O dicionário define luto de duas maneiras Uma delas trata da tristeza profunda pela perda de alguém. Outra trata do luto causado por outras causas, como amargura ou desgosto. Independentemente do significado, falar em luto é sempre difícil, mas será que é possível aprender a lidar com ele de uma forma menos pesada?

Um dos lutos comuns ao ser humano é relacionado a perdas que vêm com a idade. Isso porque, com o envelhecimento, é natural que se percam amigos, pessoas queridas, saúde e trabalho. Entretanto, se a expectativa é que cada um de nós viva cada vez mais, será preciso lidar com essas perdas de uma maneira diferente para que a vida continue fazendo sentido por muitos anos.

A psicóloga Glaucia Tavares, parceira do Instituto BioParque, lembra que envelhecer é o único caminho para quem quer viver mais. “Chegar aos 70, 80, 90 anos é a forma mais eficaz de dizermos que alguém está vivendo bem. A condição de que nascemos e vamos morrer é compulsória, mas neste intervalo é preciso atestar que essa vida está sendo tecida e merece ser tecida com dignidade, respeito e capacidade de aprendizado”, afirma.

Estar aberto a aprender pode ajudar a superar perdas que vêm com a idade

Segundo a especialista, a melhor forma de lidar com o luto relacionado às perdas que vêm com o envelhecimento é estar aberto a novos aprendizados e conhecimentos. “Como viver com vitalidade, experiência e repertório ao longo dos anos? Estando disposto a aprender, a abrir portas para o novo. Novos caminhos, novos amigos, novas lições em qualquer campo da vida. O maior Alzheimer que alguém pode desenvolver é deixar de aprender”, alerta.

Glaucia acredita que quem é mais longínquo, mas acha que não tem mais nada para aprender na vida estará fechando as portas para si mesmo. “Neste caso, realmente a pessoa vai viver um luto pelo que perdeu e vai começar a deteriorar. O Século XXI trouxe a disposição de aprender a aprender. E o importante é entender que somos eternos aprendizes nessa jornada”, avalia.

Uma das orientações de Glaucia, quando possível, é o investimento no aprendizado intergeracional. “Unir pessoas de idades e gerações diferentes é sempre enriquecedor. Vale para avós e netos ou para o mercado de trabalho”, aconselha.

Foco de mãos se segurando, mostrando apoio de uma pessoa a outra após o luto.Crédito: Romulo Tavani/Shutterstock

O luto não se restringe só à morte 

Quando se trata de luto, é preciso considerar que ele não se restringe apenas à questão da morte, mas às transições que vêm com perdas. E essas perdas, inclusive, podem ser sentidas de uma maneira coletiva, compartilhada. “Tecnicamente se definia luto por morte, hoje o conceito é tratar o luto como vínculos contínuos, que não desaparecem, e sim mudam, transbordam”, diz Glaucia. 

Quando o luto é compartilhado, investir na capacidade de conexão com o outro pode ajudar. “Mesmo após o desaparecimento físico de alguém, a sua memória e legado permanecem, e isso é uma forma espiritual de manter uma conexão sagrada e de ajudar a lidar com o luto. Precisamos aprender a dar as mãos e nos ajudar nesses momentos. Não vivemos sozinhos, isolados, estamos conectados”, explica Glaucia.

Uma questão que pode exemplificar a importância do coletivo com relação ao luto comum é relacionada à degradação ambiental. Segundo Mônica Tanure, diretora do Instituto BioParque, a humanidade enfrenta um período em que todas as referências que a natureza costumava dar estão sendo perdidas. “Não sabemos mais quando vai fazer frio ou calor, por exemplo. É um momento de transição grande e acelerado, estamos todos sentindo essas perdas, e precisamos aprender a lidar melhor com isso. É uma espécie de luto coletivo”, afirma.

Para Gláucia Tavares, para lidar com esse sentimento de perda é preciso compartilhar as vulnerabilidades e entender que ninguém é isolado e pode fazer o que bem entender. “Para lidar com as perdas e aprender a regenerar, reconstruir e recomeçar é preciso darmos as mãos, compondo conexões com base no todo”, avalia.

Empreendimento busca resgatar histórias e prestar homenagem através do plantio de árvores 

É fato que o enfrentamento do luto relacionado à morte de alguém pode ser um dos sentimentos mais difíceis de se lidar. Nada supera ou substitui um ente querido que se foi. Entretanto, preservar as histórias e memórias deixadas pelas pessoas amadas pode ajudar a viver o luto de uma outra forma. Um dos exemplos vem do BioParque, parque ecológico de quase 1.400.000 m², memorial e museu, que utiliza as cinzas resultantes da cremação para contribuir com o desenvolvimento de uma árvore desde a semente. "É uma proposta única e inédita no mundo que proporciona às famílias uma nova forma de despedida e ressignificação do luto", explica Selma Capanema, executiva de Novos Negócios do BioParque.

Além da possibilidade de plantação de uma árvore, o BioParque também disponibiliza uma plataforma exclusiva que permite à família construir todo o legado de vida do ente querido, com depoimentos, fotos, vídeos, e árvore genealógica.

Segundo Mônica Tanure, diretora do Instituto BioParque, a plantação de uma ávore ajuda a ressignificar a vida e a morte de alguma forma. “É uma homenagem simbólica e literal.  Sabemos que buscar o que é material sobre alguém é fácil, mas e as memórias, que não são tangíveis? O que é sagrado, da alma da pessoa, como buscar isso? Com lembranças, com a vida que foi vivida e momentos compartilhados”, questiona.

Mônica explica que todos os passos relacionados ao BioParque foram pensados com muita consciência para que, de alguma forma, houvesse uma contribuição com o processo de luto. "Sabemos que mexemos com as emoções das pessoas em momentos que são os mais difíceis da vida e, através dos depoimentos das pessoas após as cerimônias, entendemos que estamos ajudando de alguma forma”, avalia.

De acordo com Selma Capanema, é possível a aquisição de uma árvore, um jardim com quatro árvores ou até um bosque com 20 árvores para uma família dentro do BioParque. "É uma forma de dar novo significado ao processo da morte e do luto, até porque só morremos de verdade quando morre a última pessoa que conheceu nossa história. Neste caso, ajudamos a tornar as histórias eternas”, finaliza.


Que tal investir em tranquilidade futura para a sua família? O Programa ViverMais, do Instituto de Longevidade MAG, inclui seguro de vida para dar apoio a quem precisa no caso de morte natural e acidental. Basta se associar! 

Leia também:

Precisamos falar sobre morte e pensar nos planos para o futuro

Pandemia mudou forma de lidar com o luto e a morte; veja dicas de como se preparar para fim da vida

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: