A palavra pode não ser muito conhecida, mas a atividade não é nova e se espalha a cada dia. A gerontologia aborda o envelhecimento em seus diversos aspectos (sociais, psicológicos, biológicos) e complementa a atuação da geriatria, que é a especialidade médica voltada para os cuidados de saúde com os idosos.

E, desde 2005, a gerontologia virou uma graduação. O pioneirismo foi da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), em São Paulo, que criou o primeiro bacharelado nessa área. Em 2008, o curso passou a ser oferecido também na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista.

Segundo a Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), existe ainda um curso em Diamantina (interior de São Paulo), que neste ano não ofereceu vagas, e há quatro instituições federais e uma privada que aguardam a regulamentação para lançar seus bacharelados.

Foi a ABG que tomou a iniciativa de propor ao Senado um projeto de lei para regulamentar a profissão de gerontólogo. O projeto que tramita desde 2013 é do senador Paulo Paim (PT-RS). Existe um outro projeto, de teor semelhante, apresentado na Câmara dos Deputados em 2016 pelo deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP). 

Além dos cursos de graduação, existe o título de especialista em gerontologia, uma certificação que é concedida desde 1989 pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) a profissionais de diversas áreas do conhecimento que se qualificam para o atendimento especializado a idosos. Até agora, 360 profissionais receberam a titulação de especialista em gerontologia pela SBGG.

São pessoas com formação de nível superior em uma área específica (fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, serviço social, terapia ocupacional, direito etc.) que querem se especializar no atendimento à terceira idade.

O especialista é preparado para atuar em prevenção (criação de condições adequadas para um envelhecimento com qualidade), ambientação (adequação dos espaços onde vivem ou por onde circulam pessoas idosas), reabilitação e cuidados paliativos.

Para obter o título da SBGG, é necessário fazer um concurso composto por provas teórica e prática, além de análise curricular. Para se inscrever, o candidato deve ter concluído curso de especialização na área do envelhecimento humano.

O projeto de lei que tramita no Senado refere-se apenas aos portadores de diploma de bacharel em gerontologia (além de diplomados em curso similar no exterior, após a revalidação do diploma, e os que tenham esse exercício amparado por convênios internacionais de intercâmbio).

Um substitutivo apresentado em abril de 2016 incluía também os especialistas certificados pela SBGG, mas novo substitutivo, de 11 de abril de 2017, retirou essa menção.

Já o projeto que tramita na Câmara dos Deputados inclui tanto os bacharéis como os especialistas da SBGG.

“Temos que preparar locais onde as pessoas possam viver quando não puderem ou não quiserem mais viver sozinhas, pois os modelos de família mudaram e mudarão cada vez mais

Para Tiago Ordonez, presidente da ABG, o foco do gerontólogo é "preparar o indivíduo e a população para que não precisem tanto cuidar de doenças e se submeter a tratamentos medicamentosos".

A atuação dos bacharéis ocorre principalmente em instituições de longa permanência para idosos (as chamadas casas de repouso), tanto na gestão como na aplicação de atividades. Os planos de saúde aparecem como outro importante mercado de trabalho, com ações preventivas focadas na qualidade de vida. Centros públicos de convivência para idosos também podem recorrer a esses profissionais para ofertar atividades e oficinas.

Já os certificados pela SBGG, em geral, já atuam em suas áreas de formação (fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, serviço social, terapia ocupacional, entre outras) e fazem a especialização para o atendimento a idosos.

Para Eva Bettine, conselheira da AGB, o maior desafio no Brasil em relação à terceira idade é se preparar para o envelhecimento. "Temos que educar a sociedade para a convivência com os velhos, temos que ter ações intergeracionais para mudar as crenças que a sociedade e o próprio indivíduo têm sobre essa faixa etária."

Essa preparação, segundo ela, envolve também ações práticas. "Temos que preparar locais onde as pessoas possam viver quando não puderem ou não quiserem mais viver sozinhas, pois os modelos de família mudaram e mudarão cada vez mais, não permitindo reproduzir o modelo nuclear que oferecia os cuidados nessa fase da vida."

Se interessou pela profissão? Veja alguns dos desafios que você pode enfrentar no artigo: Mas você é tão jovem! Por que se interessa por velhos?

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