Quem estuda mais tende a ser mais feliz e a ter maior expectativa de vida, revela o estudo “What Are the Social Benefits of Education?” (Quais são os Benefícios Sociais da Educação, em tradução livre). Realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, ele abrangeu 15 países, dos quais o Brasil não fez parte.
Mas, por aqui, a conclusão é a mesma, segundo o médico Egídio Lima Dória, coordenador da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI) da USP. “O impacto na vida dos alunos é extremamente positivo”, diz.
“Recentemente, fizemos uma pesquisa com os alunos para avaliar o programa, e eles estão muito satisfeitos.” Para atender esse público, a USP oferece mais de 4.000 vagas e, semestralmente, busca ampliar parcerias e disciplinas para incluí-lo no ambiente universitário e também para promover o intercâmbio geracional.
Novos caminhos
Ciente de que a educação ajuda a desenvolver habilidades e dá passagem para novas conquistas, a aposentada Elice Dias Oliveira, 66 anos, decidiu voltar à rotina escolar. “Resolvi fazer minha parte para enfrentar a maturidade em vez de ficar reclamando de dor na coluna”, afirma.
Professora formada pelo extinto Curso Normal, ela lecionou durante 36 anos e, quando se aposentou, fez uma pós em pedagogia hospitalar. “Vi que não era minha praia durante o estágio”, conta.
Ponto positivo
Se escolher um curso superior ainda na adolescência é algo difícil, o que dizer de fazer faculdade depois dos 50 anos? Disciplina e força de vontade são requisitos fundamentais e a maturidade pode ser o ponto mais positivo de quem escolhe correr atrás desse sonho, segundo Elice.
“Após participar de várias oficinas mais curtas, decidi ir além. Artes e esportes não me interessavam mais e optei pela seleção para gerontologia, que envolve muitas disciplinas de psicologia, um antigo desejo.”
Hoje cursando o primeiro ano no campus da USP Leste, ela avalia que embora gaste quase 6 horas no transporte público, a troca com a “moçada” compensa. “Tempo não me falta.”
Motivo para ação
Para a ex-executiva Patricia Martins de Andrade, 53 anos, a volta à universidade veio inicialmente como uma busca pela troca de carreira. Aos 46 anos e prestes a se aposentar, ela começou a amadurecer a ideia de cursar direito e prestar concurso para o Judiciário.
Formada em administração pela USP, ela decidiu buscar numa universidade privada a oportunidade. “A necessidade de dedicação é imensa e demanda uma disposição e tanto”, conta.
Passaporte para outras conquistas
Hoje formada e com o crivo da Ordem dos Advogados do Brasil, ela revela seus outros planos. “As descobertas no meio do caminho me levaram a ter um novo propósito”, explica Patrícia, que está de partida para Portugal, onde obteve visto destinado para aposentados ou titulares de rendimentos próprios. “Pretendo morar e atuar como mediadora no ramo de conciliação privada.”
Na avaliação dela, fazer faculdade depois dos 50 anos não é para qualquer um. “É preciso ter um motivo para a ação, a tal motivação.” Assim, uma nova graduação ou qualquer outro curso só se justificaria dentro de um contexto maior. “É preciso ter alinhamento ao que você gosta.”
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