Ageísmo, etarismo, idadismo, velhofobia... e por aí vai. O caso de discriminação contra uma estudante de 40 anos em uma universidade particular de Bauru, interior de São Paulo, ocorrido em março, está longe de ser isolado quando o assunto é envelhecimento.
No vídeo que viralizou na internet, três alunas jovens do curso de Biomedicina, debocharam de uma colega de turma por causa da sua idade: “Gente, quiz do dia: como 'desmatrícula' um colega de sala?”, pergunta uma das alunas ao iniciar o vídeo. E a colega responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. E a aluna que está filmando conclui: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”.
Este episódio nos convida a refletir sobre opinião e julgamento. Duas coisas que até podem parecer semelhantes, mas não são. Opinar é um ponto de vista e está relacionado a expressar o que pensa com humildade, ou seja, respeitando o pensamento do outro. Julgamento é imposição e está relacionado com autoridade. Ao sugerir que a pessoa deveria ser ‘desmatriculada’, a estudante está condenando a colega.
À medida em que o envelhecimento populacional vem se solidificando, o preconceito contra as pessoas da meia e terceira idade se manifesta em muitas áreas, como emprego, saúde, educação e outras. É uma questão cultural! No passado, envelhecer era sinônimo de descanso, uma rotina de reclusão e vida mansa.
Foto: Kraken images/Shutterstock
Sobre ser universitário sem preconceito de idade
Fato é que a população está envelhecendo cada vez mais, com saúde e energia para continuar vivendo ativamente. A inversão da pirâmide etária já é uma realidade no Brasil. Somos a quinta maior população idosa do mundo. Em 2030 o País já terá mais idosos do que jovens com idade entre zero e 14 anos, aponta o IBGE. Em um horizonte mais distante, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estima que em 2100 a população de idosos ultrapasse a de jovens, representando 40% da população total, contra 9% dos jovens, algo em torno de 60 milhões de pessoas com mais de 60 anos.
A parte boa é que homens e mulheres estão superando esse tabu e buscando mais conhecimento para se manterem no mercado de trabalho ou como forma de ocupar o tempo livre.
De acordo com pesquisas divulgadas nos últimos anos, o número de pessoas 60+ na educação superior vem crescendo expressivamente e já soma quase 200 mil, ou 2,3% da massa total de idosos informada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 37,7 milhões. Dados do Censo de Educação Superior revelam que o número de idosos em universidades cresceu quase 50%, entre 2015 e 2019, e já soma 27,7 milhões.
Com relação ao mercado de trabalho, um estudo do Infojobs apontou que 73% dos profissionais da geração Y (nascidos entre 1980 e 1989) e Z (nascidos entre 1990 e 2010) sentem que são subestimados por ter menos idade e 66% dos profissionais da geração X (nascidos entre 1960 até 1979) sentem que os mais jovens duvidam de seu profissionalismo.
Já um estudo da consultoria EY Brasil e a Maturi mostrou que 80% das empresas não possuem políticas específicas e intencionais de combate à discriminação etária em seus processos seletivos.
Será que o Brasil está preparado para esse conflito de gerações? Me arrisco a dizer que não.
Se por um lado as pessoas estão se conscientizando sobre viver mais ativamente na média idade, buscando conhecimento e se especializando, por outro, vejo que ainda se faz necessária a ampliação dessa discussão na sociedade, principalmente entre os jovens. Por todo esse cenário, precisamos combater o etarismo.
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