Nas mensagens trocadas por WhatsApp no Réveillon, um desejo foi unânime: saúde. E, como o bom ditado diz que prevenir é melhor do que remediar, que tal começar o Ano Novo com um check-up médico? Mas nada de sair por aí marcando exames. O primeiro passo é agendar uma consulta com o geriatra.
E qual a idade para procurar um geriatra? “É o momento que decidimos que queremos envelhecer bem e com qualidade de vida”, diz Leonardo Brandão de Oliva, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia seccional Bahia. “E normalmente o envelhecimento humano se inicia por volta dos 35-40 anos.”
O geriatra, explica, “é especializado em olhar a saúde de maneira global e holística, cuidando dos pacientes de forma integrada, em vez de tratar doenças e órgãos, como vem ocorrendo na medicina especializada atual”.
“Sem dúvida, a presença dos especialistas melhorou muito a nossa saúde, mas é imprescindível a presença de um médico que agregue os tratamentos e atue em virtude do que for melhor para o paciente e não apenas para suas doenças. Pode parecer estranho, mas nem sempre o melhor tratamento para determinada doença será o melhor tratamento para o paciente que a possui”, pondera.
À medida que envelhecemos e acumulamos deficiências e doenças, o papel do geriatra se torna ainda mais importante, já que ele é especializado na multicomplexidade. Unir saúde física, mental, social, familiar e espiritual é função desse profissional, que resgata a figura do antigo médico de família, aquele que conhece seu paciente e seu contexto, consegue fazer escolhas mais acertadas e tratamentos mais adequados.
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Mas quais são os exames que compõem o check-up médico? “Não existe um pacote pronto. Cada paciente apresenta características próprias e fatores de risco individuais que devem ser levados em conta na hora de solicitar exames. A maioria dos exames que pedimos hoje em dia não seria necessária se tivéssemos tempo para uma boa anamnese [conversa] – coisa que o geriatra preserva muito.”
Segundo Oliva, devemos ter muito cuidado ao intitular determinada queixa ou sintoma como próprio do envelhecimento. “Existem situações que são naturais do envelhecer, como os cabelos ficarem brancos, a pele ficar mais enrugada, perdermos um pouco da visão e da audição. Mas apenas o especialista pode definir o que é próprio do envelhecimento, que chamamos de senescência, daquilo que se constitui uma doença e merece um tratamento, conhecido como senilidade.”
Por outro lado, afirma o geriatra, “o avançar da idade se torna um importante fator de risco para diversas doenças, como Alzheimer, infarto, acidente vascular cerebral; e outras se tornamuito frequentes, pois são incuráveis, ou seja, irão acompanhar o paciente até o final da sua vida, como a hipertensão e o diabetes, para citar as mais frequentes”.
Mas, tanto para doenças com possibilidade de cura como para aquelas que o controle muda o desfecho do paciente, “quanto mais precoce sua identificação e tratamento, melhor”, diz Oliva, que é coordenador do Time de Atenção ao Idoso do Hospital Aliança da Bahia e do Programa de Saúde do Idoso do Hospital Naval de Salvador.
"Ir ao médico para pedir para fazer todos os exames e não se submeter a uma boa consulta clínica deixa muito a desejar quando estamos buscando uma boa saúde"
Mas é importante deixar claro que, isoladamente, a realização de um check-up médico periódico não garante uma boa saúde, como muitos acreditam. Os exames são parte de um conjunto de ações que envolvem, primeiro, uma boa consulta médica; depois, exames de laboratório e de imagem individualizados; e, por último, tratamentos propostos de acordo com os achados – que envolvem remédios e mudanças de estilo de vida.
“Ir ao médico para pedir para fazer todos os exames e não se submeter a uma boa consulta clínica deixa muito a desejar quando estamos buscando uma boa saúde. Pode inclusive se tornar perigoso e maléfico, caso os exames não tenham uma boa indicação e se as atitudes tomadas após os resultados não levarem em consideração as especificidades e os desejos do paciente”, finaliza Oliva.
Check-up médico
Avaliação geriátrica ampla
Por quê? Tratar a saúde de maneira holística: física, mental, social, familiar e espiritual
Faixa etária: a partir dos 35/40 anos
Como: conversa com o geriatra na qual são abordados
- Medicações em uso
- Patologias prévias
- Humor
- Memória
- Capacidade funcional
- Atividades físicas e de lazer
- Suporte social
- Quedas
- Visão
- Audição
- Vacinas
- Alimentação
- Hábito intestinal
- Incontinência urinária
- Sexualidade
Colonoscopia
Por quê? Preventivo de câncer de cólon
Faixa etária: Aos 50 anos; caso exista histórico na família, 10 anos antes da idade em que o familiar foi diagnosticado com a doença
Como: Endoscópio inserido pelo ânus no paciente sedado
Depressão
Por quê? Avaliar sintomas como falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas, desesperança e tristeza
Faixa etária: Em todos os idosos
Como: Anamnese geriátrica e questionários sistematizados
Densitometria óssea
Por quê? Preventivo de fraturas, osteopenia e osteoporose
Faixa etária: Após 65 anos em mulheres; para homens, recomenda-se iniciar aos 70 anos; antes dessas idades, a critério médico
Como: Análise computadorizada da densidade óssea por meio de raios-X
Equilíbrio e marcha
Por quê? Identificar fatores que contribuem para quedas
Faixa etária: Em geral, a partir de 60 anos
Como: Testes clínicos em consultório
Ergométrico
Por quê? Testar o coração em situações de alta demanda, estabelecendo que atividades são seguras para cada paciente
Faixa etária: Ao iniciar atividades físicas e/ou a partir dos 50 anos
Como: Observação, via eletrocardiograma, da frequência cardíaca e da pressão arterial durante os estados de repouso e esforço em bicicleta ou esteira
Glicose
Por quê? Monitorar um dos indicadores da diabetes
Faixa etária: A partir dos 40 anos, principalmente em caso de sobrepeso
Como: Exame de sangue
Papanicolau
Por quê? Preventivo para câncer de colo de útero
Faixa etária: Mulheres em atividade sexual
Como: Raspagem do colo do útero
Pressão
Por quê? Monitorar um dos indicadores da hipertensão
Faixa etária: A partir dos 18 anos, principalmente em caso de sobrepeso
Como: Aferição com medidor de pressão
Mamografia
Por quê? Preventivo de câncer de mama
Faixa etária: Mulheres entre 50 e 75 anos
Como: Raio X da região das mamas
PSA e Toque Retal
Por quê? Identificação precoce de câncer de próstata
Faixa etária: Homens a partir dos 40 anos
Como: Exame de sangue e toque retal para detectar o aumento da próstata e presença de nódulos
Tomografia do pulmão
Por quê? Preventivo de câncer de pulmão
Faixa etária: 50 a 85 anos, com carga tabágica maior que 30 anos/maço; ou abstêmios há menos de 15 anos
Como calcular a carga tabágica: número de cigarros fumados por dia deve ser dividido por 20 (o número de cigarros em um maço), e o resultado deve ser multiplicado pelo número de anos de uso de tabaco
Como: radiografias transversais processadas por um computador
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