias? "Aguarde um pouquinho, que mais tarde você vai conseguir fazer isso plenamente". E acrescenta: "Procure fazer do horário do banho um momento de relaxamento, em que ele se sinta confortável, à vontade".

Chuveiro, ducha ou banheira?

E por falar em banho, Baeta lembra que é importante observar se o paciente possui alguma restrição a chuveiro, ducha manual ou a banheira. O ideal é sempre usar aquilo que o paciente estiver mais acostumado ou que tiver preferência.

"Banheiras devem ser usadas sob supervisão, apenas por pacientes com boa desenvoltura motora por causa do risco de queda, e queda geralmente leva a uma fratura de colo de fêmur", explica Baeta. "Simplifique o banho ao máximo possível, tornando-o breve.

Deixe sempre tudo organizado

Deixe todos os produtos de limpeza e higiene corporal à mão, na ordem de uso, para que isso não torne o banho muito prolongado, causando impaciência, inquietação e até mesmo uma fuga por parte do paciente.

Evite constrangimentos

Destaque para a manutenção da dignidade da pessoa. "Ter cuidados de preservação da intimidade de cada um. É importante que o paciente participe quando possível. Então permita que o paciente tenha a maior autonomia possível no banho quando isso for possível. Auxilie apenas quando for necessário".

Em muitos casos, o cuidador ou familiar pode ir apenas "dirigindo" o banho. "Lave o cabelo, passe o sabão em cada parte do corpo, você vai fazendo uma monitorização verbal, dando instruções objetivas. O cuidador ou familiar pode complementar ou assumir a tarefa do banho quando ele achar que isso é necessário".

Se o paciente ficar desconfortável em receber ajuda de um cuidador do sexo oposto, procure um cuidador ou um familiar do mesmo sexo. Isso vai evitar alguns constrangimentos.

Capriche na higiene bucal

As mesmas orientações podem ser adotadas em relação à higiene bucal, escovação dos dentes e higienização de próteses dentárias. "Se é preciso retirar a prótese e higienizá-la ao final das refeições, isso tem que ser orientado ao paciente ou feito. Restos alimentares podem provocar infecções ou mesmo o paciente pode aspirá-los e isso levar a uma pneumonia aspirativa".

Baeta ressalta que é comum a prótese começar a ficar larga com o emagrecimento ou envelhecimento do paciente e começar a causar danos à gengiva. Se isso acontecer, é importante levar o paciente a um dentista para realizar os ajustes necessários.

Banheiros acessíveis

Alguns cuidados com o banheiro são muito importantes. Instalação de barras de segurança e o uso de assentos higiênicos que sejam confortáveis para esse paciente são apenas duas das principais adaptações indicadas por especialistas e que ajudam consideravelmente na autonomia de pacientes com Alzheimer.

"Muitas vezes, você tem que adaptar o banheiro para que você possa assegurar o não risco de quedas e de acidentes. Torne o ambiente o mais agradável possível usando produtos interessantes que chamem a atenção do paciente, sabonetes especiais, hidratantes. Você pode botar durante o banho uma música que o paciente goste ou alguma coisa lúdica que possa entreter o paciente".

Reduza o risco de quedas

Cuidado com escadas, degraus e desníveis que podem levar a uma queda e, consequentemente, a uma fratura ou torção grave.

"Queda é uma intercorrência muito comum e é ainda mais comum nos idosos, com consequências que podem ir de torções a lesões graves como fraturas, fratura do colo de fêmur, e que exigem um procedimento cirúrgico muitas das vezes. Às vezes o paciente pode cair, fazer um TCE, bater com a cabeça e ter hematomas subdurais decorrentes do trauma".

Recomenda-se a instalação de barras de segurança nas escadas, redes de proteção nas janelas, retirar tapetes, deixar livre o caminho por onde esse paciente passa, sem mobiliários ou obstáculos. Em áreas molhadas, é recomendado o uso de pisos antiderrapantes.

Sapatos seguros e confortáveis

A escolha de sapatos baixos com solados rugosos é fundamental. Pacientes mulheres com doença de Alzheimer não devem usar sapato alto. De acordo com Baeta, tudo isso são medidas básicas que ajudam na prevenção de quedas.

Segurança na cozinha

Outro ponto de atenção, segundo o especialista, deve ser a manipulação do fogão, devido ao risco de vazamentos de gás que podem causar desmaios e complicações neurológicas. "Você tem que colocar uma trava no fogão porque é comum esses pacientes irem esquentar a comida ou fazer o café da manhã e deixar o gás ligado".

E não apenas o extravasamento de gás, mas também esquecer panelas no fogo, podendo provocar incêndios e queimaduras na pele, acrescenta Baeta.

Intoxicação alimentar

A intoxicação por ingestão de substâncias e remédios também é um problema recorrente em pacientes com Alzheimer. Manter medicamentos e produtos tóxicos longe do alcance do idoso com declínio cognitivo é a melhor maneira de evitar que isso ocorra.

"Eles esquecem que tomaram o remédio e tomam mais de uma vez ou mesmo podem usar substâncias achando que é um produto que pode ser ingerido", diz.

Cuidado com queimaduras

Cozinhando ou tomando banho, o idoso com Alzheimer está sujeito a sofrer queimaduras. Seja por falta de atenção ou, por exemplo, por esquecimento de uma panela no fogo ou pela água do chuveiro excessivamente quente. "A temperatura da comida precisa sempre ser checada, para não dar alimentos muito quentes que possam promover queimaduras na boca, no palato e na língua. Tudo isso tem que ser monitorado. A temperatura dos alimentos ou de bebidas quentes. Na cozinha, também vale atenção a objetos cortantes. Monitorização do uso de facas e utensílios de cozinha que podem gerar cortes", recomenda o neurologista".

E acrescenta: "Atenção também à manipulação do ferro de passar roupa".

Dieta alimentar

Ao contrário do que ocorre com outras doenças, como diabetes ou hipertensão, não há restrição de alimentos que se aplique aos pacientes com Alzheimer. "A não ser que ele também tenha diabetes, hipertensão ou outras doenças que exijam uma restrição", comenta Baeta. Nesses casos, o ajuste da dieta pode ser feito pelo médico com a supervisão do cuidador ou familiar.

"Alteração de apetite é uma queixa comum. Pode haver perda de peso, por uma inapetência, ou uma fome exagerada, e o paciente querer comer a cada 5 minutos. Em ambos os casos, o monitoramento familiar é imprescindível".

Baeta explica que a  dieta precisa ser equilibrada, balanceada e rica em fibras, porque o paciente idoso já tem mais dificuldade de ir ao toilete. Muitas vezes, o paciente se esquece de beber líquidos, por isso os idosos se desidratam com maior frequência. Dessa forma, a oferta de líquidos precisa ser lembrada, para que os pacientes possam tomar líquidos com maior frequência.

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