Ainda não se fala em uma tradução para o português, que provavelmente seria algo como “Banco Aberto”. Com ou sem tradução, o Open Banking chega para ficar.
A ideia é simples: todo mundo sabe que, quanto maior o tempo de relacionamento com um banco, melhores são as chances de conseguir crédito. No entanto, nem sempre as taxas que os clientes conseguem para utilizar alguns serviços, como empréstimos e financiamentos são as mais atrativas.
Isso porque, de certa forma, existia um relacionamento exclusivo com determinada instituição financeira, que impedia o cliente de buscar melhores taxas em outros bancos.
Para resolver essa situação, o Banco Central decidiu entrar em cena em favor do cidadão: agora as informações do cliente, como dados bancários, histórico de bom pagador etc., pertencem ao cliente, e não à instituição. Na prática, isso é o Open Banking.
Mais segurança e controle sobre seus dados
Para explicar melhor, fomos conversar com o professor de Banking e Macrofinanças do Mestrado em Economia e Gestão da Universidade Cândido Mendes, Claudio de Moraes.
“O cliente agora é dono de suas informações. Imagine você poder pegar todo o seu histórico construído ao longo do tempo com um banco, como contas pagas em dia, fonte de renda mensal, quitação de empréstimos, perfil de gasto, e levá-las para onde quiser, sem ter que começar um relacionamento do zero com uma nova instituição?”, explica Moraes.
Banco Central definiu as regras para o funcionamento do Open Banking. Foto: rafastockbr / Shutterstock.
Por exemplo, o cliente de um banco X faz uma cotação para o financiamento de um automóvel. O banco X, que já mantém relacionamento com o cliente há algum tempo, avalia seu histórico e define uma taxa.
Caso esse cliente não fique satisfeito com as condições oferecidas, ele pode procurar outras instituições, como, por exemplo, os bancos A, B e C, e realizar cotações para a contratação daquele mesmo serviço. Para isso, basta solicitar ao banco X que compartilhe com os bancos A, B e C todas as suas informações bancárias.
Tudo isso acontece por meio de uma tecnologia segura e padronizada (conhecida como API) para simplificar a portabilidade dos dados dos clientes. O cliente poderá manter seu relacionamento com o banco X, sendo livre para adquirir produtos e serviços em melhores condições dos demais bancos do mercado.
Na opinião do professor, as vantagens são muitas. “Primeiramente, porque aumenta a disputa entre as instituições financeiras e também o poder de negociação do cliente. O que se espera com isso é um aumento na oferta de produtos e serviços financeiros com taxas mais acessíveis”, avalia Moraes.
“Em segundo lugar, o fato de o histórico do cliente poder ser consultado por outros bancos obriga que esses clientes sejam mais cuidadosos e comprometidos em seus relacionamentos com os bancos”, acrescenta.
Moraes lembra que esta é uma decisão de vanguarda e que o Brasil sai na frente de muitos outros países ao dar esse passo. “Poucos são os países que implementaram esse modelo criado no Reino Unido e praticado em alguns poucos países da Europa. Esta com certeza é uma grande inovação que estamos trazendo para o mercado”, comemora o especialista em Banking.
Atualmente, países como Estados Unidos, Austrália, Japão e Hong-Kong, além da União Europeia, se encontram em fase de estudos para implementar o Open Banking.
Open Banking no Brasil
No Brasil, o Open Banking começou a ser incrementado em fevereiro deste ano, com a abertura dos dados das instituições participantes.
Todo o processo foi dividido em quatro fases. A segunda fase teve início no dia 13 de agosto, com o compartilhamento dos dados pessoais de cadastro dos clientes. Mas para que isso aconteça, é preciso que o cliente autorize o seu banco a incluí-lo no cadastro de Open Banking, o que é feito na primeira fase.
A terceira fase começou nesta sexta-feira, 29 de outubro, com uma integração ao PIX. Agora, os usuários do PIX podem realizar pagamentos por meio de aplicativos que não sejam do banco, como os de varejistas ou de redes sociais. Uma das formas mais recentes é por meio de WhatsApp, que foi autorizado pelo Banco Central a atuar como iniciador de pagamento e poderá ser vinculado ao PIX.
Outra vantagem da integração entre Open Bankig e Pix é que o usuário pode autorizar o salvamento de suas informações no site da empresa onde a compra é realizada. Assim, ele não precisará fazer o recadastramento de dados ou fazer nova leitura de QR Code para finalizar uma nova transação.
Lembrando que, assim como as demais funções do serviço, o compartilhamento de informações só será feita com a autorização prévia do cliente.
Em dezembro acontecerá a última fase da implementação do Open Banking, com o compartilhamento de outros dados de produtos e serviços, como informações relacionadas a operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.
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