Nem todo mundo sabe, mas as doenças autoimunes, como lúpus, psoríase e artrite reumatoide, não afetam apenas as articulações ou os órgãos diretamente ligados à condição. Estudos apontam que essas enfermidades também podem aumentar significativamente o risco cardiovascular, tornando os pacientes mais suscetíveis a infartos, hipertensão e outras complicações que envolvem o coração.
O que são doenças autoimunes?
Doenças autoimunes se manifestam quando o sistema imunológico — que normalmente protege o corpo contra vírus, bactérias e outras ameaças — passa a atacar, por engano, células saudáveis do organismo.
Esse “erro de reconhecimento” pode afetar diferentes partes do corpo, dependendo da doença. Em algumas condições, o ataque se concentra nas articulações (como na artrite reumatoide), em outras, na pele, nos rins e até em múltiplos órgãos ao mesmo tempo.
Ainda não se sabe exatamente porque isso acontece, mas fatores genéticos, hormonais e ambientais parecem estar envolvidos. E embora cada doença autoimune tenha suas próprias características, todas têm uma questão em comum: um estado de inflamação crônica. E é justamente nesse ponto que entra a conexão com o sistema cardiovascular.
Crédito: Kittyfly/Shutterstock
De que forma as doenças autoimunes afetam o coração?
A inflamação sistêmica, ao longo do tempo, afeta o coração e os vasos sanguíneos de diversas formas. É possível que provoque, entre outros problemas, lesões nas paredes arteriais, facilitando o acúmulo de placas de gordura no local, o que pode acarretar no estreitamento da passagem ou bloqueio total do fluxo de sangue – quadro que chamamos de aterosclerose.
Esse mecanismo está presente em várias doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide, esclerodermia e psoríase, que apresentam risco aumentado de complicações cardiovasculares mesmo em pessoas jovens.
Quando isso acontece nas artérias que fornecem sangue oxigenado ao coração (as coronárias), provoca a doença arterial coronariana e, com a evolução do quadro, pode levar a um infarto do miocárdio. Além disso, doenças como a psoríase, que causa manchas e placas na pele, tendem desencadear o crescimento de novos vasos sanguíneos (processo conhecido como angiogênese), o que novamente aumenta a probabilidade da aterosclerose.
A psoríase pode também estimular a atividade de coagulação, fazendo crescer as chances de um coágulo bloquear ou prejudicar a circulação - sem sangue suficiente chegando ao músculo cardíaco ou cérebro, ocorrem, respectivamente, o infarto e o AVC (acidente vascular cerebral). Algumas doenças autoimunes afetam ainda diretamente o músculo do coração (miocardite), o pericárdio (pericardite) ou as válvas cardíacas, prejudicando o trabalho do órgão.
Vale acrescentar que pessoas com doenças autoimunes têm maior predisposição à resistência insulínica e ao aumento do colesterol ruim (LDL), ambos fatores de risco para doenças cardíacas. É o caso, por exemplo, de pacientes com artrite reumatoide. Nesse grupo há, segundo estimativas, um risco cerca de 50% maior de desenvolver problemas cardiovasculares do que indivíduos sem a doença.
Como reduzir as chances de complicações?
Pessoas com doenças autoimunes devem adotar uma abordagem preventiva mais cuidadosa quando se trata da saúde cardiovascular. Como vivem, como vimos, sob um estado de inflamação crônica, o risco de desenvolver problemas como aterosclerose, hipertensão, infarto e AVC é mais elevado — mesmo em quem tem o estilo de vida saudável.
Reduzir esse risco envolve uma combinação de estratégias. A primeira delas é o acompanhamento regular com um cardiologista, mesmo na ausência de sintomas cardíacos. Monitorar a pressão arterial, os níveis de colesterol, a glicemia e a função endotelial ajuda a identificar alterações precoces.
Além disso, controlar bem a doença autoimune em si é essencial. Manter a inflamação sob controle, com o uso adequado de medicamentos imunossupressores ou biológicos, conforme orientação médica, diminui os danos aos vasos sanguíneos.
A prática regular de atividade física, a alimentação equilibrada, evitar o consumo de álcool, o abandono do tabagismo e a atenção à saúde mental também são fundamentais. O estresse crônico e distúrbios como ansiedade e depressão, que são comuns nesses pacientes, podem piorar o estado inflamatório e favorecer alterações cardiovasculares.
Por fim, o cuidado deve ser sempre integrado: reumatologistas, dermatologistas ou clínicos gerais precisam atuar em conjunto com especialistas em cardiologia para garantir que o tratamento contemple a saúde como um todo.
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