“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.” Clássicos como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, encantam gerações desde a primeira sentença. E se ela foi capaz de despertar em você a vontade de ler, anime-se. Esse é apenas um dos milhões de livros gratuitos na internet.
Machado de Assis? Sim, há a obra completa do autor. Eça de Queiróz? Tem também – e não apenas “O Primo Basílio” e “O Crime do Padre Amaro”. Fernando Pessoa? Está na internet, assim como seus heterônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Amantes de literatura estrangeira também vão encontrar uma infinidade de opções em português. Há desde alemães como Johann Wolfgang von Goethe (“Fausto”), passando por ingleses como William Shakespeare (“O Mercador de Veneza”), até franceses como Honoré de Balzac (“O Elixir da Longa Vida”).
Se você também trafega bem por outros idiomas, a lista de possibilidades aumenta. Especialmente para quem domina o inglês.
Domínio público
Como é que tantos clássicos são disponibilizados gratuitamente na internet? Porque eles já se encontram em domínio público no Brasil. Pela Lei nº 9.610, de 1998, depois de 70 anos da morte do autor (contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte), cessam os direitos patrimoniais.
As condições, no entanto, variam conforme o país. Em geral, as legislações nacionais preveem prazos que giram entre 50 e 70 anos após a morte do autor.
Novidades em 2019
Em 2019, um dos mais célebres autores brasileiros terá suas obras em domínio público: Monteiro Lobato. O autor de “Sítio do Pica-Pau Amarelo” – uma ótima opção para ler com os netos – também escreveu obras destinadas ao público adulto, como “Urupês”, “Cidades Mortas” e “Ideias de Jeca Tatu”.
Nos EUA, a lista de obras que poderá ser disponibilizada gratuitamente, sem ferir direitos autorais, passa por Khalil Gibran (“O Profeta”) e Sigmund Freud (“O Ego e o ID). Há ainda um conto de Virginia Woolf (“Mrs. Dalloway in Bond Street”) e uma peça de George Bernard Shaw (“Saint Joan”).
Onde encontrar livros gratuitos na internet
No Brasil, há alguns portais que reúnem obras de autores consagrados. Um dos principais é o Portal Domínio Público, iniciativa do Ministério da Educação (MEC) lançada em 2004. Há textos, vídeos, sons e imagens – e não só em língua portuguesa. No caso de livros, eles podem ser baixados em formato PDF.
A vida e a obra de Machado de Assis estão disponíveis graças a uma parceria do Domínio Público com o Núcleo de Pesquisa em Informática, Literatura e Linguística, da Universidade Federal de Santa Catarina. Romances, contos, poesias e críticas, entre outros, podem ser baixados gratuitamente, também em PDF.
Já no acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), há história, literatura, arte e cultura brasileira em geral. O acervo é constituído por livros, folhetos, periódicos, mapas, manuscritos, gravuras etc.
A Amazon também disponibiliza obras gratuitamente, como “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, e “Somos o Brasil”, de Nelson Rodrigues, entre outras. Para ter acesso aos livros, é preciso fazer cadastro.
O Arquivo Público do Estado de São Paulo conta com publicações técnicas e revistas, além de e-books. Na Biblioteca Digital de Obras Raras, Especiais e Documentação Histórica da USP (Universidade de São Paulo), é possível ter acesso a jornais, livros, imagens e revistas, entre outros.
Com obras em português e espanhol, a Biblioteca Digital del Patrimonio Iberoamericano reúne coleções de 17 países. Há inclusive material do Brasil – por meio da Biblioteca Nacional Digital, que congrega 1,8 milhão de documentos de livre acesso – e de Portugal.
Para quem domina o inglês, há milhares de livros do Project Gutemberg. A maior parte das obras está no idioma de Shakespeare, mas há também as escritas em outro idiomas, como o português. Também em inglês, a Bibliomania traz livros e entrevistas e a Open Library reúne uma coleção de títulos como romances, biografias e até cadernos de receitas.
E já que você está no portal do Instituto de Longevidade, aproveite para ler “O que Você Vai Ser Quando Envelhecer?”. A obra, escrita pela jornalista Lena Obst, foi lançada pela Editora Unisul, com apoio do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e da Quanta Previdência Unicred.
Precauções
No afã de ter acesso a essa farta coleção de livros gratuitos na internet, é preciso ter cuidado. A exposição continuada à tela do computador, do tablet ou do leitor digital pode impactar a saúde ocular de muitas formas. “O primeiro problema para quem passa muitas horas por dia diante desses equipamentos é uma redução significativa na produção de lágrimas. Com o tempo, a visão fica estressada”, relata o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos.
Mesmo que temporariamente, segundo o médico, a pessoa percebe imagens com pouca definição, meio sem foco e borradas, resultado da pouca lubrificação ocular. “Além disso, episódios de dor de cabeça e enxaqueca podem se tornar mais frequentes.”
O ideal é não passar mais de duas horas lendo um livro na tela de um aparelho. Quem tem de ficar mais tempo pode usar óculos que filtrem a luz azul dos aparelhos eletrônicos e fazer pausas constantes para lubrificar os olhos, piscando mais e olhando mais vezes para o horizonte, de acordo com o oftalmologista.
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