Um estudo desenvolvido em parceria por cientistas dos institutos de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis e de Biofísica Carlos Chagas Filho, ambos da UFRJ, e da Queen’s University, no Canadá, descobriu que a prática de exercícios físicos é fundamental para tratar e prevenir o Alzheimer. De acordo com os pesquisadores, a irisina, hormônio produzido pelos nossos músculos quando estamos praticando exercícios físicos, tem o importante papel de proteger o cérebro e restaurar a memória afetada pela doença.
Antes associada somente à queima de gordura, a irisina, que recebeu esse nome em homenagem à mensageira dos deuses, Íris, ajuda na comunicação entre os neurônios e na formação de memórias. O grupo descobriu que pessoas com Alzheimer têm menos irisina no cérebro.
Com isso, os cientistas garantiram que já é totalmente possível afirmar que o exercício físico contribui para prevenir o Alzheimer, mesmo que outros estudos ainda precisem ser realizados. Ainda não se sabe, por exemplo, como a irisina atua para impedir que os neurônios sejam atacados pelas placas de beta-amiloide, características da doença.
Em entrevista à imprensa, Fernanda de Felice, uma das responsáveis pelo estudo, afirmou que não importa o tipo de exercício; o fundamental é que essa prática passe a fazer parte da vida das pessoas. “Não é fácil”, garante a pesquisadora. “Mas compensa”.
Agora, já é possível pensar na possibilidade de desenvolver medicamentos à base de irisina, que serão usados tanto por pacientes com Doença de Alzeheimer quanto por portadores de deficiências físicas. As drogas utilizadas hoje para tratar e prevenir o Alzheimer possuem efeitos temporários, com resultados efetivos em apenas 50% dos casos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 35 milhões de pessoas em todo o mundo têm a doença. No Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas sofrem com o Alzheimer. O problema maior é que esses números aumentam a cada ano, sendo diretamente proporcional ao aumento da expectativa de vida da população mundial, afirma o gerontólogo e gerente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Antônio Leitão. “Para se ter uma ideia, uma a cada quatro pessoas com mais 75 anos correm risco de desenvolver Alzheimer. Já para pessoas com mais de 85 anos, esse percentual sobre para 40%”, informou Leitão.