No começo, eram poucos – alguns no travesseiro, outros no banho. Aos poucos, o número começou a aumentar – até que o resultado fosse visível. A queda de cabelo é mais comum do que se imagina. Se você não passou por isso, certamente conhece alguém que tenha – ou teve – esse problema.

Entre as mulheres, cerca de 10% são afetadas até os 30 anos de idade, afirma a dermatologista e cirurgiã capilar Leila Bloch, autora do autora do livro “Fio a Fio” (editora DOC). Aos 50 anos, esse índice sobe para 50%. Após os 65 anos, vai para 75%.

A alopecia androgenética – ou perda capilar padrão feminino, nome utilizado para as mulheres – “é muito subdiagnosticada, sendo por vezes considerada ‘normal’ da idade, o que não é verdade”, sinaliza a médica.

No caso deles, em geral, os primeiros sinais aparecem “a partir dos 18 anos, de maneira lenta e gradual, o que pode dificultar na percepção dos homens”, diz. Segundo ela, 55% da população masculina na faixa dos 45 anos, em maior ou menor grau, é afetada. “Quando é possível enxergar por transparência o couro cabeludo, já ocorreu uma perda de, no mínimo, 30% dos fios nessa área.”

A médica, que faz parte do corpo clínico dos hospitais Israelita Albert Einstein e Sírio-Libanês, avisa que é preciso ficar alerta ao ver cabelos em maior quantidade em ralos, pias e travesseiros; ter a sensação de menos volume, principalmente após o banho; sentir cabelos mais ralos; e notar fios menos lisos e mais “indomados”. A impressão de que a testa aumentou também é um sinal que deve ser levado em consideração, explica a dermatologista.

Quais são as causas?

Nos homens, a calvície é a principal causa de perda capilar. “É uma doença lenta e progressiva, causada pela predisposição genética e pela influência dos hormônios masculinos testosterona e dihidrotestosterona (DHT), responsáveis por um processo de miniaturização ou afinamento dos fios”, destaca a dermatologista.

Nas mulheres, a herança genética e as alterações hormonais também são fatores para a queda de cabelo. “Na menopausa, há uma queda na produção dos hormônios femininos como estrógeno e progesterona. E eles têm um fator protetivo nos folículos capilares”, acrescenta o cirurgião Thiago Bianco.

Fatores externos contribuem, assinala Leila. “Podemos citar a deficiência de vitaminas e ou proteínas, a escovação com tração, que leva à quebra dos fios, e a alteração de funcionamento da glândula tireoide.”

O estresse, complementa ela, é outra causa. “Apesar de não ser o grande vilão, pode servir como gatilho para o início, acelerar o processo genético ou levar a perda intensiva e temporária dos fios, que tendem a nascer novamente”, sinaliza a médica.

Como prevenir a queda de cabelos?

“É possível prevenir a progressão da calvície desde que o diagnóstico seja precoce. Por isso, se há casos na família ou se já existe suspeita, consulte um médico dermatologista”, recomenda Leila. Assim, é possível intervir para amenizar o ritmo da queda e agir preventivamente.

Thiago orienta: “Sempre que há uma queda capilar que foge do padrão normal que a pessoa está acostumada, é importante procurar um especialista. Quando aparecem indícios visíveis de calvície é por que uma grande parte da massa capilar já foi perdida”.

Como tratar?

O cirurgião explica que cada caso deve ser avaliado individualmente. Serão realizados exames clínicos e laboratoriais, para definir qual é o melhor tratamento para o paciente.

Alguns tratamentos são de uso exclusivo para os homens. Outros podem ser usados por ambos, que vão desde shampoos e loções capilares até vitaminas. Há ainda transplantes, em que é removida uma área do couro cabeludo para a parte calva.

E, derrubando a crença de que quem toma remédio para calvície tem impotência, Leila explica que não há comprovação estatística. Estudos, afirma ela, mostram que 1,8% tiveram diminuição da libido e 1,3%, disfunção erétil com o uso de finasterida – principal tratamento medicamentoso via oral para os homens.

Como camuflar a queda de cabelo?

Maquiagem, como sprays, ajuda. Mas é preciso retirá-la antes de dormir, ensina Leila. “O uso prolongado desses cosméticos, assim como gel, pomadas e laquês, geram a oclusão do couro cabeludo, aumentado a oleosidade e a dermatite seborreica, que faz o cabelo cair antes da hora.”

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