A meditação Kirtan Kirya, uma técnica milenar indiana, pode ajudar na melhora da função cerebral e na memória de adultos mais velhos que têm risco de desenvolver Alzheimer. Essa é a conclusão de um estudo publicado no periódico científico Journal of Alzheimer’s Disease.

Pesquisadores da Universidade West Virginia, nos EUA, identificaram que a prática da meditação, assim como a terapia musical em menor grau, pode alterar biomarcadores do envelhecimento celular e da doença de Alzheimer em idosos que estão sofrendo de perda de memória. As mudanças, segundo o artigo, podem estar diretamente relacionadas a melhorias em memória, cognição, sono, humor e qualidade de vida.

Participaram do estudo 60 adultos com declínio cognitivo subjetivo, uma condição que pode representar um estágio pré-clínico da doença de Alzheimer. Cada um deles recebeu uma tarefa: ou a meditação Kirtan Kriya ou um programa de escuta de música. Foi pedido a eles que praticassem por 12 minutos ao dia durante 12 semanas.


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Foram coletadas amostras de sangue dos participantes em dois momentos, tanto no início da pesquisa quanto depois de três meses de prática. O objetivo era avaliar os níveis sanguíneos de uma proteína – peptídeos beta-amiloide – comumente ligada ao Alzheimer.

A segunda coleta mostrou que todos os participantes tiveram aumento dessa proteína, relacionada a melhorias no bem-estar, mais especificamente em memória, função cognitiva, humor e sono. O grupo que meditou, no entanto, teve um incremento maior do que o que participou da terapia musical.

Meditação Kirtan Kriya: o que é 

A meditação Kirtan Kriya envolve mantra e movimentos com os dedos. “Tem origem no kundalini ioga [uma ciência milenar indiana]”, explica a professora Subagh Kaur Khalsa, diretora do Instituto 3HO Brasil, de ioga e meditação da linhagem do Yogi Bhajan.

Ela explica que essa meditação tem sido estudada há anos e que está relacionada a outros benefícios. Há pesquisas que ligam essa prática a melhoras em níveis de estresse e de processos inflamatórios, por exemplo.

Os ganhos obtidos com a prática, inclusive, fizeram com que organizações como a Fundação de Pesquisa e Prevenção do Alzheimer, uma ONG americana dedicada ao estudo da doença, se dedicassem a explicar como fazê-la.

Subagh diz que a meditação pode ser feita em qualquer idade. E que a prática funciona como uma “limpeza de arquivos”, não para “colocar mais conhecimentos”.

Há algumas particularidades nessa meditação. Uma delas é a repetição de um mantra, em que cada som tem um significado – As (infinito, cosmos, início), Ta (vida, existência), Na (morte, mudança, transformação), Ma (renascimento). Outra é a utilização de mudras, posições feitas geralmente com as mãos e que têm o poder de canalizar uma frequência energética específica.

Como praticar

Posição: Sente-se com a coluna ereta. Quem tem prática pode ficar em lótus, uma posição com as pernas cruzadas e os pés sobre as coxas. É possível ainda ficar em uma cadeira, com os pés tocando o chão. Mantenha as mãos sobre os joelhos.

Olhos: Mantenha-os fechados.

Concentração: Repita os sons Sa, Ta, Na, Ma e, imagine que o som entra pelo topo de sua cabeça e flui em forma de L até sair pelo terceiro olho (ponto onde o nariz encontra a testa).

Início: Inspire profundamente antes de começar.

Mantra: Entoe os sons Sa, Ta, Na e Ma da seguinte forma:

1. Nos primeiros dois minutos, repita-os em voz alta;

2. Nos dois minutos seguintes, sussurre os mantras;

3. Pelos próximos quatro minutos, diga-os apenas mentalmente, sem emitir os sons pela boca;

4. Por mais dois minutos, sussurre os sons novamente;

5. Por outros dois minutos, repita-os de novo em voz alta.

Mudras: A posição dos dedos acompanha os sons da seguinte forma:

Sa – toque o indicador com o polegar;

Ta – toque o dedo do meio com o polegar;

Na – toque o anelar com o polegar;

Ma – toque o dedinho com o polegar.

Finalização: Ao terminar, inspire profundamente, estique as mãos acima da cabeça e traga-as ao centro do peito em forma de prece, enquanto espira. 

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