Se você acha que o caminho do envelhecimento inclui apenas desvantagens – pelo menos no aspecto físico –, é hora de rever conceitos. Estudos mostram que há alguns benefícios em diversas partes do corpo, como redução de episódios de dores de cabeça e desenvolver menos reações alérgicas.

A geriatra Maristela Soubihe, do Hospital Santa Paula, explica que, de fato, enxaqueca e gripe podem atacar quem passou dos 60 anos de idade. Mas ressalva: estudos são uma amostra – e o impacto desses resultados no dia a dia depende de diversos fatores, como estilo de vida e doenças.

“É preciso seguir a cartilha do envelhecer bem, que inclui fazer atividade física, ter alimentação equilibrada, não fumar e manter vida social ativa. Os benefícios só terão alguma relevância nesse contexto”, destaca. “Todas as mudanças que [a pessoa] fizer em qualquer fase da vida vão fazer diferença”, afirma.
Conheça, a seguir, cinco deles.

Menos gripes
É verdade, diz ela, que as pessoas com mais de 60 anos estão menos vulneráveis a alguns vírus. “A gente passa a vida inteira em contato com os vírus e o corpo tem memória”, afirma a médica, explicando que o organismo se torna resistente a algumas ameaças. Mas faz um contraponto: “Você vai ter menos [gripe], mas a que tiver vai atingir com mais gravidade do que aquelas que teve durante a vida, porque sua resposta orgânica vai ser inferior”.

Menos alergias
Um estudo com 326 indivíduos mostrou que doenças alérgicas (asma, rinite alérgica, dermatite atópica ou urticária crônica) alcançam níveis máximos na segunda e terceira décadas de vida. Depois, passam por um declínio progressivo – especialmente em mulheres. Rinites alérgicas e asma podem não apenas ficar mais suaves, mas também desaparecer com o passar dos anos.

Menos enxaquecas
É fato: envelhecer reduz a frequência de dores de cabeça, mostram estudos (clique aqui para saber mais). A frequência entre homens e mulheres de 21 a 34 anos, respectivamente, é de 92% e 74%; de 55 a 74 anos, 66% e 53%; e após 75 anos, 55% e 22%. Após 70 anos, apenas 5% das mulheres e 2% dos homens ainda têm enxaqueca.

Melhor desempenho do cérebro
Uma das pesquisas psicológicas mais extensivas do mundo, o Estudo Longitudinal de Seattle, que teve início em 1956 e investiga o processo de envelhecimento (clique aqui para conhecer), mostrou que as pessoas mais velhas podem não se dar muito bem em exercícios matemáticos e no tempo de resposta a comandos.
No entanto, em testes, elas têm melhor desempenho em aspectos como vocabulário, orientação espacial, memória verbal e capacidade de resolver problemas entre os 40 e 50 anos do que quando estavam na faixa dos 20. Ou seja, a idade aprimora alguns aspectos do cérebro.

Sexo mais satisfatório
Pesquisadores americanos avaliaram uma amostra de 806 mulheres em relação a: prevalência da atividade sexual; características como demografia, saúde e uso de hormônios; frequência de excitação, lubrificação, orgasmo e dor durante a relação; e desejo e satisfação em mulheres mais velhas. A idade mediana no estudo foi de 67 anos, e 63% foram pós-menopausa. Aproximadamente metade das mulheres com mais de 80 anos de idade relataram satisfação sexual quase sempre ou sempre.
Maristela faz uma ressalva. Para chegar a esse patamar, é preciso se preparar: abrir mão de preconceitos, evitar a solidão e determinar-se a ter uma vida sexual saudável. “[Com a idade,] a pessoa relaxa, vive o agora com mais empenho – e aquele momento vai ser melhor. Mas envolve se despir das mazelas. Não vem de prêmio com a idade, como um elemento surpresa.”

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