Além do isolamento, o que mais você alterou no seu dia a dia? Houve alguma mudança de hábitos? Se você respondeu afirmativamente a essa última questão, saiba que não está só: a maior parte dos brasileiros mudou a rotina e pretende manter essas inovações mesmo quando não houver mais ameaça do novo coronavírus 

É o que mostra um estudo da Toluna, empresa que trabalha com pesquisas qualitativas e quantitativas digitais, com 1.052 pessoas em todas as regiões do país.  Higienizar os produtos que entram em casa (59,5%), cozinhar (49,6%), fazer cursos on-line (43%) e ir ao mercado ou à farmácia somente quando for extremamente necessário (40,6%) são as alterações provocadas pela pandemia que devem permanecer na agenda dos brasileiros. A pesquisa, realizada de 8 a 10 de maio, tem 3% de margem de erro e 95% de margem de confiança. 

O que mais chama a atenção nos dados é a “valorização do essencial em todas as esferas”, segundo Luca Bon, diretor-geral da Toluna para a América Latina. “Foram o medo e a vulnerabilidade iminentes que operaram como um despertador, acordando brasileiros anestesiados em relação às várias áreas de suas vidas”, avalia o executivo, acrescentando que, no país, as pessoas mostraram resiliência e rapidez na mudança de hábitos para se adequar às novas circunstâncias. 

Outro dado avaliado foi o aumento no número de acidentes domésticos. Por estarem mais tempo em casa, as pessoas estão mais suscetíveis a sofrerem imprevistos, ainda mais para quem tem mais de 60 anos.

A empresária Carla Foschini, 30 anos, foi uma das pessoas que incorporaram novos comportamentos, como fazer cursos pela internet, mas não só isso. O dia a dia passou por uma transformação, na qual ela dedicou mais tempo a si mesma. A começar pela primeira refeição do dia: “Tomo café com calma e não olho o celular. Não são 20 minutos que vão fazer diferença”. 

Nessa parte de manhã, quando a procura dos clientes é mais baixa, ela também incluiu leitura e meditação guiada – “sempre fui uma pessoa muito agitada”. Antes, diz ela, corria para o escritório e tinha uma rotina estabelecida, mas não consigo própria. “Começo o dia mais feliz e, ao mesmo tempo, mais serena”, comemora. 

Ainda na vida pessoal, abriu espaço para o café da tarde com o irmão: às 15h, eles param para a dose vespertina de cafeína e bate-papo. Terminado o descanso, volta para o trabalho e finaliza o dia às 20h, quando abre uma planilha para lançar os gastos que fez. Às sextas, depois do corre-corre profissional, prepara uma espécie de happy hour com o bebê de um primo, seu vizinho. 

“A pandemia me trouxe mais coisas positivas do que negativas. Foi um período para olhar para dentro”, reflete Carla. O que, de tudo isso, continua no pós-pandemia? “Acho que vai ficar tudo: a organização e o autocuidado.” 

Para Bon, comportamentos relacionados à saúde, incluindo limpeza ampliada, alimentação mais nutritiva e exercícios em casa, tendem a permanecer. “Trata-se de um conjunto de novos hábitos bastante disruptivo, se compararmos a como era antes da pandemia.” 

Mudança de hábitos: pesquisa mostra o que os brasileiros querem manter no pós-pandemia

Mudança de hábitos no pós-pandemia 

A pesquisa da Toluna mostrou ainda que 63,6% das pessoas acreditam que o trabalho remoto deva permanecer, assim como a educação a distância (58%), a procura contínua por conhecimentos (57%), os novos modelos de negócio para restaurantes (54,3%) e a revisão de crenças e valores (49,6%). “A busca por novos conhecimentos para se atualizar e para se divertir [está] agradando mais do que esperado”, afirma Bon, que diz acreditar que o home office, “que virou do avesso as cabeças e vidas dos trabalhadores e de suas famílias”, também parece ter vindo para ficar. 

Você também pode aproveitar esse momento para realizar aqueles pequenos reparos no lar que, por vezes, acabam por oferecer algum risco, principalmente às pessoas mais velhas. Um tapete com a ponta virada, um fio solto pelo chão, um móvel fora de lugar, um desnível no piso, tudo isso pode aumentar as chances de tropeços e quedas. 

Esse novo olhar para crenças e valores chegou de diversas formas para os brasileiros. Uns buscaram na espiritualidade maneiras diferentes de ver o mundo, outros valorizaram a conexão com o outro. E a jornalista Tatiane Ribeiro, 35 anos, revisitou emoções que faziam parte de sua vida desde a infância, incluindo o medo (seu e de sua mãe) de cachorro. “Eu ficava receosa. Achava que [o animal] ia me morder.” 

No fim do ano passado, ela já havia tentado se aproximar de cães, no local onde trabalhava. Quando, na pandemia, um de seus irmãos recusou um cachorro que seria dado pelo pai, ela tomou a dianteira: “Eu quero”.  

Foi assim que, morando com a mãe e outro irmão, levou mais um integrante à residência em abril – uma filhote mestiça que recebeu o nome de Cheetara, em homenagem a uma personagem de desenho animado. “Com a pandemia, estando na casa da minha mãe, vi que era o momento ideal, porque havia começado a perder o medo. E ia poder cuidar.” 

Tatiane é só elogios ao falar da cadelinha: inteligente, sociável, carinhosa, companheira. “Mudou a energia de casa”, diz ela. E completa: “Foi uma transformação”. A mãe, de 58 anos, que também tinha medo, agora adora, “brinca e até conversa” com Cheetara. 

Outras pessoas, assim como a jornalista, mostraram interesse pela adoção de um cachorro durante a pandemia. Prova disso são as buscas no Google pelo termo “adoção cachorro” nos últimos meses. Em abril, no segundo mês de isolamento social, a procura deu um salto, sinalizando o interesse de famílias em mudança de hábitos quando se trata de um animal de estimação. 

 


Fonte: Google

Entretenimento e cultura 

Ao mesmo tempo em que as famílias incorporam comportamentos e atividades, por outro, também planejam reduções, entre elas os programas sociais. Pela pesquisa realizada pela Toluna, se tudo voltasse a funcionar normalmente, mas sem que houvesse vacina para o novo coronavírus, a maior parte das pessoas não frequentaria shows (62,3%), cinema e teatros (62%), academias (57,5%), eventos esportivos (56%) e clubes (55,2%).   

O executivo, com base nas respostas, diz que ficou perceptível que muitos “mal podiam esperar para sair e ver os amigos, família, tomar um chope, enfim, retomar os hábitos anteriores ao isolamento”. “Alguns locais, como lojas e comércios, salão de cabeleireiro, táxi ou carro de app, além de casa de amigos, são os que, segundo a pesquisa, as pessoas voltariam a frequentar mais rapidamente”, afirma Bon. 

Mas locais que concentram um maior número de pessoas precisarão rever seus protocolos. “Lugares como shows de música, eventos esportivos, clubes e academias, se não pensarem em medidas bem seguras, terão mais dificuldade em recuperar os clientes novamente.”  


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