Com a chegada das festas de dezembro, também chega o estresse de fim de ano, afetando milhões de pessoas em diferentes países. Essa fase reúne metas pendentes, compromissos sociais, pressões familiares e cobranças profissionais. O resultado é um cenário que favorece a exaustão emocional e a perda de energia para atividades básicas.
O ritmo acelerado dessa época reforça um comportamento que muitos veem como natural. Essa normalização pode esconder sinais importantes de desgaste mental. A Organização Mundial da Saúde estima que a depressão e a ansiedade gerem 12 bilhões de dias de trabalho perdidos por ano. O impacto ultrapassa um trilhão de dólares em produtividade. Esses números revelam como ambientes exigentes e rotinas intensas podem prejudicar a saúde mental.
A sobrecarga se intensifica quando o descanso é visto como fraqueza. Andrea Manjarres Herrera, representante da área de Psicologia Social e Comunitária da Seção de Tolima do Colégio Colombiano de Psicólogos, em entrevista ao Globo, chama atenção para o aumento do esgotamento.
“O esgotamento emocional é um dos sinais mais comuns nesta época do ano. Sobrecarga de trabalho, estresse financeiro e demandas pessoais podem aumentar a ansiedade ou a tristeza. Reconhecer o cansaço não é sinal de fraqueza; é o primeiro passo para o autocuidado”, afirma a especialista.
Impactos diretos do estresse de fim de ano no corpo e na rotina
A diferença entre cansaço físico e fadiga emocional é profunda. O descanso pode aliviar o desgaste do corpo. Já a fadiga emocional pode persistir por semanas. Ela provoca desinteresse, irritabilidade e dificuldade de foco. Andrea Manjarres Herrera explica que esse tipo de esgotamento tem sinais próprios. “Uma pessoa pode dormir bem, mas acordar sem energia, sem motivação ou com uma sensação de vazio que não consegue definir”, destaca.
Outro fator relevante é o peso cultural que envolve a ideia de produtividade. Em países como a Colômbia, o trabalho contínuo recebe elogios. O descanso, porém, ainda gera culpa. “Desde cedo, somos ensinados que trabalhar duro é sinônimo de sucesso, mas a importância dos limites ou do equilíbrio raramente é discutida”, afirma a psicóloga.
As mulheres enfrentam um cenário ainda mais difícil. Muitas lidam com dupla jornada. Elas conciliam trabalho formal, cuidado da casa e responsabilidades familiares. “Essa carga constante gera pressão e um sentimento de culpa quando elas tentam priorizar o próprio bem-estar”, diz Manjarres.
Dados regionais revelam a dimensão dessa desigualdade. Os transtornos de ansiedade e depressão são 1,8 vezes mais frequentes em mulheres latino-americanas. Cerca de 9% delas sofrem de ansiedade e 6% sofrem de depressão. Entre os homens, os índices são de 5% e 3%, respectivamente. Fatores sociais, violência de gênero e divisão desigual de tarefas agravam essa vulnerabilidade.
A especialista resume como esses hábitos afetam toda uma geração. “Vivemos em uma cultura que glorifica a produtividade e associa o sucesso à capacidade de fazer mais, mesmo à custa do bem-estar”. O resultado é uma percepção distorcida sobre descanso. Muitas pessoas confundem autocuidado com egoísmo.
Crédito: Drazen Zigic/Shutterstock
Como reduzir o estresse de fim de ano e proteger a saúde emocional
A mudança começa com a revisão das prioridades pessoais e profissionais. O descanso precisa ser visto como parte essencial da rotina. Ele deve ser entendido como investimento e não como sinal de fraqueza. O fim de ano oferece a chance de ajustar limites e reorganizar hábitos para evitar a exaustão.
Andrea Manjarres Herrera recomenda ações simples para conter o desgaste emocional:
1. Estabelecer limites claros
Aprender a dizer não reduz a pressão diária. Essa prática protege a energia física e emocional.
2. Delegar tarefas quando possível
A divisão de responsabilidades diminui a sobrecarga. Isso evita acúmulo de demandas em períodos críticos.
3. Desconectar-se do trabalho após o expediente
A pausa real ajuda na recuperação mental. A rotina profissional intensa não deve ocupar o tempo de descanso.
4. Criar pausas durante o dia
Essas pausas devem ser livres de telas. Caminhadas breves e alguns minutos de silêncio ajudam a aliviar a tensão.
5. Dormir bem e descansar sem culpa
O descanso adequado fortalece o equilíbrio emocional. A recuperação do corpo e da mente exige tempo.
6. Conversar com familiares ou amigos
Compartilhar sentimentos reduz a pressão interna. O diálogo pode aliviar o peso emocional acumulado.
7. Buscar apoio profissional quando necessário
A ajuda especializada é importante quando a exaustão persiste. Psicólogos e psiquiatras oferecem estratégias para reorganizar a rotina.
A psicóloga reforça que o conceito de sucesso precisa incluir o bem-estar. Ela afirma que o descanso deve ocupar um espaço central na vida adulta para evitar qualquer tipo de problema ou mesmo o estresse de fim de ano. “O descanso não é o oposto do trabalho; é o que nos permite fazê-lo melhor”, diz.
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