A desigualdade financeira feminina é uma realidade global que afeta milhões de mulheres. Dados apresentados no Century Summit, evento realizado pelo Centro de Longevidade da Universidade Stanford, em janeiro, mostram que as mulheres vivem mais, ganham menos e, ao chegar à velhice, 50% delas vivem abaixo da linha da pobreza.

O tema da quinta edição do evento foi “Etarismo e o futuro intergeracional”, e uma das questões mais debatidas foi o envelhecimento feminino. Especialistas de diversas áreas destacaram que, para receber o mesmo salário que um homem em 2023, as mulheres precisaram trabalhar até 12 de março de 2024. Essa disparidade reflete desafios como diferenças salariais, interrupções na carreira e falta de acesso à educação financeira.

Diferença salarial em números

A desigualdade financeira feminina pode ser medida em dados concretos. Mulheres acumulam, em média, US$ 1 milhão a menos que homens ao longo da carreira (cerca de R$ 5 milhões). Para equiparar o salário anual de um homem em 2023, uma mulher precisaria trabalhar até 12 de março de 2024 (72 dias a mais). No caso das mulheres negras, a situação é ainda mais grave: elas precisam trabalhar até 9 de julho de 2024 para ganhar o mesmo que homens brancos em um ano.

Esses números mostram como a disparidade salarial impacta a vida financeira das mulheres desde o início da carreira até a aposentadoria. Annamaria Lusardi, professora de Stanford, reforça que “as mulheres enfrentam mais barreiras profissionais e recebem menos promoções. Além disso, muitas interrompem a carreira para criar os filhos ou assumir o papel de cuidadoras de familiares. O sistema é pouco amigável para elas em todas as faixas etárias, em todos os países.”

Mãos femininas fazendo anotações de cálculo em um caderno. Ao redor, um cofre e uma calculadora. Imagem para ilustrar a matéria sobre desigualdade financeira feminina. Crédito: Shumytskaya Olga/Shutterstock

Desigualdade financeira feminina e aposentadoria: um futuro incerto

A desigualdade financeira feminina se reflete também na velhice. Dados revelam que 50% das mulheres idosas vivem abaixo da linha de pobreza. A interrupção da carreira para cuidar da família é um dos fatores que contribuem para esse cenário.

Além disso, duas em cada três aposentadas afirmam que começariam a poupar mais cedo se pudessem voltar no tempo. Apenas 21% das mulheres acreditam que sua poupança durará mais de 30 anos após a aposentadoria. JoAnne Moore, da Financial Corebridge, destaca que 85% dos centenários são mulheres, mas muitas não têm recursos para uma aposentadoria confortável.

Educação financeira como ferramenta de empoderamento

A falta de confiança em conhecimentos financeiros é outro desafio. Lusardi diz que as mulheres são mais cautelosas, mas isso não significa que não possam investir e buscar melhores oportunidades. 

Dados mostram que 38% das aposentadas gostariam de ter buscado ajuda de um consultor financeiro. Aprender a negociar salários e investir com segurança pode transformar a realidade das mulheres. “Sempre aconselho às minhas alunas: aprendam a negociar e a pedir um salário maior”, completa Lusardi.

Gerações e prioridades financeiras

Cada geração tem desafios e prioridades diferentes. Baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e geração X (1965-1980) focam na aposentadoria, enquanto millennials (1981-1996) e geração Z (1997-2010) priorizam a construção de carreiras de sucesso.

  • Baby boomers e geração X: 61% e 59%, respectivamente, consideram poupar para a aposentadoria crucial.
  • Millennials e geração Z: 45% e 58% buscam construir carreiras de sucesso.

Essas diferenças mostram como as prioridades financeiras mudam ao longo do tempo, mas a necessidade de equidade salarial e planejamento financeiro é uma constante.

A desigualdade financeira feminina é um problema estrutural que exige ações urgentes. Empoderar mulheres com educação financeira, promover políticas de equidade salarial e incentivar o planejamento para a aposentadoria são passos essenciais para um futuro mais justo.


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