Você tem a sensação de ganhar uns cinco quilos depois de comer um pedaço de pizza, quando aos 20 anos poderia comer praticamente uma pizza inteira e não ver subir um grama na balança? Pois isso pode não ser coisa só da sua cabeça. O fato é que à medida que envelhecemos, o metabolismo tende a ficar mais lento e a taxa de decomposição dos alimentos diminui (estimativas apontam que reduz 10% a cada década após os 20 anos; quando chegamos aos 50 anos, há uma queda de 30%). Mas o que isso quer dizer?

O metabolismo diminui quando se envelhece

Foto: Africa Studio/Shutterstock

O envelhecimento e o metabolismo

O envelhecimento e o metabolismo estão intrinsecamente ligados. Muitas das mudanças na composição corporal estão relacionadas à idade, incluindo o aumento da gordura e a redução da massa muscular. A sarcopenia, como é chamada, geralmente tem início a partir dos 40 anos; após os 45 uma pessoa média perde cerca de 1% da massa muscular a cada ano.

Durante a infância e a adolescência, quando ocorre o crescimento e o desenvolvimento, o metabolismo está geralmente em estado acelerado. Isso porque precisa fornecer energia e os nutrientes para tais processos. Já na idade adulta, a tendência é que estabilize e vá diminuindo gradualmente. Ao chegar à terceira idade, é possível que se torne ainda mais lento. Alterações que ficam exacerbadas por um estilo de vida sedentário.

Primeiro vamos entender então o que é o metabolismo

Usamos o termo “metabolismo” para nos referir à combinação de todos os processos químicos que ocorrem em um organismo. Isso inclui um conjunto de reações para a conversão da energia dos alimentos em energia disponível para o pleno funcionamento do corpo em suas atividades vitais.

Por exemplo, para a respiração, circulação do sangue, batimentos cardíacos, construção e reparo de células, manutenção da temperatura, digestão e eliminação de resíduos. Então metabolismo pode ser definido como a quantidade de energia (calorias) que nosso corpo utiliza para se manter vivo.

A taxa metabólica

A quantidade mínima de energia necessária para realizar tais funções enquanto o organismo está em jejum e em repouso é conhecida como taxa metabólica basal (TMB), que varia de acordo com as particularidades de cada indivíduo, como altura, peso, sexo, idade, composição corporal e genética.

O número de calorias que o corpo queima quando está em repouso é determinado pela TMB bem como pela quantidade de exercícios e a proporção de músculos e gordura que temos. Em geral, quanto mais massa corporal magra (músculos), maior é a taxa metabólica basal - os músculos consomem mais energia do que a gordura.

A TMB é um componente do nosso gasto energético total (TEE), ou seja, a quantidade total de calorias que uma pessoa gasta em determinado período de tempo, geralmente em um dia. Além da taxa metabólica basal, o TEE também inclui o efeito térmico dos alimentos (energia necessária para a digestão, absorção e armazenamento dos alimentos) e o gasto associado às atividades físicas. Como referência, para adultos sedentários, a TMB é responsável por cerca de 50% a 70% da produção total de energia, a termogênese alimentar por 10% a 15% e a atividade física pelos 20% a 30% restantes.

A compreensão da taxa metabólica basal é essencial para determinar as necessidades calóricas individuais e desenvolver estratégias de alimentação e exercícios para alcançar objetivos relacionados ao peso corporal, como perda, manutenção ou ganho.

Como o metabolismo interfere no funcionamento do coração?

O coração é o responsável por bombear sangue para todo o corpo, fornecendo oxigênio e nutrientes aos tecidos. Portanto, o metabolismo desempenha papel crucial em seu funcionamento e, por extensão, no sistema cardiovascular como um todo. Vejamos alguns dos principais aspectos dessa relação:

- Produção de energia: o coração requer uma quantidade significativa de energia para funcionar com qualidade. Ele obtém essa energia principalmente através do metabolismo de gorduras e glicose. Esses substratos são oxidados no processo de proteínas mitocondriais celulares, produzindo adenosina trifosfato (ATP) - a molécula de energia utilizada pelas células do coração para realizar suas funções.

- Interferência no ritmo cardíaco: o metabolismo tem influência no sistema elétrico do coração – sistema que regula o ritmo de batimentos. Ele desempenha papel importante no fornecimento de energia para as células cardíacas, permitindo que elas mantenham a atividade elétrica de forma adequada.

- Regulação do suprimento de sangue: o metabolismo é ainda crucial para manter o suprimento adequado de sangue ao coração. As artérias coronárias fornecem oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco. Distúrbios metabólicos, como a aterosclerose (depósito de placas de gordura nas paredes das artérias), podem levar à redução do fluxo sanguíneo e, consequentemente, à insuficiência cardíaca ou a um ataque cardíaco (infarto do miocárdio).

O que é síndrome metabólica e como afeta a saúde cardiovascular?

A síndrome metabólica é uma condição caracterizada pela combinação de fatores de risco que aumentam significativamente as chances de desenvolvimento de disfunções, doenças e a ocorrência de eventos cardiovasculares, como problemas no ritmo cardíaco (arritmia), infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).

Com presença de pelo menos três fatores em uma pessoa é geralmente dado o diagnóstico de síndrome metabólica. Esses problemas crônicos incluem: obesidade e o excesso de gordura na região abdominal, especialmente em torno da cintura; hipertensão arterial (quando não controlada, coloca uma pressão adicional nos vasos sanguíneos e no coração); alterações nos níveis de glicose no sangue (a resistência à insulina e a intolerância à glicose podem levar ao diabetes tipo 2) e dislipidemia (presença de níveis elevados de lipídios - colesterol LDL e triglicerídeos - no sangue).

Novas descobertas

Durante anos, muitas pesquisas sustentaram a ideia de que o metabolismo fica mais lento à medida que envelhecemos. Um estudo clínico recente, publicado pela revista Science, entretanto, questiona essa

premissa. O levantamento, que envolveu cerca de 6,5 mil indivíduos (entre poucos dias de vida e 95 anos) de 29 países, revelou informações surpreendentes sobre o momento em que o metabolismo relacionado à idade muda ao longo da vida: atinge seu pico muito mais cedo e desacelera mais tarde do que se pensava anteriormente.

Segundo os resultados, no primeiro mês de vida, o metabolismo do bebê se mostrou equivalente ao da mãe, atingindo pico máximo por volta de 1 ano – momento em que o gasto de energia aumentou rapidamente. Entre 9 e 15 meses os valores foram quase 50% maior do que o dos adultos. Daí em diante, o declínio do metabolismo de homens e mulheres não diminui significativamente até os 60 anos, permanecendo estável durante a vida adulta. Ou seja, talvez não possamos mais atribuir o ganho de peso na meia-idade a um metabolismo mais lento.

O que fazer então?

As conclusões do estudo podem trazer à tona novas discussões sobre a relação entre o ganho e a queda do metabolismo durante algumas fases da vida, entretanto, não anulam o fato de que um equilíbrio metabólico saudável é fundamental para garantir o funcionamento adequado do coração e o bom desempenho de suas funções.

Ou seja, manter um estilo de vida que inclui dieta balanceada e equilibrada, o corpo ativo e a prática de exercícios em qualquer idade, além do controle de doenças metabólicas, é essencial para promover a saúde cardiovascular.


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