A renda média do brasileiro foi de R$ 3.057 em 2024, segundo o IBGE. O dado, considerado recorde nominal desde o início da série histórica, em 2012, foi comemorado em manchetes, mas esconde uma dura realidade: a renda no Brasil está estagnada há uma década, e o poder de compra caiu drasticamente no período.

Em 2014, recorde anterior, o rendimento médio mensal era de R$ 2.974. Porém, se o valor fosse ajustado pela inflação acumulada entre dezembro de 2014 e dezembro de 2024 (cerca de 115%), o salário médio precisaria estar em torno de R$ 6.419 para manter o mesmo poder de compra. O que se vê é uma queda real de renda ao longo de dez anos, mascarada por um número absoluto maior.

"O dado nominal pode ser tecnicamente verdadeiro, mas ignora um contexto de inflação, perda de poder aquisitivo, informalidade crescente e desemprego elevado que marcou a década. Ou seja, o brasileiro não ganha mais. Ele ganha menos. Isso acontece há bastante tempo", explica o gerente do Instituto de Longevidade MAG, Antonio Leitão.

Renda média do brasileiro bate recorde, mas é baixaFonte: wutzlzohphoto/Shutterstock

Renda média do brasileiro é baixa e informalidade é alta

Segundo o mesmo levantamento do IBGE, em 2024, dos 100,7 milhões de pessoas ocupadas no país, 39,5 milhões estavam na informalidade. O número representa 39,2% da força de trabalho. Isso significa trabalhadores sem carteira assinada, sem acesso a benefícios previdenciários, licença médica, aposentadoria ou estabilidade.

Vale ressaltar que, historicamente, as taxas de informalidade no Brasil são altas. Em 2014, por exemplo, essa taxa era de 38,6% segundo o IBGE, representando cerca de 36 milhões de pessoas. Entre 2016 e 2019, o percentual chegou a subir de 40,4% para 42,8%. Ele chegou a cair dois pontos percentuais em 2020 devido à pandemia de covid-19.

"É o retrato de um mercado de trabalho que cresce à base de bicos e subempregos, enquanto os salários médios dificilmente acompanham o custo de vida. Além disso, a informalidade puxa a média salarial para baixo e coloca milhões em uma situação de extrema vulnerabilidade", avalia Leitão.

Aposentadorias: 70% dos beneficiários do INSS recebem até um salário mínimo

A desigualdade de renda não se limita aos trabalhadores ativos. Ela se estende, e até se agrava, entre os aposentados. De acordo com dados do INSS, 70% dos benefícios pagos pelo instituto em 2024 foram de até um salário mínimo. Atualmente o valor é de R$ 1.518.

O valor médio das aposentadorias no Regime Geral (INSS) ficou em R$ 1.620. Essa é uma quantia muito distante da realidade de consumo e necessidades básicas da população idosa. Algo que deve ser levado em conta principalmente em um país com aumento do custo de vida e despesas médicas elevadas. Em muitos casos, o aposentado é o único provedor da casa, sustentando filhos e netos com essa renda mínima.

Dados do Banco Mundial mostram que, além da renda média do brasileiro ser baixa, ele ainda enfrenta obstáculos para poupar e investir. A taxa de poupança doméstica neste cenário atingiu 14,5% em 2024. Ela chegou ao menor patamar desde 2019, antes da pandemia da Covid-19.

O gerente do Instituto de Longevidade explica que, neste cenário, são milhões de brasileiros dependendo de crédito rotativo. Eles estão vivendo no endividamento e chegando à velhice sem qualquer tipo de reserva ou organização financeira para a aposentadoria. "É um ciclo de precariedade que se perpetua e que exige cada vez mais educação e planejamento das finanças", finaliza.


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