Ter uma pessoa com câncer na família exige muito cuidado. Além disso, traz preocupações para aqueles que convivem direta ou indiretamente com quem possui a doença. Mesmo com o avanço da tecnologia, a origem do câncer ainda não pôde ser mapeada. Por isso, curar os tipos e subtipos da doença oncológica não é uma tarefa fácil.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2024. A estimativa de risco é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Mas a doença não ocorre apenas em mulheres. Cerca de 1% dos casos também podem atingir homens.
Segundo o Relatório Anual de Dados e Números Sobre o Câncer de Mama, divulgado em 2023, cerca de 18 mil pessoas morreram pela doença em 2021. As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
O INCA é uma organização totalmente integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, tem o tratamento médico, que inclui consultas, medicamentos, exames e até cirurgias, oferecido de forma 100% gratuita para todos os pacientes. No entanto, os gastos com a doença fazem parte do cotidiano de quem luta contra o câncer.
Quanto custa cuidar do câncer?
O estudo "Quanto custa o câncer?", apresentado por Nina Melo, da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), revela os custos crescentes no tratamento do câncer no Brasil. Em 2022, foram gastos quase R$ 4 bilhões no tratamento oncológico, com 77% destinados ao tratamento ambulatorial, 13% às cirurgias e 10% às internações.
De acordo com a pesquisa, entre 2018 a 2022, houve um aumento de 402% no custo do tratamento. No caso específico do câncer de mama, o custo de quimioterapia varia conforme a progressão da doença. No estágio inicial, sem comprometimento linfático, o tratamento custa R$ 134,17. Quando há comprometimento dos gânglios linfáticos, esse valor sobe para R$ 223,84. Em casos mais avançados, o custo chega a R$ 401,54 e, com metástase, alcança R$ 809,56. O aumento dos custos reflete a complexidade e gravidade do estágio da doença.
É importante considerar que, no Brasil, cerca de 51 milhões pessoas contam com plano de saúde atualmente. Os que recorrem aos SUS são aproximadamente 190 milhões de pessoas. Enquanto o setor público apresenta demora no tratamento e superlotação, no setor privado, o maior problema é a falta de cobertura. O que, para pessoas com câncer, são situações que geram estresse psicológico e também financeiro.
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Câncer: um custo psicológico
Luzia Pereira é psicóloga do Hospital do Câncer III, unidade do INCA especializado em tratamento de câncer de mama. Segundo ela, o câncer evoca, pelo menos em sua descoberta, uma experiência de desamparo e, muitas vezes, de sofrimento psíquico pelo medo da iminência de morte, mudança brusca de rotina, apreensões com os efeitos adversos do tratamento e alterações da imagem corporal.
O tratamento psicológico surge nesse momento para ajudar o paciente a expressar os sentimentos de angústia, a compreender as perdas, encontrar recursos saudáveis de enfrentamento e a possibilidade de resignificar o adoecimento e a vida.
“O atendimento psicológico possibilita uma escuta diferenciada do paciente, sem julgamentos, de forma que se pode expressar qualquer sentimento. Isso não é possível no núcleo familiar ou entre amigos, visto estarem envolvidos emocionalmente.“
Ainda de acordo com a psicóloga, nos casos de câncer de mama, existem muitas mulheres que são matriarcas e administram as finanças e as rotinas domésticas da família, além daquelas que se ocupam das atribuições da maternidade ou de cuidado das outras pessoas.
A importância da rede de apoio
Ao ser diagnosticada, é necessário tempo para que a paciente cuide de si e para que os familiares ou pessoas de rede de apoio possam auxiliar em suas funções. Para a Luzia, abrir mão de suas responsabilidades não é algo simples.
“Há muitas vezes uma inversão de papéis. Um filho que sempre foi cuidado e abruptamente se vê no papel de cuidador da mãe. O marido que nunca havia se dedicado às atividades domésticas e, de repente, precisa fazê-las. Um amigo que não fazia parte do cotidiano e precisou ser inserido no mesmo. Todos precisarão aprender e é essencial que isso seja feito conjuntamente, respeitando a autonomia do paciente, de forma a lhe permitir ser protagonista do seu próprio cuidado.”
Luzia também destaca que o tratamento psicológico deve ser seguido até o momento em que haja evidência de que a doença oncológica não exista mais, e isso pode levar até 10 anos.
A reorganização da vida, a busca de perspectivas e também o fato de lidar com a possibilidade da recorrência, são momentos que exigem o acompanhamento de um profissional para que os pacientes consigam viver melhor durante e após o fim do tratamento.
Citando Mário Quintana no poema “Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo”, Luzia destaque que:
“Na minha concepção, talvez esse seja o momento em que as pedras estão acumuladas a espera do projeto de construção do castelo. Não um castelo como algo pré-estabelecido, mas a ser definido na singularidade de cada paciente. Um castelo que só poderá ser construído a partir do percurso onde essas pedras foram apanhadas no caminho.”
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