O uso de máscara facial é fundamental para reduzir o risco de transmissão da pandemia do novo coronavírus. Sendo, inclusive, obrigatório em grande parte do país. Acontece que a recomendação não tem sido seguida por muitos homens. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e Reino Unido mostram relutância masculina em usar a proteção.

Para entender as diferenças de gênero quanto à intenção de se proteger com a máscara facial a fim de evitar a disseminação do vírus, pesquisadores da Universidade de Middlesex, no Reino Unido, e do Instituto de Pesquisa em Ciências Matemáticas, nos EUA, entrevistaram de forma on-line 2.459 pessoas. O objetivo era compor uma amostra heterogênea e que representasse a população de áreas urbanas.

Os resultados mostram que os homens têm menos pré-disposição em se proteger usando máscara ou outro tipo de cobertura facial quando comparado com as mulheres. Em lugares em que o uso é obrigatório, a diferença do comportamento entre os gêneros diminui.

Umas das justificativas para essa atitude, de acordo com a pesquisa, é que os homens acreditam ter menos possibilidade de serem afetados de forma grave pela doença. Além disso, eles acreditam que, caso sejam contaminados, terão mais facilidade na recuperação.

Na contramão das especulações dos participantes, o estudo salienta que as estatísticas têm mostrado maior chance de morte entre eles.

Homens têm vergonha de usar máscara facial

Pesquisadores também observaram diferenças de gênero em relação às emoções associadas ao uso da proteção. Para eles, afirmações como “uso da máscara é vergonhoso”, “estigmatizante”, “não é legal” e “é um sinal de fraqueza” são verdadeiras. A reação também reforça que homens estão menos dispostos a usarem protetores para o rosto.

Este tipo de comportamento masculino, no entanto, não é novidade. Em pandemias anteriores, como a da Sars (Síndrome respiratória aguda grave) e de H1N1, mulheres tinham mais chances de aderir ao acessório preventivo do que os homens.

A soma dos fatos exige atenção. Para os autores do estudo, os governos devem adotar ações específicas voltadas para os homens, tendo como finalidade modificar o pensamento e o comportamento do gênero.

44% dos homens não usam máscara facial

Em outra análise conduzida nos EUA e realizada pela empresa de pesquisa de opinião Gallup, apenas 56% dos participantes do sexo masculino avaliados disseram ter utilizado a proteção fora de casa. A pesquisa contou com a participação de 2.451 adultos americanos e pode ter margem de erro de três pontos percentuais.

Em uma comparação mais ampla, os professores de psicologia ouvidos pelo jornal The New York Times sugerem que este comportamento corrobora com a máxima de que homens tendem a ser mais despreocupados em relação à saúde.

Para a colunista do jornal The Guardian, Arwa Mahdawi, “o fato de um número significativo de homens (incluindo Donald Trump) acharem que máscaras os fazem parecer fracos é mais um lembrete de como estereótipos de gênero são prejudiciais”.

Mostrar fragilidade, medo ou preocupação são características avessas as que os homens são expostos e ensinados a sentir. Esses estereótipos são reforçados socialmente dificultando – para muitos deles – buscar ajuda quando enfrentam problemas de saúde. “A masculinidade tóxica mata”, conclui Mahdawi.


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