O uso excessivo de celulares e outras telas tem se tornado um desafio para pessoas de todas as idades, mas um grupo que chama atenção é o de idosos com vício em telas. Esse comportamento, que pode parecer inofensivo, está impactando negativamente a saúde mental e os relacionamentos dessa faixa etária.
Segundo estudos, como o realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a dependência de telas está ligada a problemas como estresse, depressão e ansiedade. Para os idosos, o quadro é ainda mais preocupante, já que muitos já enfrentam isolamento social antes mesmo de desenvolverem o vício.
Idosos com vício em telas: o que leva a esse comportamento?
Plataformas de vídeos curtos, como TikTok, Reels e YouTube Shorts, são algumas das principais responsáveis pelo consumo excessivo. Além disso, jogos casuais, como Candy Crush, com mecanismos de recompensa aleatória, também contribuem para o vício.
Rodrigo Machado, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria (IPq), explica que "atecnologia vem para preencher esse buraco de uma vida que está mais esvaziada de atividades e de vínculos sociais". Ele reforça que "aqueleidoso que abusa da tecnologia, muitas vezes já tem sintomas depressivos". Esse comportamento, no entanto, pode agravar sintomas depressivos e prejudicar a interação social.
Impactos na saúde e no convívio familiar
O uso excessivo de telas não afeta apenas a saúde mental. Ele também interfere no convívio familiar. Cler Guimarães, estudante de psicologia, relata que seu avô, Ocimar, passou a sair menos de casa após descobrir o TikTok. Ocimar contou à neta que gastou todo seu pacote de dados assistindo vídeos no app e agora cogita colocar Wi-Fi em casa. O item, que antes era dispensável, passou a ter grande valor.
Aderbal Vieira Jr., médico da Unifesp, ressalta que o problema não é o celular em si, mas o que se faz com ele. "O problema do celular é que ele tem internet, é um smartphone. Só que ninguém é viciado em celular ou dependente de celular para fazer ligação telefônica", afirma. Ele também destaca a importância de tratar o ambiente familiar. "O paciente é aquela pessoa que foi identificada com aquele problema, mas você tem uma família doente ao redor, às vezes você precisa fazer intervenção também nessa família", aponta.
Crédito: BlurryMe/Shutterstock
Tratamento e redução de danos
O tratamento para idosos com vício em telas envolve terapia cognitiva comportamental e, em alguns casos, acompanhamento multidisciplinar. A ideia é estimular a autorregulação e reintroduzir atividades que foram abandonadas, como leitura, esportes ou hobbies.
Vieira reforça que a família também deve ser envolvida no processo. "Tratar só aquela pessoa que fica dona do problema, que fica identificada com o problema, pode não bastar. É preciso olhar um pouco mais, ter uma visão angular um pouco maior", diz. Ele também sugere a redução de danos. "Se a pessoa pratica esporte, vamos aumentar o tempo de esporte. Se a pessoa gosta de ler, vamos aumentar o tempo de leitura. Se você troca um padrão de uso muito ruim por um padrão de uso mais adequado, você tratou, você progrediu".
Como evitar o vício em telas?
Para prevenir o problema, especialistas recomendam estabelecer limites no uso de dispositivos e buscar atividades offline que promovam interação social e bem-estar. A chave é equilibrar o uso da tecnologia com hábitos saudáveis.
O vício em telas entre idosos é um alerta para a sociedade. Com conscientização e apoio, é possível ajudar essa geração a aproveitar os benefícios da tecnologia sem comprometer a saúde e os relacionamentos.
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