Desbravar um país desconhecido por si só para aprender uma nova língua e vivenciar uma cultura diferente deixou de ser algo só para adolescentes. O que antes era visto como uma aventura juvenil tem se tornado uma rotina para pessoas com 50 anos de idade ou mais. Como disse o poeta Fernando Pessoa, a fórmula é simples: “Para viajar, basta existir”.

“Um novo idioma exige muito da cabeça. Você faz um esforço maior para aprender, e eu quero muito ficar ativo intelectualmente”

É o caso do professor Francisco de Assis Monteiro, 62 anos. A caminho do terceiro intercâmbio – o primeiro foi por volta dos 28 anos, em Londres, e o segundo ocorreu no final do ano passado, quando ficou quatro meses na Irlanda –, ele classifica a experiência como excelente.

“Por que aprender uma língua? Não preciso para a minha profissão agora, mas quero para manter minha mente ativa. Um novo idioma exige muito da cabeça. Você faz um esforço maior para aprender, e eu quero muito ficar ativo intelectualmente”, afirma.

Seus planos continuam: assim que se tornar fluente em inglês, quer aprender francês. Monteiro acredita que viver essa experiência nessa idade é algo enriquecedor, já que a maturidade lhe traz mais aproveitamento do conhecimento.

A terceira viagem será rumo a Edimburgo, na Escócia, no fim do ano. “Sou aposentado e continuo trabalhando. Acho que a pessoa mais velha precisa buscar desafios e viver a vida. Para mim, intercâmbio é satisfação pessoal e alegria”, festeja.

“Com a minha experiência acumulada, o sabor de descoberta de cada lugar foi maior”

A realização individual também foi a tônica que moveu a advogada Márcia Liendo, 50 anos, para passar 34 dias fora do Brasil. Seu objetivo era ampliar o conhecimento da língua inglesa, e a viagem se dividiu entre aprendizado e passeios na pitoresca ilha de Gozo, que faz parte do arquipélago, e em Malta. “Conheci 15 países até agora, mas com certeza Malta foi uma das melhores viagens de minha vida”, avalia.

Intercâmbio Marcia Liendo na Ilha de Comino, em Malta; Crédito: Arquivo Pessoal.

Para ela, as maiores vantagens de fazer intercâmbio aos 50 anos foram poder viajar com mais tranquilidade porque os filhos já estão crescidos e também contar com estabilidade financeira. “Além disso, com a minha experiência acumulada, o sabor de descoberta de cada lugar foi maior - sem contar que pude aproveitar o curso de inglês sem a cobrança da juventude, ou seja, de um modo mais relaxado e gostoso.”

Àqueles que desejam fazer intercâmbio nessa idade, Márcia recomenda que perguntem para quem já foi, pesquisem a idoneidade da empresa na internet e verifiquem se os preços praticados são justos. Se a ideia é fazer uma viagem curta como a dela, um planejamento de seis meses é o ideal. Há tempo para obter o visto e providenciar as vacinas obrigatórias.

“No mais, contratar com antecedência é interessante para poder parcelar a viagem e se programar melhor financeiramente”, explica. Trabalhoso, mas, no caso da advogada, valeu a pena. “Foi maravilhoso”, exclama, dizendo que já planeja uma etapa similar para a África do Sul ou Irlanda com o marido.

“Juntei a minha necessidade de aprender inglês com o prazer. Afinal, estou na idade em que prazer é mais importante do que obrigações”

Já a viagem da gerente administrativa Maria Nazaré de Souza Goveia do Nascimento, 49 anos, veio de um sonho que nutria desde a juventude: conhecer Londres. Às vésperas de completar 50 anos, ela fez as malas para passar um mês na capital britânica. Foi a primeira viagem ao exterior e um só veredito: “Inesquecível! Vou viver até os 100 anos e não vai sair na minha mente”, declara.

Os objetivos de estudar e passear se cumpriram bem, segundo ela. “Mais do que aprender, eu queria conhecer Londres. Andei bastante e melhorei o inglês, juntei a minha necessidade com o prazer. Afinal, estou na idade em que prazer é mais importante do que obrigações”, afirma.

A experiência de Maria Nazare influenciou todos ao redor: seu marido, de 52 anos, já está com viagem marcada para Nova York, numa estadia de três meses de intercâmbio.

Além dele, a comadre de 60 anos está planejando sua temporada no exterior. De onde vem tanta inspiração? Ela sintetiza: “Tem uma hora em que precisamos vencer os nossos medos. Alguns amigos achavam que era uma coisa que não poderia ser realizada. A gente que se coloca em limites, né? Então precisamos quebrá-los.”

QUANTO CUSTA O INTERCÂMBIO*

Clube 50+, na World Study

Itália - Roma

2 semanas de curso de italiano, acomodação, atividades e café da manhã

Preço: R$ 5.419

Espanha - Málaga, Barcelona, Salamanca ou Tenerife

2 semanas de curso de espanhol, acomodação, atividades e café da manhã

Preço: R$ 4.775

Malta

2 semanas de curso de inglês, acomodação, atividades e café da manhã

Preço: R$ 5.991

CI Intercâmbio e Viagem

Itália - Roma

Curso de italiano com 20 lições por semana, por duas semanas, na escola DILIT. Acomodação em casa de família com quarto individual

Preço: R$ 5.023,30

Malta – St. Julian’s

Curso de inglês com 20 lições por semana, por duas semanas, na escola EC. Acomodação em casa de família com quarto individual e meia pensão. Traslado de chegada e partida incluso

Preço: R$ 5.157

Espanha - Barcelona

Curso de espanhol com 20 lições por semana, por duas semanas, na escola Enforex. Acomodação em apartamento estudantil com quarto individual.

Preço: R$ 3.850,56

(*) Valores não incluem passagem aérea

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