Um estudo recente revelou que a população LGBTQIAPN+ com mais de 50 anos enfrenta significativas dificuldades no acesso aos serviços de saúde. A pesquisa foi intitulada “Transformando o invisível em visível: disparidades no acesso à saúde em idosos LGBTs”. Ela destacou que mais da metade dos entrevistados sente que os profissionais de saúde não estão preparados para lidar com suas necessidades específicas.
O estudo foi realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, USP e Universidade de São Caetano do Sul. Nele, 6.693 pessoas foram entrevistou, das quais 1.332 se identificaram como LGBTQIAPN+. Entre os principais obstáculos relatados, está a falta de um atendimento humanizado e acolhedor.
Esse tipo de contudo é crucial para evidenciar os desafios que esta população enfrenta. Um luta, não apenas o envelhecimento, mas também a discriminação por sua orientação sexual e identidade de gênero.
O impacto étnico-racial se torna ainda mais significativo
Dados do levantamento revelaram diferenças ainda maiores entre grupos étnico-raciais dentro da comunidade LGBTQIAPN+. Apenas 17% das pessoas cisgêneras e heterossexuais brancas relataram dificuldades no acesso à saúde. O número, porém, saltou para 41% entre a população negra LGBTQIAPN+. Essas disparidades destacam as barreiras enfrentadas pela população LGBTQIAPN+ idosa em vários aspectos.
Outro ponto apontado pelo estudo foi a desconfiança generalizada na prestação de serviços de saúde. Fato que acontece, especialmente, entre minorias étnicas e a comunidade LGBTQIAPN+. A pesquisa mostrou que 86% dos entrevistados LGBTQIAPN+ tiveram pelo menos uma experiência negativa com atendimento médico. Um número alarmante que contrasta com os 77% na população em geral.
A luta das pessoas trans em busca pelo envelhecimento
A trajetória das pessoas trans no Brasil é marcada por desafios ainda maiores. A expectativa de vida média de uma pessoa trans no país é de apenas 35 anos. Este número, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), reflete a dura realidade enfrentada por essa comunidade. Nela, estão presentes violência, discriminação e acesso limitado a serviços essenciais, como saúde.
Indianarae Siqueira e Laerte Coutinho, figuras de alta representatividade para a população LGBTQIAPN+ com mais de 50 anos
Indianarae Siqueira, de 53 anos, é uma figura proeminente na luta pelos direitos das pessoas trans no Brasil. Seu ativismo começou na década de 1980. Ela fundou o grupo de travestis Filadélfia e foi pioneira na exigência do uso do nome social em prontuários médicos. O que representa um avanço significativo na humanização do atendimento à população trans.
Em seu trabalho, ajudou prostitutas na Suíça e denunciou redes de tráfico humano na França, apesar das dificuldades, incluindo sua prisão. No Brasil, criou a Casa Nem, um abrigo para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade. Hoje, o espaço abriga mais de 50 pessoas, oferecendo um ambiente seguro e digno.
Em 2022, Indianarae alcançou um marco importante ao retificar seus documentos para incluir o gênero não-binário. Com isso, foi uma das primeiras brasileiras a conseguir o feito. Sua trajetória de luta e conquistas é uma inspiração, demonstrando que é possível envelhecer com dignidade e continuar a lutar pelos direitos das pessoas trans. Indianarae continua a ser uma voz poderosa e um exemplo de resiliência para futuras gerações.
Laerte Coutinho, renomada cartunista brasileira, iniciou sua transição de gênero aos 58 anos, já com uma carreira consolidada. Conhecida por personagens como Hugo, que se transforma em Muriel nas tirinhas, Laerte usou seu trabalho para explorar e expressar suas inquietações sobre identidade de gênero. Sua transição influenciou profundamente suas obras, que passaram a incorporar elementos autobiográficos e reflexões filosóficas sobre a experiência trans.
Laerte destaca que teve menos dificuldades em sua transição devido ao apoio de amigos, família e colegas de trabalho, um privilégio que muitas pessoas trans não têm. Em suas entrevistas, ela reconhece o papel fundamental de redes de apoio e a importância de visibilidade e representatividade para a comunidade trans.
Crédito: michaelheim/Shutterstock
A representatividade das população LGBTQIAPN+ com mais de 50 anos e a luta por direitos
A falta de visibilidade das pessoas trans na velhice contribui para seu isolamento e invisibilidade. Projetos como a websérie "LGBT+60: Corpos que Resistem", dirigida por Yuri Alves Fernandes, são essenciais para mudar essa narrativa. A série destaca histórias de resiliência e superação, mostrando que é possível envelhecer com dignidade e orgulho, mesmo enfrentando inúmeras adversidades.
Yuri Alves Fernandes, ao abordar a falta de representatividade na mídia, ressalta a importância de mostrar a velhice trans de maneira positiva. Seu trabalho reflete uma esperança renovada e um compromisso com a construção de um futuro mais inclusivo e justo para todas as pessoas LGBTQIAPN+.
Perspectivas para o futuro da população LGBTQIAPN+ com mais de 50 anos
A luta das pessoas trans pelo acesso à saúde e pelos direitos na velhice é uma batalha contínua. A mudança depende não apenas de políticas públicas inclusivas, mas também de uma sociedade mais informada e empática. Ativistas como Indianarae Siqueira e artistas como Laerte Coutinho são exemplos de resistência e pioneirismo, inspirando futuras gerações a continuar essa luta.
A visibilidade das experiências trans na velhice é crucial para garantir que todos, independentemente de sua identidade de gênero, possam envelhecer com dignidade, respeito e acesso pleno aos cuidados de saúde. Através de iniciativas culturais e estudos acadêmicos, espera-se promover uma mudança estrutural que reconheça e valorize a diversidade e as necessidades específicas da população trans.
Sim, é possível cuidar da sua saúde da população LGBTQIAPN+ com mais de 50 anos! Com o Programa de Benefícios ViverMais, você pode ter acesso a uma série de vantagens que vão ajudar a manter sua saúde em dia e reduzir gastos com despesas médicas. Tenha acesso a descontos em medicamentos, seguro de vida, teleconsulta, entre outros serviços exclusivos.
Saiba mais sobre o Programa de Benefícios ViverMais e descubra como ele pode fazer a diferença na sua vida.
Leia também:
Para Laerte, preconceito ao se assumir é maior após os 50
Dia do Orgulho LGBTQIA+: uma história de luta contra o preconceito e a violência
Envelhecimento LGBTQIA+ no Brasil: desafios e caminhos em busca de longevidade