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O mundo do trabalho que você conhece há décadas está prestes a se tornar bem diferente. Isso porque um importante marco demográfico está em curso – pelo menos para os países mais ricos.
Segundo o “Wall Street Journal”, 2016 marca uma mudança significativa na população em idade ativa das mais avançadas economias mundiais. Neste ano, a população vai diminuir pela primeira vez desde 1950.
O que isso significa para você? Num futuro próximo, nada vai mudar muito.
Mas como os formuladores de políticas públicas e as empresas começam a sentir abalos, espere algumas mudanças dramáticas na forma como as sociedades e economias funcionam.
Conforme um grande número de baby boomers começa a deixar a força de trabalho, perguntas difíceis ganharão foco em relação ao futuro do trabalho:
1 - Qual será a idade de aposentadoria no futuro e como uma mudança afeta a qualidade de vida pós-aposentadoria?
2 - Que tipo de rede de segurança financeira os aposentados poderão esperar do governo se não tiverem economizado o suficiente?
3 - Diante de uma força de trabalho reduzida, como empregadores motivarão trabalhadores mais velhos a adiar a aposentadoria?
4 - O crescimento da expectativa de vida exigirá que os sêniores trabalhem mais tempo para atenuar o custo crescente dos cuidados de saúde?
Mudanças aceleram tendências na força de trabalho
Como um grande número de trabalhadores começa a pedir demissão, os empregadores estão se preparando para uma perda significativa de experiência e talento. Na América do Norte, na Europa e na Ásia, todos os países enfrentam os mesmos desafios.
Ao mesmo tempo, a carga de trabalho dos empregados crescerá, já que eles passarão a manter uma base proporcionalmente maior de aposentados.
Um indicador frequentemente citado, o Índice de Potencial de Suporte (IPS), é a proporção entre pessoas em idade ativa (de 15 anos a 64 anos) e aposentados. De acordo com a Universidade Yale, em 1950, o número global foi 12. Hoje, ele caiu para 8 e continuará a diminuir para 4 em 2050.
Atualmente, o índice americano é 4. Para muitas nações com industrialização mais antiga, o número é muito mais baixo. O Japão tem um IPS de 2, um dos mais baixos do mundo. Em 2050, países como Alemanha, Japão e Coreia do Sul verão seus números caírem para 1,5, enquanto o dos EUA deverá baixar para 2,5.
“Alarmados, alguns países implementaram reformas, como o aumento da idade de aposentadoria, e consideram reduzir benefícios públicos para aposentados”
Esse declínio nos países industrializados significa que relativamente menos trabalhadores pagarão impostos e participarão da força de trabalho global – um desenvolvimento preocupante, na medida em que as fileiras de aposentados incham, e o encargo de pensões e cuidados de saúde aumenta.
Alarmados, alguns países implementaram reformas, como o aumento da idade de aposentadoria, e consideram reduzir benefícios públicos para aposentados. No entanto, as políticas públicas permanecem inalteradas em muitos países da Europa continental, o que terá um impacto negativo sobre os gastos públicos e os impostos no futuro.
Algumas dessas preocupações giram em torno de gastos de saúde pública, que estão aumentando mais rapidamente do que os custos de pensões na maioria dos países.
Nos EUA, os gastos do governo com saúde per capita são os mais elevados do mundo, de aproximadamente US$ 6.000, de acordo com um estudo publicado no “American Journal of Public Health”.
Os três grandes programas – Medicare, Medicaid e Veterans Administration – verão os custos superar a inflação. Contudo, os Estados Unidos não estão sozinhos – muitos países europeus também vivem um aumento acelerado nos custos dos cuidados de saúde.
Pensões sob ataque
Os planos de pensões em todo o mundo também beneficiam os trabalhadores que se aposentam mais cedo. Aqueles que adiam a aposentadoria em um ou dois anos raramente veem um aumento correspondente no pagamento mais tarde, o que significa que há um incentivo a quem se aposenta no tempo ou mesmo mais cedo. Em todo o mundo, muitos governos estão cortando benefícios, prevendo as enormes obrigações em aposentadoria que estão por vir.
“Aumentar a idade de aposentadoria é um discurso recorrente entre os formuladores de políticas públicas, mas poucos colocaram em prática uma proposta tão radical”
O que isso significa para os formuladores de políticas públicas e para as empresas que operam nesses mercados? Por um lado, o talento está prestes a ficar mais difícil de encontrar e reter. Essa tendência permanecerá por muitos anos, enquanto as aposentadorias ocorrerem em grande número, ultrapassando o número de trabalhadores mais jovens que entram no mercado de trabalho. Crescem os esforços para proporcionar mais formação de jovens, mas isso pode não ser suficiente.
Aumentar a idade de aposentadoria é um discurso recorrente entre os formuladores de políticas públicas, mas poucos colocaram em prática uma proposta tão radical. Mas, quando essas novas características demográficas se tornarem realidade, os líderes mundiais podem não ter escolha. Um relatório da Universidade Yale mostra que, em 2050, a idade de aposentadoria mundial terá de aumentar para 73 anos, a fim de manter o IPS atual.
Como isso afetará seu lugar no mercado de trabalho? Espere mais empresas incentivando trabalhadores a estender suas carreiras. Ao oferecer cargos em período parcial e horários de trabalho flexíveis, bem como muitos outros benefícios, as companhias esperam atrair e reter profissionais mais velhos.
“A aposentadoria é um acontecimento que muitos de nós aguardamos ansiosos. Mas com a demografia apontando para desafios significativos futuros para muitas sociedades, reconsiderar quando parar pode ser um movimento sábio”
Na Holanda, a Randstad começou recentemente a +Power Iniciative, destinado a trabalhadores de 50 anos ou mais. Ao enfatizar seus melhores atributos, tais como energia, equilíbrio, força de vontade, envolvimento e experiência, a proposta é uma maneira de conectar empregadores e trabalhadores mais experientes.
A aposentadoria é um acontecimento que muitos de nós aguardamos ansiosos. Mas, com a demografia apontando para desafios significativos futuros para muitas sociedades, reconsiderar quando parar pode ser um movimento sábio.
Não apenas suas habilidades e sua experiência serão mais valorizadas nos próximos anos, mas suas contribuições o levarão a um estilo de vida mais ativo e a um impacto positivo para o bem público.
Sobre o autor
Jacques van den Broek é CEO e presidente do Conselho Executivo da Randstad Holding NV. Ele é responsável pelas operações na Alemanha, no Reino Unido, na Austrália, na Nova Zelândia, na China, em Hong Kong, em Cingapura e na Malásia, bem como pelo desenvolvimento do conceito de negócios, pelas soluções para clientes globais, pelos recursos humanos, pelo marketing e comunicações, pelas relações públicas e pelo conceito interno. Formado em direito pela Universidade Tilburg, ocupou brevemente um cargo de gestão na Vendex Internacional, antes de se juntar à Randstad como gerente de filial em 1988. Ao longo dos anos, ocupou vários cargos, incluindo diretor regional na Holanda e diretor de marketing na Europa. Em 2001, tornou-se CEO da newmonday.com e, em 2002, foi nomeado diretor-geral da Capac Inhouse Serviços (agora Randstad Inhouse Services). Na época, também foi responsável pela Randstad Dinamarca e Suíça. Ele passou a ser membro do conselho executivo em janeiro de 2004.
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