Profissionais que se aposentam antes dos 65 anos e continuam no mercado de trabalho têm uma redução de salário entre 30% e 80%, segundo pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Esse resultado pode ser explicado por mudanças de emprego e redução da carga horária dos trabalhadores.
O estudo "Nota sobre as Perdas Decorrentes das Aposentadorias Precoces no Brasil" foi realizado por Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, e Bruno Ottoni, também do Ibre e da plataforma IDados.
"Dois cenários foram analisados após a aposentadoria: os de profissionais que ganharam menos porque mudaram de emprego e os que reduziram a carga horária e por isso tiveram uma remuneração menor", explica o economista Ottoni sobre a redução de salário identificada.
Segundo estimativas dos economistas que realizaram o estudo, a aposentadoria prematura dos profissionais gera uma perda entre 0,3% e 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro – soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos no País. Em 2014, ano estudado pelos pesquisadores, a perda equivalia a um montante estimado entre R$ 17 bilhões e R$ 40 bilhões.
Reforma previdenciária
Para Ottoni, uma das hipóteses para a aposentadoria precoce crescer no Brasil é o medo de alterações nas regras da Previdência. "Temos evidências de que houve aumento de pedidos de aposentadorias após 2016, mas ainda não há dados que corroborem como as pessoas ficaram receosas com as mudanças ", afirma Ottoni.
Um levantamento feito por Rogério Nagamine Costanzi e Graziela Ansiliero, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta que grande parte dos brasileiros que se aposenta antes dos 60 anos e continua no mercado de trabalho vem das classes mais altas da sociedade. Em 2014, eles identificaram que 86,3% das aposentadorias foram concedidas para pessoas com menos de 60 anos de idade.
No total, havia quase 1 milhão de aposentados que continuavam ocupados na faixa etária de 45 a 59 anos para homens e 45 a 54 anos para mulheres em 2014. Entre todos eles, 78% pertenciam ao grupo dos 30% mais ricos do país.
Maior empregabilidade
"As empresas reservam boas oportunidades para quem tem experiência e boa qualificação, principalmente para quem tem mais idade. E, infelizmente, no Brasil essa realidade é muito mais próxima das classes média e alta", explica Luiz Wever, CEO da Odgers Berndtson Brasil, empresa de recrutamento e seleção.
Para Wever, existem algumas maneiras de tentar manter a empregabilidade e evitar a redução de salário após a aposentadoria:
- Fazer cursos gratuitos disponibilizados pela internet;
- Utilizar as redes sociais para aumentar sua rede de contatos;
- Descobrir outros talentos além da carreira principal;
- Juntar-se a colegas para criar produtos e serviços;
- Participar de palestras e workshops sobre carreira e empreendedorismo.
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