Ela já teve uma confecção e uma papelaria. Em 2014, depois de 40 anos de trabalho, Carolina Ligia Solange Rogerio Pimentel, 67 anos, decidiu que era hora de se auto aposentar. “Queria ficar mais em casa”, conta. Nos dois primeiros anos, deu muita atenção para a mãe, que estava doente, e aos netos (são 3 _ de 12, 7 e 2 anos).
“Mas surgiu um vazio”, que foi logo preenchido com o que gosta de fazer: confeitar. De boleira da família, ofício que aprendeu com uma tia quando morava com toda a família no Bixiga (zona central de São Paulo), passou a ser a doceira dos amigos, dos amigos dos amigos, dos vizinhos. E não parou mais.
Da Farinha in Love, sua microempresa instalada no apartamento onde mora, no Morumbi (zona sul), ela faz cookies, doces e principalmente bolos decorados com pasta americana, que são seu grande diferencial. “O cliente chega com a ideia, eu pesquiso o tema, crio e modelo”, conta Sula, como é chamada por todos.
Chega a produzir mil doces em um único dia, e nem os finais de semana, às vezes, escapam. Valter, o marido, não reclama mais. “Ele sabe que me distrai, me diverte. Outro dia, ele, que não é muito de elogiar, comentou que gostou muito de um bolo colorido que moldei um palhaço.”
Bolos moldados em pasta americana, R$ 70 o quilo; crédito: Divulgação
Bolos moldados em pasta americana, R$ 70 o quilo; crédito: Divulgação
Além da tia e de uma vizinha de rua, suas mestras na adolescência, Sula afirma que nunca frequentou nenhum curso de confeitaria. Só agora diz que vai aperfeiçoar e aprender a fazer a massa que permite fazer decorações sobre cupcakes, minibolinhos e bolos de casamento e aniversário.
“No começo, apanhei bastante, porque, antigamente, não existia a pasta americana [mistura de açúcar de confeiteiro, xarope de glicose de milho e água], a gente usava glacê real [feito de claras de ovo e açúcar de confeiteiro]. E, na verdade, ainda apanho.”
Cookie no palito, R$ 10 cada um; crédito: Patrícia Trudes da Veiga
Para a Páscoa deste ano _ que, na avaliação dela, está “um pouco mais fraquinha que o ano passado”, quando ela lembra ter vendido “muito bem” _, Sula aposta em lembrancinhas temáticas de baixo custo, a partir de R$ 10: cookies em formato de ovinhos e coelhos, em delicadas embalagens.
[Na maturidade], “a gente descomplica tudo. Consegue parar, pensar e escolher o caminho certo”
Das jornadas que se estendem até a madrugada _ “dificilmente eu digo não a um pedido, mesmo de última hora”_, ela tira um lucro mensal de R$ 4.000. Investe em dólares para viajar. Grécia é o próximo destino do casal. “Mas o melhor é que ocupo a minha cabeça.”
Da maturidade, ela diz que colhe o melhor: “A gente descomplica tudo. Consegue parar, pensar e escolher o caminho certo a ser seguido. E encara as dificuldades como um aprendizado, e as conquistas, como um merecimento.”
Farinha in Love – tel. 3758-1738, farinhainlove@gmail.com