Já dizia Mário Quintana: “O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado”. Não é à toa que, em qualquer fase da vida, especialmente naquelas em que momentos de solidão predominam, ter um livro nas mãos é essencial. E a importância da leitura após os 60 anos pode ser ainda maior.

Segundo Andrea Prates, médica, gerontóloga e consultora em longevidade, ler amplia a visão do mundo, faz refletir e leva para outros universos, por isso é tão maravilhoso. “Ela vai expandindo nossos interesses e aumentando a nossa curiosidade sobre as coisas. Então, para todas as pessoas, acho que é relevante. E acho que para as pessoas adultas e idosas, ela ainda é mais essencial porque vai atuar bastante na reserva cognitiva”.

Ela afirma que para os idosos, ler  faz com que as pessoas se sintam e se mantenham mais atualizadas. “A importância da leitura após os 60 anos é que ela ajuda os leitores a terem uma percepção muito melhor da vida ao redor. Ou seja, dos movimentos sociais, políticos e econômicos. A pessoa fica mais por dentro da vida em sociedade. Acho que há uma melhora geral também na comunicação oral, na escrita, no estímulo à imaginação e criatividade”, diz.

E será que existe uma idade limite para adquirir o gosto pela leitura? Ou quem não costumava ler até a terceira idade dificilmente conseguirá adquirir esse hábito?

Leitura após os 60 anos pode ser fascinante

Para Valquíria Silva, 63 anos, é possível aprender a gostar de ler a qualquer tempo da vida, basta encontrar assuntos que façam sentido e despertem o interesse. “Eu, por exemplo, não gostava de ler. Me dava sono, não tinha um pingo de paciência. Mas me tornei espírita e aí precisava aprender mais através das leituras. Comecei com alguns romances e, para minha surpresa, foi uma delícia. Cheguei a dormir de madrugada porque a leitura me prendeu a atenção e eu queria ler desesperadamente”, conta.

Começar com romances é, aliás, a sugestão de Valquíria para quem quer iniciar a leitura após os 60 anos ou ainda não tem o hábito de ler. “O que acontece é que, quando você está lendo um romance, parece que você entra dentro da história! Fica uma coisa super fascinante! E a verdade é que com um livro você não se sente solitário. Além disso, na nossa idade, a gente precisa estar sempre exercitando a memória, porque depois que você passa dos 60, a coisa meio que dá uma complicadinha. E o livro me ajudou muito nisso”, diz ela.

Valquíria Silva, 63 anos, uma das entrevistadas da matéria sobre leitura após os 60 anos. Crédito: Valquíria Silva, de 63 anos/Arquivo pessoal

Clubes do livro ajudam a manter o ritmo da leitura após os 60

No caso de Maria Emilia Franco de Almeida, a Mila, de 78 anos, os livros sempre foram bons companheiros. Socióloga, ela sempre leu muito e manteve esse hábito por toda vida. Há dois anos, decidiu entrar em um clube do livro: O Leia Mulheres, de Petrópolis (RJ).

“Eu acredito que ler um livro é sinal de libertação e triunfo pessoal, uma demonstração das infinitas possibilidades da alma e imaginação humanas. Estou lendo no momento “O filho de mil homens”, de Valter Hugo. Depois quero ler Jane Eyre”, conta.

Maria Emilia Franco de Almeida, a Mila, de 78 anos, uma das entrevistadas da matéria sobre leitura após os 60 anos. Crédito: Maria Emilia Franco de Almeida, a Mila, de 78 anos/Arquivo pessoal

No clube Leia Mulheres, Mila conta que os participantes leem um livro por mês, cujo título  é votado diante de uma lista de preferências. O encontro para discutir a leitura acontece na primeira quarta-feira de cada mês. 

“Aconselho qualquer um a ler, especialmente nessa fase da vida. Leia que a alma cresce de amplitude e acalenta dias melhores. Você aprende a indagar, questionar e crescer”, reflete.

O clube Leia Mulheres faz parte de uma iniciativa nacional, que atua em todos os estados brasileiros. Petrópolis foi a 29ª cidade a integrar o clube, que funciona há seis anos. Vale a pena procurar clubes similares que atuam presencialmente ou online, pois eles ajudam a criar o hábito de ler com constância.

Livros impressos, digitais ou audiobooks?

Além das vantagens já mencionadas, a leitura após os 60 anos pode gerar ainda mais resultados de acordo com a escolha do formato do livro. Segundo a gerontóloga Andrea Prates, qualquer livro, seja na versão física ou digital, é muito bom, mas cada um tem benefícios específicos.

“Se a gente pensa nos livros físicos, por exemplo, eles favorecem o tato, a força, porque nós temos que segurar o livro. Existe um movimento, o movimento fino das mãos quando a gente vai virar as páginas, além do fato de que a sensação dos livros nas mãos nos remete para outras memórias. Já os livros digitais também são muito bons porque eles nos ajudam na familiarização com as novas tecnologias”, diz.

Outra alternativa são os audiobooks, que podem ajudar quem já não tem uma visão tão aguçada e precisa de um auxílio para continuar no mundo da leitura. Além disso, contribuem para o aumento da concentração e podem ser ouvidos em qualquer lugar.

De forma geral, a gerontóloga acredita que a leitura acaba promovendo bem-estar e melhorando a qualidade de vida. 

“Um ponto importante é ter acesso a bons conteúdos, porque vemos leituras que não trazem tanta informação ou até trazem informação equivocada que nos distancia da realidade”, orienta.

Quer estimular a leitura após os 60? Confira alguns links úteis

Clubes do livro

Podcasts

Ebooks e audiobooks gratuitos


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