No mundo inteiro, 1 bilhão de mulheres estão vivenciando a menopausa. Embora possa variar de uma mulher para outra, a menopausa ocorre tipicamente quando as mulheres estão na faixa dos 45 aos 55 anos.
Mas afinal, o que é a menopausa?
Poderíamos apenas dizer que menopausa é o nome dado ao último ciclo menstrual da mulher e está associada ao fim de sua vida reprodutiva.
Mas temo que essa definição esteja, no mínimo, incompleta. Isso porque alguns aspectos da menopausa parecem não ter a ver com os ovários mas, sim, com o cérebro feminino.
Em seu recém-lançado livro “The Menopause Brain”, a Dra. Lisa Mosconi definiu menopausa como um estado de transição neuroendócrina, uma fase neurologicamente ativa que não apenas impacta o corpo, mas também impõe mudanças significativas ao cérebro das mulheres.
De acordo com a neurocientista, mais de 85% das mulheres sofrem mudanças neurológicas nessa fase da vida.
Sintomas da menopausa que você não conhecia
Contrariando a crença popular e, até mesmo, a visão de alguns profissionais de saúde, é preciso dizer que a menopausa está muito longe de ser um evento simples. Menopausa não é frescura! E não, não precisamos normalizar a dor, o desconforto como tiveram que fazer nossas mães e avós no passado.
Apesar dos sintomas mais conhecidos serem fogachos, falhas de memória, ganho de peso e diminuição da libido, existem mais de 30 sintomas associados à menopausa. Veja a lista:
- angústia
- ansiedade
- ataques de pânico
- baixa autoestima
- culpa
- depressão
- dificuldade de concentração
- distúrbios do sono
- doenças das gengivas
- doenças cardiovasculares: AVC, infarto, hipertensão
- doenças das mamas: cistos, câncer de mama
- doenças uterinas: pólipos, cistos nos ovários, prolapso uterino, câncer de endométrio, câncer de colo de útero
- dor de cabeça e enxaqueca
- fadiga
- falhas de memória
- fogachos
- ganho de peso
- irritabilidade
- mudanças de humor
- mudanças no ciclo menstrual
- mudanças no odor do corpo
- mudanças repentinas na temperatura corporal
- névoas mentais
- problemas digestivos
- problemas muscoesqueléticos: osteoporose, dor muscular, dor nas articulações
- queda de cabelo
- ressecamento da pele e das mucosas
- risco aumentado para demências
- sensação de arrepio na pele
- sensação de falta de pertencimento
- sentimento de melancolia
- síndrome genitourinária: incontinência urinária, secura vaginal, irritação e flacidez da mucosa, queda de libido, dor durante a relação sexual
- suor excessivo
- taquicardia
Não se culpe se você ainda não sabia que muitos desses sintomas poderiam ser provocados pela menopausa. O fato é que a Ciência ainda sabe muito pouco sobre ela. Isso nos leva a subestimar o impacto real que ela tem na vida das mulheres.
Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock
O impacto da menopausa na vida das mulheres
Quem nunca passou pela menopausa que atire a primeira pedra naquela mulher madura, de semblante fechado, sentada à mesa para uma reunião. À primeira vista, ela pode parecer antipática, irritada, despreparada, desatenta e até desleixada.
Mas um olhar mais empático pode revelar que ela está apenas tentando lidar com a irritabilidade e as dores típicas da menopausa; com o medo de não ter controle sobre os lapsos de memória que podem fazê-la esquecer trechos importantes de sua fala; com a possibilidade de ter um desconfortável escape de urina ao rir, espirrar ou tossir durante a reunião; ou mesmo com o julgamento que os colegas farão dos seus cabelos grisalhos.
A falta de espaços seguros, políticas adequadas e redes de apoio para discutir abertamente os sintomas e as preocupações desse estágio da vida levam muitas mulheres a se sentirem isoladas em sua jornada.
Em 2022, a empresa Biote realizou uma pesquisa com mais de 1000 mulheres. Os resultados mostraram que 40% delas tiveram o desempenho profissional afetado pelos sintomas da menopausa. O mesmo estudo mostrou que quase 20% das mulheres menopausadas se demitiram ou consideraram se demitir.
A menopausa impacta não apenas a qualidade de vida e os relacionamentos, mas também a carreira, e consequentemente, põe em risco a segurança financeira das mulheres maduras.
Ainda assim, menopausa não é fim. É recomeço!
É fundamental reconhecermos que a menopausa é um estágio natural e inexorável da vida. Absolutamente 100% das mulheres que não tiverem uma morte precoce chegarão lá.
Portanto, a menopausa não pode ser simplesmente varrida para debaixo do tapete, como se não tivesse relevância alguma. Não pode ser mais um obstáculo à carreira das mulheres devido ao gênero. Muito menos, como uma barreira para a qualidade de vida e o bem-estar na maturidade.
O que precisa mudar não é a menopausa, mas a maneira como lidamos com ela.
Precisamos buscar formas eficazes de gerenciar seus sintomas... terapia de reposição hormonal, nutrição funcional, exercícios físicos adequados, psicoterapia especializada, redes de apoio. Essa lista precisa crescer em número e qualidade.
Mas isso só vai acontecer quando quebrarmos os tabus associados à menopausa e ampliarmos o diálogo, a pesquisa científica, as políticas públicas e privadas dedicadas ao tema.
Só assim poderemos abraçar a menopausa com confiança e serenidade suficientes para vivencia-la com plenitude e potência, convertendo-a em ganhos para as mulheres, famílias e organizações afinal o que impacta a vida das mulheres, impacta o funcionamento de toda a sociedade.
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