A incontinência urinária pode começar de forma discreta. Uma sensação de roupa íntima molhada após uma gargalhada ou um acesso de tosse, por exemplo. Pode evoluir para pequenos incidentes em situações corriqueiras, como ao levantar de uma cadeira. E chegar a ponto de levar ao isolamento e interferir na vida social.

Definida como qualquer perda urinária que acontece à revelia da vontade da pessoa, a incontinência urinária afeta cerca de 15% da população, chegando a até 35% na faixa etária acima de 65 anos, segundo Carlos Henrique Suzuki Bellucci, coordenador-geral do Departamento de Urologia Feminina da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). E ocorre cinco vezes mais em mulheres que em homens.

Mas, apesar de ser uma situação que provoca constrangimento, não deve ser encarada como insolúvel. "Não existe nenhum motivo hoje para um paciente viver com incontinência urinária. Praticamente todos os tipos são tratáveis", afirma.

Características da incontinência urinária

São quatro os tipos de incontinência urinária.

De esforço

Ocorre quando a pessoa ri, espirra, tosse, faz exercício pesado; atinge principalmente as mulheres.

De urgência

A vontade de urinar chega de forma súbita e intensa, e nem sempre dá tempo de chegar ao banheiro; a quantidade de urina, no entanto, é desproporcional à sensação de bexiga cheia.

Mista

Reúne características da incontinência de esforço e de urgência.

De transbordamento

É mais rara; o paciente tem retenção de urina na bexiga, que fica tão cheia que acaba transbordando.

Incontinência urinária tem tratamento

Qualquer que seja a característica, no entanto, a medicina dispõe de opções para amenizar o problema. "Todos os tipos têm inúmeras formas de tratamento. Cada um é tratado de uma maneira. Vai de técnicas de fisioterapia, passando por medicamentos por via oral, medicamentos injetados na bexiga e até tratamento cirúrgico", afirma Bellucci.

Para a fisioterapeuta Claudia Rosenblatt Hacad, especialista em biofeedback nas disfunções pélvicas, o mais importante é que a pessoa reconheça e aceite que tem um problema, pois só assim ela irá procurar ajuda. "Os idosos acham que o problema é só deles. Quando conto que atinge gestantes, gente que faz academia, eles se surpreendem", diz.

Integrante do Instituto Lado a Lado pela Vida, que elaborou, em parceria com a Bigfral, uma campanha de esclarecimento sobre incontinência urinária intitulada "Xi, escapou", Claudia conta que, nas palestras sobre o tema para o público da terceira idade, nunca pergunta quem tem perda de urina e sim quem acorda à noite para fazer xixi, o que é visto como uma coisa aceitável. Em geral, mais de 50% dos presentes levantam a mão. "Eles começam a perceber que tem muita gente como eles." Daí a conversa evolui e muitos acabam relatando problemas de incontinência.

Bellucci e Claudia apontam que o impacto negativo na qualidade de vida é enorme, afetando a atividade profissional e as relações sociais, pois a pessoa tende a se isolar para evitar situações constrangedoras. O médico cita ainda um dano colateral, que é o aumento da incidência de fratura de colo de fêmur nos idosos. Como acordam mais frequentemente à noite para urinar, eles acabam sofrendo quedas e se machucando.

Causas da incontinência urinária

A incontinência urinária pode surgir por uma série de fatores, como perda da força muscular, doenças neurológicas, ação de medicamentos, cirurgias.

Também pode resultar de obesidade (o excesso de peso aumenta a pressão dentro do abdome, pressionando a bexiga) e tabagismo (o fumo provoca tosse crônica e forte, que pode piorar a incontinência).

Prevenção ao problema

Não há uma forma de prevenção que funcione para todos os tipos de incontinência. Segundo Claudia, os exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico (músculos que atuam como "válvulas de controle" da bexiga e do reto) podem ser úteis para tentar evitar a incontinência de esforço e têm sido muito recomendados pelos ginecologistas como preparo antes da gravidez, uma vez que 50% das gestantes apresentam um ou mais episódios de incontinência urinária.

Ela recomenda consultar um fisioterapeuta pélvico para a realização dos exercícios. "Um estudo mostrou que 1/3 das mulheres não têm consciência do assoalho pélvico", diz Claudia. Essa dificuldade pode resultar em contração dos músculos errados (os abdominais, por exemplo), sem atingir o objetivo.


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Fique esperto!

Mas, segundo Claudia, existem algumas dicas que podem ser seguidas por todos:

  • Reduzir ou evitar a ingestão de líquidos à noite;
  • Tomar líquidos aos poucos ao longo do dia, e não grandes quantidades de uma vez;
  • Urinar a cada 2 ou 3 horas e cuidar a cada vez para que o esvaziamento da bexiga seja total;
  • Evitar a obesidade;
  • Não fumar;
  • Evitar alimentos que aumentem o sintoma de urgência. Eles podem variar de pessoa para pessoa, mas em geral são as frutas cítricas, as bebidas gasosas, o álcool.


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