A crise do coronavírus está afetando pessoas de todas as idades: dos mais jovens aos mais velhos. No entanto, entender o que está acontecendo ainda pode ser um desafio para alguns, principalmente para as crianças. 

Acostumadas com uma rotina certa, agora elas estão longe da escola, dos amigos e da família, e precisam se habituar a passar o dia todo em casa. Por causa disso, muitas famílias precisam pensar em uma nova forma de organização para se dividir entre trabalho e atividades para os pequenos. 

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De acordo com Lucimeire Costa, diretora pedagógica da escola de educação infantil Favinho e Mel, é preciso acolher as crianças durante o período de quarentena e garantir um equilíbrio emocional frente a todas essas mudanças. 

E a melhor forma de fazer isso? Por meio de brincadeiras e de diálogos que permitam que as crianças se expressem livremente. “Brincando, as crianças desbravam o mundo e reinventam os dias”, afirma a diretora pedagógica. 

Brincadeiras para as crianças

“Como pedagoga e estudiosa das infâncias, gosto de lembrar que as brincadeiras mais simples são sempre as mais prazerosas”, explica Lucimeire. Brincadeiras com rimas, jogos de adivinhação, recitar parlendas ou cantar cantigas tradicionais da infância são exemplos que podem ajudar a entreter os pequenos. 

Desenhar e pintar também são opções para as crianças e que podem ser feitas em conjunto com outros membros da família. Por exemplo, a criança pode começar o desenho, enquanto a mãe termina, e vice-versa. Para a pedagoga, pode ser uma forma de criarem algo juntos.

Caixas também podem virar ótimos brinquedos e estimular a imaginação. Podem ser de diferentes tamanhos, formatos e materiais, como papelão. “As crianças podem empilhar as caixas, criar castelos, maquetes e transformá-las no que vier à imaginação”, comenta.

criançasCrédito: fizkes/shutterstock

Se houver mais espaço em casa, brincadeiras mais tradicionais, como rodar pião, rodar bambolê, plantar bananeira, passar o anel e seu mestre mandou podem ganhar a vez. E se você tiver um quintal ou uma varanda em casa, pular corda, jogar bola ou pular amarelinha podem garantir bons momentos e ainda fortalecer o corpo com exercícios físicos.

Lucimeire recomenda apenas deixar o domínio da brincadeira com a criança, e não com o adulto. “As crianças têm o direito de refazer as regras, de parar o jogo no meio e de virar o tabuleiro. São crianças, estão aprendendo. Estão diante, nesses casos, de frustrações. Se nós, adultos, temos uma elaboração para conseguir lidar com nossas frustrações, imagine as crianças”.

Se isso acontecer, Lucimeire diz que o melhor é deixar a criança “virar o tabuleiro” e depois conversar com ela, mas sem impor regras. A partir disso, podem recomeçar a brincadeira.

Músicas e histórias on-line para todos os gostos

Além das brincadeiras, as crianças também podem se divertir com músicas e histórias na internet. Lucimeire dá alguns exemplos que podem ajudar a entreter a criançada.

Instagram da Favinho e Mel está com uma programação cultural de segunda a sexta, sempre às 14h30. Os professores entram ao vivo para interagir e brincar com as crianças, com muita música, contação de histórias e até mesmo brincadeiras com Ciências. 

O grupo Grandes Músicos para Pequenos também disponibilizou todos os seus espetáculos em seu canal no YouTube. Lá, podem ser encontradas versões de músicas de Raul Seixas e Milton Nascimento, sempre voltadas para os pequenos.

Em relação aos canais de música, Lucimeire cita os grupos TiquequêPalavra Cantada e Crianceiras, e o músico Hélio Ziz. “São artistas que produzem pensando na inteligência das crianças e no que há de melhor para oferecer a elas”.

Hora dos estudos

Para os estudos, Lucimeire aponta que o mais importante é estabelecer uma nova rotina. Isso significa programar horários para que a criança possa estudar, como também se alimentar, brincar, descansar e até “curtir uma preguicinha”. 

Se a criança já for mais velha, é interessante estabelecer momentos em que ela possa estudar algumas matérias, como Matemática ou Língua Portuguesa. Ela pode fazer exercícios que foram passados pelos professores, ler os livros didáticos ou fazer uma pesquisa sobre o assunto abordado. 

“Para estabelecer uma rotina de estudos, é preciso criar essa agenda”, explica a pedagoga. Por exemplo, a criança pode se dedicar a uma matéria por dia ou dividir as horas de um único dia entre várias matérias diferentes. O importante é que ela chegue ao final da semana com os estudos cumpridos e as atividades feitas.

E essa organização também pode beneficiar a rotina de trabalho dos pais e das mães, que nem sempre podem parar para dar atenção aos filhos. Nesse momento, o essencial para Lucimeire é estabelecer um diálogo claro e se mostrar como um exemplo: “Agora é o meu momento de ir para uma reunião, por isso vou para a frente do meu computador. E você? O que vai fazer agora?”.

E quanto à rotina das crianças pequenas?

Para as crianças menores, uma boa ideia pode ser tentar manter a rotina que elas tinham antes da quarentena. “Na Favinho e Mel, por exemplo, nós temos o projeto Vai e vem, em que as crianças a partir dos dois anos podem escolher um livro de literatura e levar para casa para ler no final de semana”. Uma forma de restabelecer essa atividade é criando uma nova dinâmica com os pais e as mães por meio de uma leitura conjunta com os filhos.

Outra dica da pedagoga é analisar bem os horários das brincadeiras. Nas creches, muitas crianças têm um horário reservado para fazer pinturas com tintas guache. Nesse caso, é bom lembrar que as tintas sujam bastante e que depois da brincadeira um banho pode ser muito bem-vindo. Então é preciso analisar: qual o melhor horário para brincar e tomar banho? De manhã, porque faz menos frio, ou à tarde, quando há mais tempo?

Muitas escolas de educação infantil estão enviando materiais para ajudar as famílias na hora de pensar em atividades para que os pequenos não saiam muito da rotina. “Na Favinho e Mel, os professores e equipe de comunicação organizaram uma série de eBooks com sugestões de atividades, brincadeiras e experimentos de acordo com as idades das crianças”, conta Lucimeire. “Ele serve como um acervo de brincadeiras para a família e pode ajudar aqueles que já esgotaram todas as possibilidades de atividades”.

O que fazer quando a criança se sente ansiosa por causa da quarentena

De acordo com Lucimeire, pode ser que, apesar de tudo isso, a criança se sinta desconfortável emocionalmente. Além de não sair de casa, ela sente falta das pessoas que fazem parte do seu cotidiano e até de coisas simples, como o trajeto percorrido até a escola. “O momento, então, é o de acolhimento: conversar e dizer que também sente o mesmo”. Ao mesmo tempo, tranquilizar e cuidar: “Nós estamos aqui, papai e mamãe vão cuidar de você. Vamos ligar para a vovó, vamos ver se o vovô também está com saudades”.

Pode ser que você precise explicar a ela diariamente o que está acontecendo. A pedagoga conta que, mesmo que você tenha falado sobre isso ontem, fale hoje de novo se a criança mostrar insegurança. “A criança precisa de mais tempo que os adultos para elaborar e construir esse novo conhecimento. Ela precisa fazer perguntas e interrogar”, comenta. “O que há por trás de uma birra? Pode ser sono, fome, frustração, dúvida, medo ou ansiedade. Então não julgue a criança antes dessa conversa”.

Algo que pode ajudar a amenizar o momento é falar sobre aquilo que desejam fazer quando o isolamento terminar: “Quando sairmos, vamos encontrar nossos amigos, abraçá-los e fazer festas”. 

Outra dica é tentar se comunicar com os vizinhos (sem usar o telefone ou computador), principalmente se eles também tiverem crianças em casa. Se você mora em um condomínio, pode tentar comemorar aniversários pelas janelas, por exemplo. Ou seja, “tudo isso que possa nos unir e nos conectar neste momento”, diz a pedagoga. “Está tudo muito pesado, então quanto mais leveza conseguirmos trazer para esta quarentena, melhor”.


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