O empresário Ivan Dionysio, 50 anos, ouviu falar pela primeira vez sobre bitcoin em uma conversa informal com o filho em 2014. Curioso, pesquisou sobre o tema, avaliou que poderia diversificar os investimentos – que estavam todos na poupança – e " arriscar em algo novo, colocando pouco dinheiro".

Segundo ele, foram investidos R$ 3.000 em outubro de 2014. No início de janeiro, o mesmo montante havia valorizado e chegado a R$ 110 mil. "Teve gente que falou que eu estava aplicando minha renda em dinheiro de brinquedo. Como é tudo muito novo, precisamos ter cautela", alerta ele, que não aplica mais de 5% da renda em moedas virtuais.

Mas, afinal, o que são bitcoins?

Os bitcoins são moedas virtuais, que não existem fisicamente. Ou seja, não é possível abrir a carteira e encontrá-los, nem sacá-los em um caixa eletrônico. "Como todas as transações são feitas pela internet, elas são válidas no mundo todo. É um investimento sem fronteiras", destaca Danilo Martins, palestrante de bitcoin da Startup Grid, espaço de empreendedorismo no Rio de Janeiro.

Como os bitcoins são criados?

Como no ouro e nas pedras preciosas, a mineração também é usada para bitcoins. É um processo complexo, que envolve supercomputadores. Eles trabalham para garantir que o balanço público das transações esteja disponível e para garantir que o sistema seja à prova de hackers ou de fraudadores. Quem consegue executar essas tarefas recebe, em recompensa, bitcoin.

Quem regula a emissão de bitcoin?

Não há um órgão regulador, como um Banco Central Bitcoin. A moeda é produzida de forma descentralizada no mundo por desenvolvedores que criam bitcoins e registram as transações feitas. "Não há regulamentação que defenda o investidor que se sentir lesado na compra ou na venda de um bitcoin. No ambiente virtual, tudo é muito subjetivo", explica Juliana Inhasz, economista do Insper.

Como é o lastro (garantia) do bitcoin?

Para responder essa pergunta, é preciso voltar algumas décadas atrás. Antes, no mundo, era adotado o padrão-ouro. Ou seja, as moedas nacionais tinham seu correspondente em ouro. Hoje, o lastro não é mais o metal, mas a confiança do país – quanto maior, mais valorizada a moeda. No caso do bitcoin, não há ouro, nem órgão regulador. A segurança é baseada na confiança que as pessoas têm na rede.

Mas o próprio sistema tem regras. E uma delas é o crescimento do número de unidades de bitcoin em até 12 milhões até 2140. Esse limite foi estabelecido pelo criador da moeda, chamado Satoshi Nakamoto, um desenvolvedor que até hoje nunca teve sua identidade comprovada.

Quanto vale o bitcoin?

O valor da moeda segue a demanda do mercado, quanto maior a demanda, maior o seu valor. Sua volatilidade, contudo, é bastante alta – variando muito em pouco tempo. Em dezembro de 2017, ela teve uma valorização de 1.400% e atingiu a maior cotação da história US$ 19,3 mil (R$ 60,6 mil). Na metade de  janeiro, contudo, caiu a menos de US$ 10 mil (R$ 31,4 mil). No começo de fevereiro, era possível comprar uma unidade de bitcoin por R$ 28,5 mil ou comprar uma fração dela por valores menores.

"Há muito espaço para valorização, até pela curiosidade das pessoas. O risco é que os investidores tenham uma expectativa distorcida de lucros extraordinários, vendam seus ativos para receber os dividendos e, com isso, haja uma queda abrupta dos preços", analisa Juliana Inhasz, economista do Insper.

Quais são os riscos do bitcoin?

Além da variação na cotação, há a possibilidade de ataques de hackers, que buscam roubar corretoras, e erros nos códigos numéricos que compõem a moeda virtual. "Até hoje nenhum problema de tecnologia foi descoberto. Mas se algo for encontrado, o preço da moeda cai a zero. Ninguém quer comprar algo que tem erro. É como investir em uma empresa investigada por corrupção: prejuízo na certa", explica Martins, que também investe em uma corretora mobile de criptomoedas que será lançada neste mês.

Devo investir em bitcoins?

A decisão de aplicar na moeda digital deve levar em consideração o perfil do investidor e o objetivo financeiro.  A economista do Insper indica ser cauteloso e investir a longo prazo – como o empresário Dionysio, que aplica 5% de sua renda desde 2014.

"Quem tem dinheiro guardado, pode investir parte disso em bitcoins. A moeda virtual é como uma ação, você pode ganhar dinheiro ou perder quase tudo. É uma aposta", aconselha ela.

Leia também: Prazo de resgate influencia na escolha da melhor aplicação financeira

Como posso comprar bitcoins?

Primeiro, é preciso abrir uma conta em uma corretora especializada em moedas digitais, que fará a intermediação da compra. Depois de transferir os reais que quer aplicar, é o momento de comprar bitcoins.

O próximo passo é retirar as moedas virtuais da corretora e transferi-las para uma carteira de bitcoins na internet ou no computador. Ou, ainda, para uma carteira digital (espécie de pendrive para armazenamento de dados com mais segurança). Vale manter os bitcoins guardados até a moeda valorizar o bastante para ser vendida no mercado.

O que comprar com bitcoins?

O site Coinmap (https://coinmap.org) mostra quais são os 12 mil estabelecimentos em todo o mundo, incluindo o Brasil, que aceitam pagamento em bitcoin.

Clique aqui e conheça a calculadora de aposentadoria do Instituto de Longevidade Mongeral, que mostra gratuitamente quanto tempo falta para você conseguir o benefício integral

Compartilhe com seus amigos