Uma dica para envelhecer com mais qualidade de vida no Brasil pode ser a de botar o pé na areia. É o que mostra o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), que estabelece um ranking inédito das melhores cidades do país para as pessoas que têm 60 anos ou mais.

Afinal, três das quatro primeiras colocadas da lista – Santos (1ª), Florianópolis (2ª) e Niterói (4ª) – são litorâneas, sendo que Porto Alegre ficou em terceiro lugar.

Embora a proximidade do mar não assegure qualidade de vida, como reforça Wesley Mendes-Da-Silva, coordenador acadêmico da FGV/EAESP, desenvolvedora do IDL, as cidades do litoral possuem características que favorecem atividades ao ar livre e ações sociais contributivas.

Leia a entrevista completa aqui.

“O ar é mais puro e, em termos de segurança, os habitantes se sentem menos vulneráveis ao desfrutar do espaço urbano”

“Em geral, a topografia desses municípios facilita a mobilidade das pessoas mais velhas, que costumam caminhar pela orla”, diz Roberta Consentino Kronka Mülfarth, 46 anos, professora-doutora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de são Paulo (FAU-USP). “O ar é mais puro e, em termos de segurança, os habitantes se sentem menos vulneráveis ao desfrutar do espaço urbano.”

O IDL foi resultado de um trabalho de um ano, desenvolvido pela FGV/EAESP para o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon. Foram considerados mais de 60 indicadores relacionados à qualidade de vida em 498 municípios, entre eles número de instituições de longa permanência, nível de pobreza entre os idosos, qualidade hospitalar e acesso a atividades recreativas.

“Santos atrai pelo lazer e pelo clima”

Santos, a líder do ranking, destaca-se sobretudo pela saúde financeira – o percentual de população de baixa renda é baixo, e o PIB local tem valores significativos. Nesse cenário, a cidade está na ponta no que diz respeito ao número de idosos com planos privados de saúde. Também chamam a atenção, no quesito cultura e engajamento, as quantidades de cinemas e de planos de TV por assinatura no município.


Só quem participa do grupo de Whatsapp do Instituto de Longevidade recebe os melhores conteúdos informativos. Clique aqui e faça parte!


A alta parcela de idosos da população santista, por sua vez, impacta a ampliação da oferta de condomínios residenciais para esse público, bem como a existência de instituições para longa permanência e o número de casamentos de pessoas de 60 anos ou mais. Em contrapartida, a desigualdade na distribuição de renda deve ser considerada por aqueles que pensam em adotar o maior jardim de praia do mundo, com 5.300 metros de extensão, como quintal para os dias de aposentadoria.

“A cidade também é marcada por seus elementos históricos significantes, como o Museu do Café, referência na trajetória da bebida no Brasil”, afirma a arquiteta Maria Luisa Trindade Bestetti, 57 anos, professora-doutora do curso de gerontologia da Universidade de São Paulo.

Ela lembra ainda que, nos últimos anos, houve melhorias na orla de Santos que contam a favor do aproveitamento do espaço urbano, caso da remodelação de quiosques do calçadão, da troca da iluminação e da instalação de câmeras de vigilância e novos sanitários públicos. “A cidade atrai pelo lazer e pelo clima.”

“[Em Florianópolis], a tranquilidade é maior, e o custo de vida, menor, na comparação com grandes centros”

Em Florianópolis, segunda colocada do ranking do IDL, a parcela da população de baixa renda também é pequena. Os idosos que vivem na capital catarinense possuem rendimentos que a colocam entre as melhores grandes cidades brasileiras nesse quesito. Outro diferencial positivo da cidade é o acesso a serviços de internet e TV por assinatura. O número de usuários de planos privados de saúde, no entanto, deixa a desejar.


Sua cidade está preparada para o envelhecimento da população? Milhares de pessoas já participaram da nossa pesquisa. Clique aqui e participe você também.


Natural de Porto Alegre, a professora da USP conhece bem “Floripa” – e diz que pretende se mudar para lá quando se aposentar. “A tranquilidade é maior, e o custo de vida, menor, na comparação com grandes centros”, aponta. “Como se trata de uma região muito industrializada, os habitantes podem consumir os produtos locais, desde tecidos até alimentos. Além disso, a estrutura preparada para atender uma população flutuante sazonal de veraneio beneficia também os residentes permanentes.”

A fluminense Niterói, que possui a ponte com o maior vão em viga reta contínua do mundo e despontou como ponto de apoio à produção de petróleo, aparece em quarto lugar no ranking do IDL, impulsionada pelo número de médicos por habitante – o maior entre as 150 maiores cidades do Brasil – e pela quantidade de leitos para internação – 4º lugar de destaque no país. A má distribuição de renda e a violência no trânsito são aspectos negativos do município.


O Instituto está fazendo uma pesquisa e quer saber a sua opinião: sua cidade está preparada para o seu envelhecimento?

Compartilhe com seus amigos