Você é daqueles que não deixa para amanhã o que pode fazer hoje? Por um lado, isso é positivo – um sinal de que aproveita a vida. Porém, se isso implica despesa monetária, cuidado: guardar recursos para ter um futuro mais sossegado em relação às finanças requer certo freio no consumo presente. E também sabedoria diante da pergunta: como investir meu dinheiro?
A resposta, por sinal, está muito ligada à conjuntura econômica atual. Fórmulas de poupar com mais inteligência que eram sucesso há cinco ou dez anos precisam ser revistas de acordo com o contexto que vivenciamos hoje, conforme alertam os consultores financeiros.
“O cenário atual de taxa [básica] de juros [da economia, a Selic] baixa muda tudo por completo”, avalia o economista André Roncaglia. Professor de economia do Eppen/Unifesp (Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo), Roncaglia também é sócio-fundador da Consultoria Stokos Economics Research. “Com esse quadro, as aplicações mais seguras do mercado estão rendendo ainda menos. Assim, quem quer ter maior retorno monetário no futuro tem mesmo que partir para investimentos mais agressivos.”
Se você já sentiu um frio na espinha porque não é um grande entendedor das particularidades dessas aplicações do mercado financeiro, mantenha a calma. Com algumas dicas simples, já é possível fazer bonito na hora de saber como investir meu dinheiro e constituir um pé-de-meia para uma longevidade financeira tranquila.
Resgate a longo prazo
Comecemos pelo começo. Trocando em miúdos, é necessário saber que os investimentos de menor risco são os de renda fixa. São eles os títulos do governo, títulos de CDB (Certificado de Depósito Bancário) e a famigerada poupança.
“Como estão atrelados à Selic, têm dado menos retorno”, crava Roncaglia. As LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) também são alternativa, sendo que oferecem mais variedades de período de aplicação e de taxa de remuneração – esta pode ser pré ou pós-fixada, por exemplo.
Uma das vantagens dessas aplicações é o possível resgate a curto prazo. Mas, como estamos falando de guardar dinheiro para a segurança de um futuro mais distante, o mais indicado para esse propósito é de fato o oposto: escolher modalidades de investimento que dificultem o imediatismo do saque.
É justamente o caso das aplicações que, embora ofereçam maior risco, projetam ganhos igualmente maiores no médio e no longo prazos. Aqui, as referências são, sobretudo, os mercados de ações e da Bolsa de Valores. Há ainda uma opção de renda fixa de longo prazo, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), mais conservadora que as ações, porém mais incerta que CDBs e poupança.
Como investir meu dinheiro? Os quatro pilares da escolha
O grande pulo do gato para quem opta por fundos de investimento mais arriscados, como os fundos de ações, é analisar cada aplicação a partir de quatro pontos básicos, de acordo com Roncaglia.
“O primeiro deles é a taxa de retorno média, que costuma variar muito de um investimento para o outro”, ensina. “Em segundo lugar, deve-se checar a carência mínima de permanência do capital investido, ou seja, a partir de quanto tempo ele poderá ser resgatado”, diz.
Outro aspecto a ser verificado é a alíquota do Imposto de Renda que incide sobre o fundo de investimento de longo prazo. O quarto pilar dessa análise é a taxa de administração que o banco cobra para gerenciar o fundo – há a hipótese de partir para esse tipo de mercado sem o intermédio de uma instituição financeira, mas o risco, nesse caso, se multiplica ainda mais.
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Roncaglia ressalta que é mais vantajoso para o investidor quando essa taxa administrativa é cobrada sobre o rendimento e não sobre o estoque de riqueza de quem aplica. “Devido à concorrência entre os bancos nessa seara, a maioria tem mesmo oferecido uma taxa que incide sobre o retorno obtido pelo aplicador e não sobre o estoque”, afirma o professor do Eppen/Unifesp.
De qualquer forma, é bom ficar de olho nessa questão. Ou melhor, nesses quatro itens que destacamos. “É muito comum o investidor se deixar seduzir apenas pela taxa de retorno média do fundo e negligenciar os outros aspectos”, alerta.
O especialista lembra ainda que as oscilações dos investimentos em ações costumam se compensar ao longo de um tempo estendido. Assim, perdas ocasionais deverão ser superadas por ganhos considerando-se um prazo de anos – ou décadas. “Mas o investidor precisará controlar a ansiedade nos momentos de baixa”, avisa.
Diversidade nos investimentos
Outra dica valiosa de como investir meu dinheiro para a longevidade financeira saudável é dada por Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa): a de diversificar os investimentos. E, na equação por ele sugerida, entra de tudo um pouco.
A começar pelos investimentos mais conservadores. E, nesse caso, falamos de princípio mesmo. “Para quem está iniciando a constituição de reservas para o futuro, é recomendável guardar o equivalente a uma provisão de seis meses em investimentos que permitam o resgate a curtíssimo prazo, para o caso de alguma despesa emergencial inesperada”, calcula Rocha. E, para tanto, vale até lançar mão da poupança, que, em um cenário de Selic baixa, nem é tão mau negócio.
A partir dessa reserva inicial, pode-se, então, partir para as aplicações de maior risco. Nesse pacote de diversificação, cabe também um plano de previdência privada. E até um bem imóvel, mas observando com cuidado o seu tipo – “apartamentos de um ou de dois dormitórios têm sido mais procurados para aluguel”, pontua Rocha – e a sua localização.
Ajuda profissional
Ainda está inseguro? Uma carta na manga pode ser a ajuda de um planejador financeiro profissional. “O melhor é contratá-lo por consulta e não como um prestador de serviço fixo mensal”, orienta o professor do Insper. “Mais ou menos como fazemos com a ida ao dentista, que é realizada cerca de duas vezes por ano”, compara.
Rocha chama ainda a atenção para um aspecto vital diante da pergunta: como investir meu dinheiro? “Até mais importante que o tipo de investimento é a disciplina de guardar dinheiro todo mês”, frisa. “A meta deve ser entre 5% e 20% da renda mensal, de acordo com a disponibilidade.”
Voltando ao começo do texto, trata-se exatamente daquela consciência de deixar para amanhã uma parte do que você poderia gastar hoje. E então, está preparado?
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